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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

deu tudo preto ---

eu pensei alguma coisa sobre dragão, quando me virava de um lado para o outro na cama. era como se eu imaginasse, ou soubesse, de maneira súbita, do que se trata este projeto. eu sonho essas coisas ou penso, mas me parecem tão exatas, que então me desoriento. é como se o projeto precisasse sempre e de novo, a cada vez, se perder para valer o jogo de buscá-lo.

muita poesia. (eu estou tentando lembrar o que era). dragão é sobre cinco amigos, nós cinco, presos no exato instante em que descobrimos que você, nosso amigo em comum, morreu. mas não é bem um drama comum pra chorarmos juntos a morte de alguém querido. é um drama espanto sobre a confusão do suicídio. eu pensando que a ideia de realizar este espetáculo em apartamentos de amigos (e que esses amigos precisarão então aceitar que a dramaturgia viva a sua morte), eu pensando que quando estivermos num teatro, numa sala preta (sem dono amigo que nos dê sua vida e nome ao drama previsto), nesse caso - o da sala preta - dragão vira um drama sobre situação no sentido mais cru, mais irredutível: e se perdêssemos um amigo dessa forma?

a estreiteza do quarto, do cômoda, da sala de um apartamento real nos dá a delicadeza do nome. sem isso, a frieza do palco nos devolve a sensação de possibilidade. podem ser muitos e muitas. no espaço negro da sala de espetáculo cabe tudo.

situação - eu ainda estou tentando entender que tipo de dramaturgia é essa. mas eu tento entender pensando. há que existir outra forma menos sem graça de testar possibilidades. o conceito está pronto, falta agora lançar o corpo e ver se cola, e ver se dá jogo.

é isso. eu não lembro o que sonhei ou pensei. mas tinha algo a ver com dobra, com lágrima e com motivo. fica para a próxima a razão de tudo isso.

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