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domingo, 24 de abril de 2011

Especulando a Andréia

Andréia Teixeira tem 24 anos. Mora sozinha no Bairro de Fátima desde que entrou na faculdade, quando numa briga com a mãe decidiu sair de casa. Decidiu cursar gastronomia pelo simples prazer de comer. Na verdade, desde criança achava que podia tampar a sensação de vazio no estomago comendo, pensando ser fome quando, às vezes, era agonia.  Brigou com a mãe por causa dessa escolha. Saiu de Copacabana e foi morar no Bairro de Fátima. A mãe enlouqueceu. Teve poucos amores. Tem mania de solidão e independência. Criou uma independência da família, apesar de manter uma relação amigável e amá-los e visitá-los sempre. Conheceu a Lilla nas aula de Ballet que faziam quando pequenas em num curso em Copacabana, ficaram amigas, assim como suas mães. E cresceram juntas, apesar das escolhas diferentes. A Lilla sabia tudo da vida dela, essas coisas que meninas compartilham, o primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira transa, e os segundos e terceiros e afins. Fizeram o mesmo segundo grau. Lá conheceu o Cecilia e o Inácio. Se aproximou da Cecilia, não porque realmente tinha algo a ver com ela, mas porque a Lilla queria estar com a Cecilia, então juntou-se à ela também. Com o Inácio foi amor à primeira vista, tornaram-se grande amigos. Eram aquela dupla que quer comandar a turma, que fala alto e faz piada com tudo. Criaram uma espécie de grupo, essas coisas que os adolescente fazem para se proteger. A Rita, foi conhecer numa festa da faculdade da Lilla, festa de galera de arte. Enquanto Andréia cortava pepino em rodelas, a Lilla gritava com as tintas. Conheceu Odilon, nem lembra quando, num desses encontros, em que os amigos ficam amigos dos amigos dos amigos. Criaram uma vontade louca de se beijar. E beijaram-se, quase um ano depois. Logo em seguida, brigaram e não falaram mais sobre isso, apesar de continuarem amigos e freqüentarem o mesmo grupo. Achava-o exótico. Espécie de jornalista fracassado que ela curtia. Ao longo da faculdade foi vendo suas preferências, já foi mandada muitas vezes por outros chefes. Teve que cozinhar pratos que não concordava. Percebeu que além de tampar o buraco do estomago, cozinhar era propor experiência. Agora é chefe de um restaurante, e sua especialidade é comida natural. Porque está em alta, e ela não pode escolher muito porque precisa se sustentar. Comanda e manda em 8 homens e 2 mulheres em sua cozinha. Fala o tempo todo para que nada saia do controle. Fora do trabalho só cozinha em ocasiões especiais, como um jantar romântico, ou encontro dos amigos. E sempre ela que cozinha, e detesta quando a Rita tenta se meter. Sua geladeira quase sempre é vazia, mora sozinha e cultiva sua independência e solidão, seu livro preferido é “O velho e o mar” de Hemingway, que fala sobre um pescador, no mar, sozinho, solto, talvez sinta-se como esse homem. Dentre as bebidas, prefere vinho. Pensa nesse vínculo de alimentação com a saúde, não gosta mais de cozinhar frango pela quantidade de hormônios hoje injetados nos bichos, e nem carne bovina, pelo peso que ela faz no estômago. E pensa que a alimentação (ou a má alimentação) acaba sendo uma das responsáveis de grande parte das doenças. Tem acreditado na medicina natural. Leu, recentemente, um Best-seller do Kevin Trudeau chamado “curas naturais que “eles” não querem que você saiba”, é um livro horroroso, mas à fez pensar sobre todo esse sistema. Ela tem dado cursos de gastronomia em comunidades, cada mês em uma.