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sábado, 28 de maio de 2011

sobre VIEWPOINTS direto da fonte

Tradução expressa de Diogo Liberano (enquanto a sopa esfriava um pouco) das páginas nove e dez do livro THE VIEWPOINTS BOOK – A Pratical Guide to Viewpoints and Composition – de Anne Bogart e Tina Landau

PONTOS DE VISTA ESPACIAIS

FORMA

O contorno que o corpo (ou corpos) faz(em) no espaço. Toda FORMA pode ser dividida em FORMA com (1) linhas; (2) curvas; (3) uma combinação de linhas e curvas.

Portanto, no treinamento com Pontos de Vista, nós podemos criar FORMAS que são arredondadas, formas que são angulares e formas que são uma mistura dessas duas.

Somado a isso, uma FORMA também pode ser (1) sem movimento; (2) em movimento (pelo espaço).

Por último, FORMA pode ser feita por uma das três maneiras: (1) com o corpo no espaço; (2) com o corpo em relação com à arquitetura (criando FORMAS); (3) o corpo em relação com outros corpos (criando FORMAS).

GESTO

Um movimento envolvendo uma parte ou partes do corpo; GESTO é FORMA com início, meio e fim. GESTOS podem ser feitos com as mãos, os braços, a cabeça, a boca, os olhos, os pés, o estômago, ou qualquer outra parte ou combinação de partes que possam ser isoladas. O Ponto de Vista GESTO é dividido em:

1. GESTO COMPORTAMENTAL. Pertence ao concreto, ao mundo físico do comportamento humano da forma como observamos em nosso dia-a-dia. É o tipo de gesto que você vê num supermercado ou metrô: alguém riscando um papel, apontando, cheirando um alimento, cumprimentando outro alguém, fazendo uma saudação. Um GESTO COMPORTAMENTAL pode dar informações sobre o caráter, sobre uma época, saúde física, uma circunstância específica, clima, roupas, etc. Geralmente é definido pelo caráter de uma pessoa ou pela época e local nos quais ela vive. Também pode ter um pensamento ou intenção por trás. Um GESTO COMPORTAMENTAL pode ser dividido e trabalhado em GESTO PRIVADO e GESTO PÚBLICO, distinguidos por ações que são feitas quando sozinho ou quando sob atenção ou proximidade de outros.

2. GESTO EXPRESSIVO. Expressa um estado interior, uma emoção, um desejo, uma ideia ou valor. É abstrato e simbólico em vez de representativo. É universal e atemporal e não é algo que você veria alguém fazendo normalmente num mercado ou metrô. Por exemplo, um GESTO EXPRESSIVO deve ser expressivo de, ou capaz de veicular, emoções como “alegria”, “dor” ou “raiva”. Ou deve expressar a essência interior de Hamlet como um dado ator a sente. Ou, numa produção de Tchékhov, você pode criar e trabalhar com GESTOS EXPRESSIVOS do tempo ou para expressar “tempo”, “memória” ou “Moscou”.

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Podemos desbravar os próximos Pontos de Vista no decorrer do processo e sem dúvida, o faremos. No entanto, cabe uma breve pontuação: como o próprio nome diz, Pontos de Vista (ou Viewpoints), nada mais são do que formas de se olhar para um dado objeto, corpo ou situação. Ou seja, eu posso decidir olhar para o exercício da raia que vocês fizeram no ensaio de hoje e, mesmo sem ter pedido a vocês, decidir olhá-los pelo filtro da REPETIÇÃO (que é um dos PV). Assim, ao tomar consciência de que devo jogar com resposta kinestética, por exemplo, eu não tenho como privar meu corpo, talvez, de construir formas, gestos, andamentos, relações espaciais, arquiteturas e outros PV variados. A questão do PONTO DE VISTA está no olhar (e na consciência). Eu posso ver um determinado PV em qualquer situação, basta querer vê-lo. Para o ator em cena, ou em jogo, é possível desdobrar ações dentro de um campo específico (mas mesmo que ele se dedique apenas a jogar com FORMA, isso não me impedirá – como espectador – de ver gesto, resposta kinestética, duração, andamento, repetição… e por ai vai).