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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Para Odilon,

Para bater o branco

gasto tempo com nada.
demoro uma vida para abrir o caderno.
resvalo profundo como se o fim tivesse morrido.
percorro a cidade em pensamento.
e em luto profundo, agonizo.
quero correr.
quero roubar.
quero ser música,
mãe,
quero ser música.
pago o aluguel.
ela me pergunta e os amores?
eu silencio profundo,
estou atrasado.
o tempo passando e eu nele junto,
assustado.
os versos se colam.
o dia beija a noite.
a noite o acaricia.
o papel do jornal colado à sacola plástica.
o café à boca
o leite e os flocos de aveia
tudo junto
enquanto eu,
aqui
resvalo
intenso
e solidificado.
que ficção minha vida virou que eu não consigo mudar de lado?
em que ficção eu me perdi?
em que ficção posso [talvez quem sabe um dia] ser encontrado?