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sexta-feira, 15 de julho de 2011

o cara do celular está sem o celular. o Dragão pegou sem pedir licença e sem dizer obrigado.

pois é.. ontem mesmo falei deste Dragão que já está entre nós (‘é pessoal e intransferível. Cada qual tem o seu. Desde os inícios’) e que não devemos nos distanciar dele mas sim abraçá-lo (afinal de contas, ‘uma coisa que eu aprendi com minha amiga historiadora é que quando não podemos vencer um inimigo, a gente se alia a ele’). Falei de mortes na família, de gordura em corpo alheio, de cabelo grande e não falei de mais coisas simplesmente porque não sei tanto assim da vida de vocês, meus colegas.. talvez já tenha passado da hora da gente ser colega para sermos amigos. Com amigo a gente divide, com colega não... Podíamos nos esforçar em sermos 7 amigos que se encontram para dividir, doar e construir. Construir um bem maior ou ‘Como cavalgar um dragão’ ou como ultrapassar uma coisa que não admite resolução.

Só hoje, dia 15 de julho (minha mãe faz aniversário daqui a uma semana, meu deus !), com o cancelamento do ensaio e pensando sobre a gente, descobri como eu Fred respondo a questão maior do espetáculo e a questão que o Inácio ainda não sabe como responder: eu só consigo ultrapassar uma coisa que não admite resolução fazendo teatro. Viver não admite resolução, já me conformei, mas faço teatro. É a minha resposta para continuar em frente, caminhando apesar dos pesares. É fazendo teatro, ficcionalizando a vida e o sujeito Fred que as minhas pernas ganham forças e eu não tombo. Talvez se eu tivesse feito design de interiores ou já formado na engenharia, eu agora estivesse conhecendo e sendo amigo da Lilla da vida real, que viu num salto a possibilidade de, durante poucos segundo, não ter que se esforçar para segurar as próprias pernas. Segundos estes valiosos mas que só são pagos com a própria vida.

Estou aqui, em casa. Acabei de tirar a roupa pois tava pronto para me encontrar com vocês. São nove horas e talvez só agora a Nina estivesse chegando na 604 ou talvez agora a gente começaria a andar pelo espaço. Será que a gente teria conseguido hoje passar o texto como a Marília sempre propõe ? A sacola aqui do lado está cheia de objetos que eu queria levar. A coleira da Dodô está aqui. Falando nisso, Dodô, se você acha que no prólogo a Andréia entra com um cachorro porque ela tem um bichinho de estimação chamado Odila, me avise porque eu tenho 3 cachorros aqui em casa. É só escolher... Vamos propor sem esperar um comando que venha de fora e do alto. Não. A nossa proposta pode ser uma resposta a um estímulo próprio. Aí depois a gente vê se fica ou não e conversa. A peça também é nossa. Nina, pensa na cadeira e no microfone. Se quiser eu levo uns pratos e vou jogando na parede enquanto a Marília canta o sambinha que ela trouxe ontem...

Tô escrevendo isto não para vocês apenas, mas para mim também. Acho importante a gente estar atento ao que está acontecendo e não esmorecer. Mais, fazer uso das fraquezas e dos problemas a nosso prazer. Vamos ser cínicos (já ouvimos isto !!) vamos caminhar fingindo tranqüilidade e serenidade absolutas mas no momento oportuno a gente crava a espada e depois volta como se nada tivesse acontecido. Ninguém precisa ficar sabendo dos nossos crimes... a gente tem um Dragão entre nós, porque a gente não usa o espaço do retângulo para deixar ele aparecer ? Porque ele já está na vida (‘é pessoal e intransferível. Cada qual tem o seu. Desde os inícios’)... e ele precisa entrar em cena também. Vamos ser safos e transformar entraves em soluções ou propostas. Falar de Dragão não é fazer bonito. Não vamos nos preocupar com o certo e com a beleza. Vai estar certo e vai ser lindo se o erro for assumido até o fim e for uma proposta. O erro pode ser o lindo. E, me desculpe dragãozinho, mas você não tem a cara da Luiza brunnet ! Estamos falando de Dragões não de anjos.

Ontem eu acordei para perder meu celular. Estava dormindo e acordei no sobressalto para ver ‘terreno baldio’. Meu celular apitou e eu crente que ele estava dizendo: “acorda, Fred, para ver a peça dos seus amigos” mas não, ele estava dizendo: “levanta daí, camarada, porque hoje eu vou sair da sua vida ! Você precisa me perder para me achar !”. Como eu ia adivinhar que aquele ali seria meu último contato, gente ? A última vez que usei ele foi numa ligação cheia de afeto que recebi da Marília. Ela, naquele tom de voz costumeiro, querendo saber se a peça do gunnar era algo como o show do PaulMa (beatles entre nós.) Pois bem, levantei e fui para a ufrj. Não entrei na peça e no caminho perdi o celular. O cara do celular perdeu a identidade, tô pensando agora. E acho que é ótimo na altura do campeonato o cara do celular estar em crise de identidade. Ser ou não ser ? Eis a questão (olha o Hamlet aí !). Aí, pensando mais e melhor sobre ontem eu penso agora que se eu saí de casa não foi para perder o celular mas foi para encontrar a Nina, a Dodô e a Marília na ufrj. Sim, todos estávamos lá e resolvemos fazer uma reunião extraordinária enquanto as portas da Vianinha não se abriam. Faltou você, Vítor. Pensei em transcrever aqui a conversa de ontem mas acho que isto é entre nós 5. Acho que a gente tem que cavar este espaço só nosso. Flavinha e Diogo conversam a sós. E estão a frente da gente. Não é justo a gente se agarrar só na gente uma vez que alguns passos distanciam os 2 dos 5 ?

Acho que isto aqui é um puxão de orelha também. Vamos estudar, trabalhar, decorar, estudar e trabalhar e pesquisar e perguntar e propor. E ficar atento (‘é pessoal e intransferível. Cada qual tem o seu. Desde os inícios’). Não se ensaia Dragão só das 8:30 às 13:30. Tem muito dever de casa. Tem estudo individual. Tem estudos dos 5 juntos. Vamos nos reservar... cuidar do corpo voz mente e íntimo. Corpo e voz. Vamos ! Plural. Todos. Eu também. Às vezes a gente fica achando que ainda falta pro primeiro tempo acontecer. E que ainda tem o segundo. Mas, na verdade, a gente tá é na prorrogação. Ou morte súbita. Ou gol de ouro. Ou penalidade máxima. Sei lá, não entendo nada de futebol.