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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

15 de novembro de 2010, essas coisas

Primeiro, antes de tudo, no inicio, havia apenas as janelas. Uma janela que dava a outra janela, que dava a outra janela e assim por diante, sem espaço entre uma e outra, para sempre.tudo é a passagem.

Depois o espaço entre uma janela e outra se fez, e assim nasceram os aposentos. Quando se está em um aposento, agora, você pode pensar que existe, além daquele teu, um infinito de outros aposentos, atrás das janelas. E assim, supondo, você pode imaginar as qualidades de cada um deles, que nasceram sozinhos, que não se conhecem. Do teu aposento, vê uma janela. Abre esta janela e , passando ao outro aposento, a janela já se fecha. Não se pode esta em dois aposentos ao mesmo tempo. E quando lá está, está em casa, está em ti. Ainda existem, ao menos em nossa sugestão, a infinidade de aposentos atrás da infinidade de janelas, mas o infinito fica sempre fora do aposento, sempre fora, de forma que podemos pensá-lo mas nunca experimentá-lo. Ainda assim, é a ideia das janelas é que move o sujeito a continuar a abri-las, para desvendá-las, para experimentar outra caverna.

Nasci na época em que já existiam aposentos. quartos, como costumo dizer. Perdi a conta por quantos estive. Muitos. Sonho. Sonho que posso ver o infinito deles. Fecho os olhos, vejo-o. adivinho em meu corpo os movimentos de quem corre tão rápido de um quarto à outro que se sente lançado por um jato de vento entre coisas jamais vistas: O país das maravilhas. Esquizofrênico,estranhamente sedutor e um bocado hostil. A vida - assim quando se está com os olhos fechados - parece lamber os recantos mais secretos do corpo, e do interior dele ouvimos o eco do infinito que o envolve.

Neste aposento, entre essas quatro paredes, meu corpo de olhos fechados, e o infinito que ele imagina  causando-o câimbras e excitação. Energia sexual violenta, força vital, tudo confluindo com velocidade a um suicídio. O suicídio da inspiração eterna. Quando o pulmão estica, os músculos derretem, e então.... os aposentos desaparecem. Só janelas. Só passagens. Pequenos potes de vida. Prazeres profanos, desqualificados, mortais.