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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

não-atravessar

pensando pelo outro lado, encontro uma possível maneira que se configura como um não-atravessar. uma outra maneira que não é a indiferença (uma maneira possível para não permitir nenhum tipo de atravessamento). eu estive pensando que uma forma para não atravessar é justamente o se pausar no tempo. o congelar da vida e o cravar-se nela.

como fazê-lo? suicidando-se. ora, o suicídio é um pause no tempo. cria um ponto - nevrálgico (é clichê, é sincero) - a partir do qual a vida de quem fica parece girar ao redor. é um tempo que passa e permanece presente. é uma maneira de não ceder como se faz normalmente. é uma maneira de não atravessar só que via atravessamento. via soco, via punch, via soco, via chute e desnorteamento.

especulando em cima de luiz vaz de camões:

Suicídio é louco que te arde e tu não vê;
É um perigo que é só e persistente;
É um carregamento descontente;
É dor que beira a linha do morrer;



É um não querer-se mais de si ausente;
É o solitário a andar por entre as gentes;
É o nunca acostumar-se só contente;
É o cuidado que se ganha ao se perder;



É querer estar livre por vontade;
É servir a quem te vence, ao vencedor;
É ter com quem nos mata a igualdade.



Mas como pode causar tanta dor
E nos corações humanos desespero,
se tão contrário ao fim é ele mesmo
o próprio fim e o meio-termo?