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quinta-feira, 30 de junho de 2011

ensaio 41

16/06/11, unirio, sala 602
diogo, dominique, fred, flávia, marília, nina e vítor

ESPAÇOS DE ESPERANÇA, David Harvey;

Pensar a esperança no espaço sugere vazio, comenta Vítor;

O prédio de Lilla;

ESPERANÇA (alegria inconstante)
IDEIA DE ALGUMA COISA PASSADA OU FUTURA (que você duvida)
e dai, pode-se passar à SEGURANÇA
MEDO (tristeza inconstante)
[…]

FANTASMA > recorte do vazio, é uma diferenciação

LASTRO > BABA DA LAGARTA

postagens a serem feitas:

> FLÁVIA (texto)
> NINA (vídeo + “os objetivos mentem” – eduardo galeano)

as marcar como atestado de existência <

a partir de uma citação de Einstein >
AGLOMERADO DE ACONTECIMENTOS ENERGÉTICOS. SUPERPOSTOS. NÃO-SIMULTÂNEOS.

espaços > superpostos
tempos > não-simultâneos

AGREGADOS SENSÍVEIS, deleuze

a lilla é um acontecimento energético porque ela é constante. naquele espaço a lilla não é memória, a lilla é realidade – nina

>>> LEITURA

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ensaio 40

22/06/11 unirio, sala 301
flávia, dominique, frederico, vítor, marília, nina

DIVISÃO DO TEXTO EM UNIDADES
LEITURA DA CENA

dividimos o texto a partir de mudanças de atmosfera. (Diogo falou também em mudanças de respiração, eu gosto disso)

Mudanças de assunto podem ou não desencadear em diferenças de atmosfera.

A personagem cuja fala inaugurar uma nova divisão, deve se responsabilizar pela diferença que essa nova unidade apresentará em relação à anterior.

Atmosfera da cena e atmosfera da personagem...

decorar o texto tomando cuidado para não engessar as intenções.

Atenção para não confundirem NEUTRALIDADE com APATIA. Vocês podem e devem colorir esse texto, dotá-lo de intenções, arriscar lugares, só não esqueçam de deixar espaço para o imprevisível e o não sabido.

é preciso preparar o terreno para que as sementes plantadas cresçam e aflorem. (essa seria a neutralidade)

ao preparar o terreno eu retiro dele a terra que é o instrumento necessário para a fertilização. (Essa seria a apatia)

bom feriado. bom descanso. bom trabalho.

terça-feira, 21 de junho de 2011

ensaio 39

21/06/11, unirio, sala 505
diogo, dominique, fred, flávia, marília, nina e vítor.

FECHAMENTO DO CRONOGRAMA DE ENSAIOS.

TEXTO/PAPO DOSTOIEVSKIANO

Discussão sobre Personagens

RITA
se preocupa com a reunião dos amigos
chama atenção para a sua religiosidade
desejo de ter uma vida profissional
flerte com novas possibilidades para a sua vida (desejo de expansão)
mas suas expansões não ecoam, apesar de tentar
talvez porque esteja à espera da participação do outro
ela tem uma coisa muito simbiótica
capacidade de se magoar pela não-participação do outro
prática no sentido afetivo (se não for isso, o que justifica a amizade?)

ODILON
as palavras não escapolem da boca do Odilon, as palavras acontecem
só que existem coisas que rendem, que surgem do seu íntimo
humor embutido de ironia
ele não quer se deixar levar numa depressão
pensar na partida dele (logo após o enterro) e na volta (quase dois meses depois que partiu)
como ele chega? de frente aos amigos que “abandonou”?
sedutor, blasè, raiva
ele não fala a poesia, a poesia se faz depois em que o lê (e vê)
não ficar refém nem da dor nem da poesia

CECÍLIA
lista, algo muito obsessivo – surreal
denúncia da fraqueza dela, de sua dor
de se agarrar a nomes e catalogações
tudo dentro de um formato
para não perder
para não ter liberdade suficiente para doer
ela é automática, um pouco histérica
o fazer da lista talvez seja algo inconsciente
lógica um pouco mecânica da lista
trazer o bicho para que fiquem juntos com eles

ANDRÉIA
grosseria (não ser apenas isso)
ela tá tentando falar sobre o assunto
incômodo primeiro de estar ali sem compreender a situação (falta um)
as grosserias não visam calar
está vazando
a melhor amiga morreu
afetação instantânea!
resposta kinestética
kinesfera diferenciada para odilon

INÁCIO
humor e piadinhas (todos os amigos expressam a dor do sofrimento de uma maneira muito possível)
lugares possíveis de pessoas que sofrem a morte de uma amiga
aparentemente, ele não se revela
não quer enfrentar o dragão
ele escapole, foge para outro lugar
e ele foge pela piada, pela graça
mais reservado, não divide tudo
qual é o caráter dessas piadas?
lógica do videoclipe
inácio não ri (?!)
não tolerar o chororô
não expor, ao mesmo tempo, todo o seu histórico

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Notas sobre a dramaturgia – Seis

CENA DOIS – MEDIDA DA TRAJETÓRIA

Quer dizer: como foi o caminho percorrido por cada um logo após a morte de Letícia? Mais que isso, essa cena deseja revelar ou problematizar como cada um respondeu a tudo aquilo que o mundo acenava em sua direção. Quer dizer: esses meninos receberam a medida do mundo ou quiseram impor ao mundo a sua medida? Ousaram viver o que vinha ou quiseram seguir impondo ao mundo alguma forma segura de respirar?

A medida da trajetória para todos eles foi outra. O peito avassalado saindo do corpo e se chocando. A cabeça indo longe. O desespero se espremendo e concentrando, fugindo e ganhando voz e tamanho. Tem gosto de desmedida. Metáfora possível de acontecer. É exagerado. Hiperbólico.

Ou seja: esta cena ambiciona nos dar o depois que ainda não sabemos. O depois que eles teriam vivido juntos. Essa cena quer dar aos amigos o oi que não veio, a sua chegada, depois de tanto tempo. Ao mesmo tempo, mostra como uns estão disponíveis para falar sobre isso e como outros não estão. A medida da trajetória no relato de Odilon nos serve para isso, para que se possa perceber como o caminho é capaz de ditar o tom de um corpo. Como a minha ira, pós-morte da Lilla, é capaz de ser dominada pelo desconhecido, pelo voo (para Paris).

Eles ali não percebem ainda (e talvez nunca venham a perceber), mas o reencontro ali em curso é outra trajetória que os convida a se desconhecer. Outra trajetória que a vida imprime sobre seus corpos e que talvez eles não tenham mais como se abster, sabem por quê? Porque o jogo ali empreendido diz respeito ao jogo em curso dentro do próprio íntimo. O jogo deles quer chegar numa forma de cavalgar o dragão. E, dentro de cada um, algo grita, pedindo reconhecimento e cuidado. Eles estão presos não porque foram trancados, mas porque não querem sair dali.

Porque ficar faz todo o sentido.

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ensaio 38

20/06/11, unirio, sala 301
diogo, dominique, fred, flávia, marília, nina e vítor.

TEXTO.

(investir na leitura e no jogo – ininterrupto – com o universo gestual de cada um)

- cecília: boa leitura do prólogo com quebras para comentar, listar, detalhar…
- gráfico de andamentos e de respirações;
- algumas acentuações de certas palavras;
- a cecília é pega de surpresa pela coincidências das escolhas (e quando percebe, fala, …que vocês vão ter que resolver depois);
- encontrar a fundação da personagem e não um nome que simplifique as coisas (o nome lê rapidamente o que é, mas ao mesmo tempo supre bastante coisa);

Para o ensaio de amanhã: agendas e texto estudado e dividido em unidades.

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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Notas sobre a dramaturgia - Cinco

PRÓLOGO – ESCRITA AUTOMÁTICA

Não se assenta sobre alguma lógica cognitiva reinante. Essa escrita acontece, independente de quem a ouve, independente se se entende e, sobretudo, independente de quem fala. Ela impera e é ainda mais veloz que o tempo. Supersônica. Só faz seu sentido quando a coisa toda já tiver sido derramada. Eu pensei esse nome para o prólogo por acreditar que durante boa parte do espetáculo só o que há são palavras. Eles falam muito. Eles falam, dizendo ser para entender, mas falam sobretudo porque nomear resolve o problema. Nomear, durante um dado tempo, serve para segurar o pavor e dar sentido ao que nos escapa.

É curioso como o Odilon, no meio da primeira cena, falará já estar faz tempo esperando ouvir o silêncio entre eles. Eles não param. Os textos se substituem, as falas são cortadas. As contrabarras não estão ali por outro motivo. Elas existem até no meio de uma fala\ Praticada por quem fala\ E se cala para falar outra coisa.

A Cecília não sofreu para dividir tudo. Ela fez isso para manter a própria mente desocupada. Não foi pra ter trabalho, ela listou tudo em ordem, coisa a coisa, com precisão nos detalhes, justamente porque isso liberaria sua mente para que não pensasse no fato. Naquele fato, que eles parecem mesmo querer passar longe (mesmo quando já tão pertos).

A Cecília não sabe nada do surrealismo. Eles não estão pensando nisso. Eles estão, cada qual a sua maneira, tentando dissipar aquilo que talvez já saibam não vai ter jeito. É um esforço para acreditar que talvez falando sobre a coisa seja possível resolvê-la. Mas não. Como diz Eduardo Pavlovsky em sua peça PASO DE DOS: as palavras nos servem para esquecer, muitas vezes falamos para apagar aquilo que havia crescido entre nós.

Eles vão falar até o corpo ranger e pedir pelo silêncio, pelo sufocamento e confissão das entranhas. Não vai durar muito tempo esse falatório. A garganta vai secar, Nina, porque a sua poesia é curta é grossa, mas é longa e cheia de amor.

CENA UM – DESPEDIDA DO IDEAL

Não ia ser tão simples assim, gente. Eles talvez soubessem. Mas talvez, realmente, tenham tentado disfarçar o problema. Eles não acharam que bastaria se reunir e dividir tudo para, enfim, a dor acabar. Eles fizeram isso, mas a dor não cessou. A nossa peça começa com a divisão já feita. O sofrimento, o trabalho todo, toda a prosa para dividir coisa a coisa – isso tudo já passou. Tarefa cumprida. O problema do qual eles falam é outro. A questão que fica diz respeito ao depois. Porque se o que estava faltando era dividir os pertences, como pode eles estarem ainda assim? Ansiosos? Como ficar satisfeito com o real se o real mesmo resolvido ainda grita, ainda dói, aprisiona e atormenta a mente e o corpo?

Deve ser porque era mentira. Então o que se resolveu não foi o real, mas alguma outra coisa disfarçada dele. Aquilo que eles chamavam de real era na verdade apenas uma idealidade. Um possível real que eles talvez gostassem de achar ser possível. Mas a coisa toda da Lilla faliu tudo isso. De um dia pro outro. A Lilla, querendo eles ou não, empacotou o real dos amigos (o mesmo dela) e entregou todo o mistério (a vida é mais complexa do que sabíamos, mas eu não quero ficar aqui, não tenho estômago pra isso – é aquilo que talvez ela tivesse dito aos amigos). O real que partiu não era tão real assim. Ao chocar seu corpo contra o piso de concreto, naquela manhã de domingo, Lilla rachou também o sentido. Tá tudo assim meio confuso. Como se o mundo descobrisse seu íntimo. A sua real realidade.

Ora, então, se o ideal deles se despediu (foi despedaçado), o que fazer com isso que parece ser real (e não é?)? As perguntas se amontoam e a realidade se revela perturbadora e desconhecida. Nem sempre tudo nela germina, nem sempre tudo nela se resolve, nem tudo precisa de contraponto ou rima pra seguir. A coisa no real – a eles, quase inédito – flui e vai sem freio. Ponto final. Pode ficar chocado, pode ficar puto, descrente cego amargo e meio ao meio: o real não precisa de você para seguir seu traço. Ele é tiro preciso e você é apenas caminho.

Portanto, nesta primeira cena o que está em jogo é tudo isso. É essa percepção aguda da realidade. Faliram-se os sonhos, as aquarelas ficaram sob a chuva e escorreram deixando apenas marcas de traços e saudade de cada cor. Gente, eles estão falando pra aliviar o horror. Mas isso não vai vingar. O horror é maior. O dragão dentro de cada um sente fome e é preciso entretê-lo. Eles não sabem disso, mas daqui a pouco os gestos ficarão maiores (para dar conta do íntimo ferido e aumentado).

Pensem em tudo isso. Mais do que decorar as falas (isso vocês já sabem), ousem pensar no porquê de cada fala escrita. Por que minha personagem fala isso e depois aquilo? Isso começa a dar a vocês alguma espessura desses personagens. Na próxima semana encontraremos as indagações dentro de cada fala.

Esse texto que escrevi agora é só para desenhar a vocês o percurso da dramaturgia. De onde ela parte e sobre qual terreno se cria. Vamos firmar isso para poder erguer o adiante.
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ensaio 37

17/06/11, unirio, sala 602
diogo, dominique, fred, flávia, marília, nina, vítor, gustavo e marina vianna.


AQUECIMENTO DE USO,
TRABALHO COM GESTOS,



CANTEM UMA MÚSICA JUNTOSSILÊNCIO PROFUNDO. OLHOS ABERTOS:Amor I Love You – Marisa Monte


TRABALHO COM O TEXTO. DISCUSSÃO A PARTIR.
Leitura e, em seguida, discussão sobre inúmeros pontos:
1. autoria (como assinar o texto? como entra a autoria dos atores?);
2. marina sugere que eles estejam à espera de alguma aparição;
3. marília fala em reparir o grupo;
4. marina rebate com o desmanchar do boloi, pensar sobre a possibilidade de o grupo se desfazer;
5. final desfórico (ao invés de eufórico);
6. descobrir como, a maneira, de expressar a poesia sem que seja pelo texto unicamente;
7. quais formas para além da rima dizem o poético;
8. a necessidade de se criar palavra-imagem (com esse hífen no meio);
9. pensar na importância da carta (enquanto ação dramática já reconhecida) e no desfecho que damos a ela (será que eles abrem? será que a rasgam? quais desfechos outros podem ser pensados a partir dessa recusa, desse entendimento – e não resignação, pontua vítor – da coisa toda?);
10. a abolição da frontalidade para valorizar momentos em que se dirige para a frente (decalque);
11. como CARREGAR um dragão, a partir do entendimento da marília (citando o filme BIUTIFUL) de que aquilo que vale aos personagens é justamente como sair daquela situação com as próprias pernas;
12. flávia retoma com a referência ao filme FESTA DE FAMÍLIA, ressaltando como a coisa toda é criada sobre um chão muito concreto – e árido –;
13. marina alerta para a diferença entre metáfora e alegoria. a metáfora pretende de certa forma sintetizar a coisa, enquanto a alegoria tenta pela profusão de imagens dar conta de algo;
14. imagem, pictorialidade, buraco, fenda, fissura;

Gatões,
muitas questões que dizem, em resumo: é preciso dar corpo a toda essa fala.
A partir de segunda, vambora pra cena! Gastar esse texto, gastar esse corpo, esse gestual todo.
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quinta-feira, 16 de junho de 2011

como começar?


Clique sobre as imagens para vê-las em tamanho maior
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primeira referência do Cabelo


Como todos sabem, nosso querido Rodrigo Marçal assinará a trilha do espetáculo. Tivemos uma reunião hoje e ele já mandou uma referência delícia pra gente. Bem-vindo, Cabelo. Criei um marcador neste blog intitulado TRILHA. Ao clicar nele você vê todas as postagens relacionadas à trilha. Como nunca usamos o marcador, ele listará tudo a partir de agora. Portanto, essa é a primeira postagem. Para clicar no marcador, vá até o final do blog e encontre trilha na lista dos marcadores.

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Achado não é roubado

Hoje eu estive com o Bernardo. Falei com ele e ele não reconheceu nenhum dragão. Assim como a gente, também não entendeu a coisa do cordão encontrado atrás da porta. Enfim, perguntei se poderíamos ficar com ele e ele disse que sim.


ensaio 36

16/06/11, apto (novo) da marília, sala
diogo, dominique, fred, flávia, marília, nina e vítor

ESPAÇO
AO SOM DE BRIAN ENO

o som que vem de fora para dentro da cena (e não se explica o porquê);
cê tá maluco, fechou a porto comigo lá fora?!;
andréia entra lenta com seu sapato;

O DRAGÃO APARECEU NO QUARTO. TINHA UM CORDÃO COM PINGENTE DE DRAGÃO.

TEXTO

10h56/11h30 > 34 minutos

PRÓLOGO – ESCRITA AUTOMÁTICA
CENA UM – DESPEDIDA DO IDEAL
CENA DOIS – MEDIDA DA TRAJETÓRIA

12h00/12h36 > 36 minutos

quarta-feira, 15 de junho de 2011

um dia Lilla no outro Joana...

Acabo de ler o livro Árvores Abatidas de Thomas Bernhard.

O narrador conta a história do dia em que é convidado para um "jantar artístico" na casa do casal Auersberger da alta sociedade de Viena. O casal convida também um ator que no momento encena a peça "O pato selvagem" de Ibsen para o jantar, por isso o tal título. O convite ao jantar é feito no dia em que os amigos se reecontram para o enterro da amiga em comum Joana, que se suicidara.

Alguns trechos do livro:

"...eu próprio fora informado pouco antes de sair à rua naquele dia, pela amiga de infância de Joana em Kilb, que Joana se enforacara; primeiro, essa amiga, a dona do armazém de Kilb, não quis dizer ao telefone que Joana se enforcara, a amiga disse ao telefone que ela morrera, mas eu na hora respondi que Joana não morrera, ela se matara, e que ela, a amiga, certamente sabia de que maneira, mas não queria me contar; as pessoas do interior têm ainda mais inibição do que as da cidade para dizerem com clareza que uma pessoa se matou, e acham muito difícil dizer como foi; pensei imediatamente: a Joana se enforcou, na verdade já dissera no telefone à dona do armazém: a Joana se matou, e a dona do armazém ficara atônita e respondera apenas sim. Pessoas como Joana se enforcam, não se jogam num rio nem saltam de um quarto andar, pegam uma corda, amarram-na habilmente e deixam-se cair no laço. Bailarinas, atrizes, disse no telefone à dona do armazém, enforcam-se...."

"...Enquanto isso o Auersberger colocara um disco com o Bolero, exatamente a música que a Joana mais gostava. O Auersberger tinha querido recordar a Joana com esse Bolero, e colocara o Bolero intencionalmente no toca-discos, pensei. E com efeito, pensei novamente na Joana, estimulado pelos primeiros compassos do Bolero, na Joana e no seu enterro especialmente. Primeiro eu considerara deselegante o Auersberger colocar logo agora o Bolero; possivelmente não era isso, era uma boa idéia, embora pérfida, transformar esse jantar mais ou menos horrendo como jantar artístico, numa lembrança da Joana. Se antes de o Auersberger tocar o Bolero eu estava querendo me levantar e ir embora, agora fiquei sentado com prazer, de repente num belo estado de indiferença, contemplando as imagens do enterro, a cara da dona do armazém....semprei gostei de ouvir o Bolero, e a Joana o tocava sempre que trabalhava com alunos talentosos no seu estúdio de movimento; no fundo, o Bolero era a música pela qual ela orientava toda a sua arte do movimento, e a sua doutrina do movimento, pensei, ouvindo o Bolero de olhos fechados. Como é bonito ficar sentimental de vez em quando, pensei, e não tive a menor dificuldade de agora ver a Joana, a artista do movimento, que teve tods as possibilidades de ser feliz e no afinal foi somente infeliz. Ouvi a sua voz e alegrei-me com suas frases, seu riso, sua receptividade para tudo o que era belo, pois Joana tinha esse dom como ninguém mais no mundo, de ver sempre também o belo, ao lado da cruel, destrutiva, aniquiladora feiúra, portanto tinha o dom que pouquíssimas pessoas utilizam. Mas também esse dom não lhe adiantou nada, pensei. Ela foi a Viena, e deixou que Viena a devorasse, de Viena correu pra casa pra se enforcar..."

experimentação com gestos

EXPERIMENTAÇÃO COM OS GESTOS
Do brinco – o gesto me traz uma contenção delicada. É de uma dor fina, e não revelada, nem pro corpo. A repetição deixa a orelha vermelha e cansada. Causa uma estafa especifica, que não é cansada, mas histérica.
Do sapatinho – o gesto faz duas coisas ao mesmo tempo. Ele é ágil, esperto, e fugidio ao mesmo tempo.  As pernas se dobram de um jeito delicado. Nessa hora eu tenho um pouco de pena da Cecília, vejo ela frágil. Talvez, na volta da cabeça, no fim do gesto, ela esteja com olhos vermelhos.
Não grito  - retomada de fôlego , auto-carinho, desistência, tentando acordar a face e abrir os olhos. As vezes é sincero, as vezes é um comentário sobre a sensação de fazer aquilo sinceramente. É um gesto que pode ser um compartilhamento.  O rosto, depois de um tempo, está cansado de ser arrastado. Arrastado para baixo. Acho que o mundo está alisando o rosto da Letícia para baixo, e ela está retomando o fôlego.
Impaciência – não acho mais que seja apenas isso. Acho que uma preocupação sincera, um sentir-se em apuros.  A testa é o lugar da tentativa de raciocinar para sair da situação difícil. É quase um instinto do corpo. Eu não tenho gostado de colocar a mão no meu rosto, tenho achado estranho.
Isso e aquilo- o movimento não é da mão, é do braço. O braço fica MUITO tensionado, é foda. Parece que eu estou levantando peso. A mão fica frouxa, sacudindo a histeria dos músculos do braço inteiro. Toda a força da argumentação contra o silencio, e nada mais.
Lenço – um auto-carinho na nuca (eu seria a Cecília de tão carinhosa que ela é consigo mesma. Ela mesma se compra.) o cabelo fino na minha mão me dá intimidade com meu corpo./ estou em livrando de insetos que estão presos na minha nuca, enganchados no meu cabelo. Eles descem um pouco pelo meu pescoço, eu jogo fora com raiva e pavor, e aliso os dedos, para saber que eles não sobraram no meu corpo.
Faltando – é divertido, uma dança. A volta que o corpo faz atrás do braço é um caminho curioso. Ele deságua em dois lugares: um vazio. Um mundo inteiro, do outro lado, aquele que eu não tinha visto antes.
Sexyyy –  na verdade não é sexy, como eu achava no inicio. A unha curta e suja vem na boca, encosta no dente, salgada. É uma coisa que ela não faria se não tivesse realmente em outra vibração. Aquilo é um despudor. É até meio vergonhoso, salivar nas unhas.
Suor das mãos - é triste e infantil. Não gosto de fazer esse gesto e acho que ele não tem nada com a Ceci, mas é por isso mesmo que eu acho legal deixar ele aí, existindo. Acho que ele ainda vai dizer à que veio, mas nessa experimentação eu só consegui sentir algo fraco e triste.

terça-feira, 14 de junho de 2011

chão chão chão chão chão

Vítor Peres + Fred Araújo + Dominique Arantes + Nina Balbi + Marília Misailidis

segunda-feira, 13 de junho de 2011

ensaio 35

13/06/11, unirio, sala 602
diogo, dominique, fred, flávia, marília, nina e vítor

TRABALHO COM ANDAMENTO, DURAÇÃO…
Ao som de Philip Glass

No bater das palmas, alternar a velocidade do andar (quantos tipos distintos de rápido ou lento podemos ter?);
Som de marteladas no chão quando os atores correm (como ser ágil e silencioso? como ser lento e barulhento? como somar em si opostos?)
O jogo com andamentos e durações é uma forma de estabelecer atmosferas e selar o encontro.

LENÇO.
Ao som de Philip Glass, Beirut, Florence & the Machine, NX Zero e Timbaland.

RAIA.
Nina, Rita, Vítor, Cecília, Inácio, Odilon, Fred, Andréia, Dominique e Marília.

Se agem assim pelo movimento, é possível, eu sugiro, que tenham eles também o discurso assim tão distinto. Como olhar por pontos de vista diferentes aqui que falamos, a opinião que expressamos, a crença na qual acreditamos?

Duas deitadas lentas: Metamorphosis Three – Philip Glass
Dois pulos ao mesmo tempo: Dead Finks Don’t Talk – Brian Eno
Duas viradas para frente ao mesmo tempo: I’ll Come Running – Brian Eno
Uma proporção 4:1: Hair – Lady Gaga
Um tempo lentíssimo: tirar a música

Pela primeira vez eu vejo vocês de fato fazendo frente à agitação de uma música. Sabendo brincar com ele, mas também abandoná-la. Isso reforça a atmosfera que reina entre vocês.

Deixa o gesto entrar devagar pra não perder a resposta entre vocês.

A repetição de um único gesto e dos gestos dos outros funciona perfeitamente bem. Sobretudo, quando não sublinhamos o uso do gesto. Soa como um organismo só, vocês. Mas um organismo divergente, que se move de maneiras muito distintas, porém, costurado por sutilezas e por sensações, quando não idênticas, muito parecidas.

Trabalho com o Universo Gestual da própria personagem. Vendo-os assim, soltos, fico pensando no encontro do gestual com o verbo. No encontro de um desses gestos com uma dada atmosfera.

Possibilidade de lançar um gesto para fora da raia, como se fosse preciso não revelá-lo para quem está dentro do jogo, mas justamente tirá-lo de dentro. E a possibilidade de entregar um gesto pra fora e entregar um gesto ao outro. Sem repeti-lo, apenas recebendo-o.

Neroli Music – Brian Eno

IMPROVISAÇÃO (como atores e não como personagens)
Nina traz aos atores um comentário sobre algo que leu e que lembrou a ela o processo do espetáculo COMO CAVALGAR UM DRAGÃO. Os atores, conforme conversam sobre, devem jogar com a possibilidade de se afetarem pelo o que é dito e discutido.

NINA - Eu não entendo muito de futebol, mas o Vasco foi campeão na semana passada e as pessoas ficaram muito felizes e juntas, seilá, parecia carnaval. Eu fiquei super emocionada com o calor assim, ai eu cheguei em casa e fui procurar por vídeos de torcida. Eu nunca tive interesse por futebol, mas eu fiquei tão emocionada com o Vasco. Eu fiquei pensando na união daquelas pessoas ali. É a união, não pelos jogadores, mas por uma bandeira. Elas são muito unidas naquele momento. Elas fazem todas muito sentido umas pras outras e eu fico me perguntando qual é o lugar desse encontro e eu lembrei de DRAGÃO pela liga entre as pessoas. Eu lembrei de DRAGÃO por causa do Vasco.

Você é vascaína?
Eu nunca fui disso de futebol.
Eu sou. Eu fui na semi-final.
E você ficou emocionada?
Eu não sei se eu acho bonito.
Eu acho bonito.
Eu não sei se eu acho bonito.
Eu acho meio uma alienação.
Eu me sinto meio ET.
Meu pai é torcedor.
Qual é a vantagem de ganhar ou de perder
As coisas não precisam ser feitas por vantagem ou não
Quantas formas de ser alienados poderiam ser boas?
Eu chamaria isso de paixão. E não de alienação.
Sei lá, esse é jeito dessas pessoas.
Eu nem sou alienado lendo, porque eu não leio mundo.
Talvez você seja alienado pra população brasileira.
Você não compartilha.
Perguntaram pro Leminski, pra que poesia?
Ele disse, pra que um gol do Zico? É bonito, só isso.
As pessoas matam e morrem por causa disso.
É uma forma de se unir de estar na mesma vibração.
Eu fui uma vez no Maracanã pra fazer prova.
Alienação pra mim é desmedido.
É importante que as pessoas matem e morram por uma coisa que não seja dinheiro.
Estranho isso, né?
Se você fosse morta por isso?
Saúde.
Eu prefiro ficar na inconformidade.
Vai sofrer muito.
Faz parte da vida.
Você tambémm?
Pô, pra caralho. Mas uma vez,
Eu torço pro Palmeiras.
Eu tava aqui no Rio e fui assistir final de campeonato, no Maracanã e só tinha Flamenguista.
Na hora do gol, o Flamengo fez uma HOLA ao redor do Maracanã.
Eu detesto futebol, mas sei lá, são poucas coisas que unem as pessoas desse jeito.
Quando me pediam pra correr atrás da bola, eu achava super ridículo.
Brasil, Copa do Mundo, você não gosta?
Ai é que tá, nem Copa do Mundo eu me reúno,
E falta?
É só cair naquele quadrado.
O jogador pode ser expulso por isso, mesmo que não atinja.
E impedimento, vocês entendem?
Não vale. O time inteiro fica impedido. O time inteiro tem que estar junto.
Você tá ultrapassando a trave, volta pra cá.
Tem a linha imaginária.
Que bosta de futuro.
É isso que é torcer, bem vindo ao mundo da paixão.
Eu gosto de vôlei.
Um jogador de futebol que viesse aqui pra um ensaio ia achar a gente um tanto alienado.
Depende do ponto de vista.
Eu já fiz um gol olímpico.
Eu fiquei alienado com aquele monte de gente em cima de mim.
Podia ter uma bola aqui pra gente brincar.
Eu tenho uma bola de handball em casa.
Bate três?
Três cortes!
Só sei fazer gol olímpico.

Marília sugeriu a banda DEAD CAN DANCE.

CONVERSA.

Pensar o personagem como uma união de dois discursos (corporal e verbal), que podem ser dissociados e usados em conjunto ou separadamente. O discurso corporal se manifesta pelo uso do UNIVERSO GESTUAL da personagem. O discurso verbal se manifesta pelas opiniões características de cada personagem, de seu nome e de seu jargão.

O pássaro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre
na prisão do corpo.
Mas, livre, bem livre
é mesmo estar morto.

LIBERDADE, Carlos Drummond de Andrade

Condicionamento. Re-educação corporal.

ANDAMENTO > metrônomo.
DURAÇÃO > cronômetro.

O gesto expressivo é um desdobramento de um gesto que era comportamental.

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domingo, 12 de junho de 2011

sobre o trabalho de repetição dos gestos

Gestos: Tchau com um dedo, coçar o pescoço, tirar algo da boca, olhos expressos, mão que fala, repetição dos braços, quando se cai e conter das mãos.

A repetição desses gestos causa um certo desespero. Trás para Andréia, inaugura nela, essa tentativa desesperada de dar conta dos fatos. É como se o corpo falasse antes das palavras. Como de ele estivesse a frente no seu desespero, na sua necessidade de ser grito. 

Notas sobre a dramaturgia - Quatro

O Rio de Janeiro de fato atrapalha o processo de escritura dessa peça (e de qualquer outra, sugiro). Cheguei ao Rio na sexta-feira, final da tarde. Só agora consigo sentar para escrever sobre essa escrita. São três e trinta e seis da madrugada. Tenho percebido cada vez mais que escrever dramaturgia pode ser algo eterno. Eu mudei várias vezes todas as cenas já escritas e amanhã tenho certeza que terei condições para seguir mudando. Aos poucos, eu acho, a coisa vai se firmando e criando raíz. Sendo assim, me parece, o meu papel mais do que plantar é podar. Pra ver nesse ato do corte aquilo que de fato tem força pra durar (e render frutos).

No segundo ensaio desta semana que se abre já já, eu levarei a vocês as primeiras cenas do espetáculo. Decidi que levá-lo inteiro seria por demais exagerado. Eu preciso de mais tempo para apurar as ideias e não deixar que as falas nasçam para suprir sentido ao leitor. As falas dessa peça tem função apenas para as personagens (a gente, literalmente, que se foda). Se elas estiverem se falando está tudo certo.

Um arrependimento me bateu com toda a intensidade: eu deveria ter criado um arquivo no Word para salvar tudo aquilo que foi escrito e que eu cortei. Gente, eu juro, já teria mais de quinze folhas de texto. Foram muitas cenas e muitas apostas que não duraram uma noite ou madrugada. Das falas que eu postei para vocês, talvez uma ou outra tenha sobrado. Nem sei.

Uma das minhas maiores preocupações quando pensei a dramaturgia desse projeto era justamente a de encontrar força dramática para fazê-lo durar. Eu sempre usei essa palavra, árida, para descrever a dramaturgia. Não conseguia ver muita coisa acontecendo. No início do processo, eu me agarrava a pequenos acontecimentos como por exemplo um jantar. Eu pensava, meu deus, eles podem jantar. Olha que máximo, eles têm uma ação concreta, preparar um jantar e não apenas ficar falando de suicídio ou de maneiras de seguir sem tombar.

Sorte a nossa que criamos estas personagens. Elas são o nosso porto-seguro. É preciso defendê-las para que suas diferenças não se harmonizem e morram, aos poucos, por preguiça ou descuido nosso de as preservar. É dessa diferença que nasceram todas as cenas que escrevi. Até agora eu não abri meu caderno ou arquivos com sugestões de falas, cenas, situações (arquivos que criei lá no início e fui enchendo com tudo que era produzido em ensaio). Ou seja: se eu escrevo RUMO, todas as personagens se movem ansiosas para dar o seu ponto de vista sobre o desafio que eu lancei.

Escrevi o prólogo, a primeira, a segunda, a terceira e a quarta cena. E parei. Sem vontade de seguir. As duas últimas cenas são duas pancadas que eu preciso me alimentar muito antes pra que nasçam assim de súbito. Estou esquematizando os desdobramentos, fazendo um roteiro, por exemplo, na cena cinco (intitulada DESCONHECER-SE), Rita discute com o Caco pelo telefone; Inácio revela que é gay para Rita; Andréia revela aos amigos que Odilon e Lilla haviam ficado… E isso explode muita coisa pra cena final. Ou seja, uma escolha dessas citadas, por exemplo, consome páginas e mais páginas de texto. Imaginem o que a cena final nos reserva…

Uma coisa que acho legal registrar aqui, já que estou – mesmo sem ter planejado – fazendo um pequeno diário da construção dramatúrgica, é a questão do som, da trilha, no momento em que escrevo. Eu não poderia dizer que cada personagem tem a sua trilha e que eu escuto uma trilha pra cada um. Mas, isso às vezes acontece. Eu tenho ouvido muito THE STROKES, ANTONY & THE JOHNSONS, BRIAN ENO, BJÖRK, NX ZERO, PHILIP GLASS, ADÈLE. Por vezes, as músicas me dão uma batida que é interessante para uma fala (principalmente com falas mais longas), mas às vezes a música dá o ritmo da cena, de uma discussão ou coisa assim. De outra forma, a trilha às vezes me deixa emocionado e nisso as palavras saem como um rio, escorrendo da minha boca e sendo desviadas pelas mãos sobre o teclado.

Isso têm sido sem dúvida o mais louco de tudo. Como algumas falas que são muito minhas, construídas a partir de sensações muito próprias (que eu vivi ou que pensei, enfim), como essas falas precisam do meu corpo e da minha voz para virarem palavras. Por vezes eu me encontro chorando, soluçando sem pensar falando falando e falando e nisso o texto vai nascendo já todo doído e a minha mão vai registrando. Depois eu desligo. E volto, sem chorar. Por vezes eu gasto o choro até fazê-lo secar e então a fala fica precisa. Ao ler uma palavra nela tudo em mim se instaura de novo e a coisa precipita.

Por último, gostaria de falar das rubricas. Comecei o texto usando rubricas para localizar a coisa de maneira geral e prática. Não suporto escrever (irritado) rubricas para indicar o tom ou intenção da fala e (após uma pausa) tenho bastante medo dos silêncio pré-estabelecidos. Então eu acabei desenvolvendo algumas apostas que vocês só saberão quando estiverem com o texto em mãos. Alguns códigos – por meio de símbolos, barras, espaços… – que significam uma maneira de ler o texto que não tem  que ser explicada por meio de palavras.

Vocês vão ter – realmente – que malhar a mandíbula, a boca os dentes línguas e lábios. Ao invés de quebrar o joelho, eu diria, será preciso engasgar a cada ensaio. Por hoje – que já é amanhã – eu vou deixar um trecho de uma cena. Pronto. Vou ali escolher e já volto. Escolhida:

[…]

Odilon Bonito isso.

Rita Mas é triste.

Cecília E cafona!

Odilon É solene.

Andréia É triste, Odilon, você opinar do que eu falo sem nem ter me dado um oi.

Inácio Humm...

Andréia E não foi só ele, viu, Inácio?

Inácio Ouviu, Cecília?

Andréia Não foi só ele que não me deu oi.

Rita Eu dei oi pra todo mundo.

Cecília Rita, você dá oi até quando a gente dá tchau.

Inácio Eu cheguei primeiro.

Rita Pára de me zombar.

Inácio Se eu cheguei primeiro, quem tem que dar oi é quem chegou depois.

Odilon Oi?

Andréia Oi.

Rita Oi!

Inácio Oi...

Cecília Oi, amigos. Eu precisava dizer como eu tô feliz por estar aqui. Mesmo. Mesmo com essa poeira, mesmo por tantas outras coisas. É só que eu não tô conseguindo esconder e não queria achar que é errado eu abrir isso pra vocês. Que eu tô […]

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sábado, 11 de junho de 2011

O ano do dragão,

A verdade é que a Lilla amava Harry Potter. Na madrugada do dia 15 de julho de 2011, uma sexta-feira, ela estava na Barra da Tijuca vendo a estreia do episódio final da série. Na bolsa, tinha levado chocolate e uma caixa imensa de lenços de papel. Saiu chorando e reclamando o fato do filme ter sido o menor de toda a série. No sábado, dia 16 de julho, ela acordou Andréia com um telefonema aproximadamente às 08h15. As amigas se encontraram depois do almoço e pedalaram sem parar até o início da noite. Lilla obrigou Andréia a jantar com ela. Naquela madrugada, com as pernas doloridas de felicidade, na virada do dia 16 para o 17, Letícia pediu licença às coisas de seu quarto e se jogou no mundo, literalmente.

Lilla morreu no dia 17 de julho de 2011

Como não quis chamar muita atenção, ela apenas moveu, lenta, uma das duas cortinas de sua janela. Encostou-se contra a janela para dar uma última olhada em seu quarto. Viu Matisse, preso na parede em frente à cama. Viu sobre a cama o lençol dos cavalinhos agitados pela tentativa de um sono já tão distante. Ela pensou, vendo o mosaico de cores que seu quarto havia se transformado: minha tela tem movimento.

Depois, avançou à cama, pegando sobre ela uma caneta e um pequeno diário. Guardou-os dentro da gaveta da mesa de cabeceira. Desligou o interruptor da parede e acendeu o pequeno abajur com franjas. O quarto se aqueceu rapidamente. Ela foi em direção ao guarda-roupas, abriu a primeira gaveta e escolheu, lentamente, as cores de cada par de meias. Sentou-se na cama, colocou um par, depois outro e ainda outro mais. Pisou macia sobre o chão de madeira corrida e, agora, escorregando, deslizou novamente em direção à janela.

Recostou-se para ver o quarto, novamente, mas seu olhar foi tragado pelo móbile das pequenas libélulas de vidro, preso na quina superior da janela. Estão agitadas, constatou. E então fechou os olhos e soprou nelas um ventinho quente que as pudesse acalmar. Estava tão frio. As libélulas trocaram confidências ao som de ligeiros trincos e Letícia fez força com os dois braços para se sentar no parapeito. Abriu os olhos, pela última vez, apenas para conferir se a pelúcia ia ver realmente aquilo que ela estava pronta para realizar.

Feito isso, fechou os olhos também pela última vez. Subiu as pernas rumo ao parapeito, ergueu-se sem usar mão ou braço. O rosto cândido e frio esbarrou de leve nas libélulas informando à Lilla que ela estava no máximo daquilo que poderia se chamar de alto. Resmungou um sorriso leve quando uma das libélulas passou a asa fria pela ponta de seu nariz. Recuou-se para, enfim, voltar-se ao que restava da vida. Deu um passo com o pé esquerdo. Deu outro, em seguida, com o direito. Avançou escorregando, lentamente, dedo a dedo, mas,

o polegar do pé direito esbarrou num dos sete mini-cactos enfileirados no parapeito. E então o tempo parou. Lilla ouviu o potinho de barro batendo no mármore frio do parapeito. Ouviu as pequenas pedrinhas brancas rolarem janela abaixo. Tinha dado a sua largada. Vamos eu e o cacto. E o vasinho rolou, hesitante. Entre ir e não ir, entre partir e ficar. Mas a escolha já feita fez o tempo descongelar:

E então vieram os corpos, de Letícia e de seu mini-cacto, dançando o desejo de pertencimento, envoltos na efêmera ilusão do tempo - que é o vento –, para, enfim, se cravar no chão do mundo. Para outra vez, de outra forma, com outro princípio, germinar a vida.

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Trabalho com os gestos em casa

Pego o celular e coloco para despertar em 30 min.Posiciono-me frente a um espelho e repito os gestos: soco no estômago,sutiã,mão que recolhe a fala e puxar os cabelos.

Escolhi previamente essa posição frente ao espelho e, ao longo da repetição, percebi o quanto era importante para mim poder ver o que estava fazendo.Aquilo automaticamente refletiu na busca por uma certa acomodação do gesto em mim.Tentei através disso achar a suavidade com que Rita executa esses gestos.O contexto da peça é violento e percebo que Marília reage agressivamente nessa situação,o que estava contagiando demais Rita.Foi interessante tentar ouvir Rita fora daquele espaço delimitado por fita crepe.Por vezes surgiram frases do texto,como se o gesto pudesse encaixar com uma possível intensão,atmosfera proposta pela fala.

No final anotei o seguinte sobre cada um:

Soco no estômago: ficou bem mais sutil.Essa movimentação me remete a assustar-se,surpreender-se com a vida,ser pega desprevenida, receber no estômago notícia difícil.Rita parece estar em estado constante de fragilidade;assusta-se com facilidade.

Sutiã: como se fosse o jeito involuntário,despercebido de seu corpo se recompor.Um modo de zerar e começar novamente,um modo de buscar o chão,sentir-se.As vezes talvez Rita se perca de si e o gesto do sutiã é sua maneira de tentar voltar.Frase:"Como está o restaurante?"

Mão que recolhe a fala: Esse gesto me remete a insegurança de Rita.Ela não tem segurança o bastante para dizer,as vezes, ou não tem palavras.O silêncio para ela é uma opção conhecida e talvez característica.

Puxar os cabelos: Esse gesto me remete a maneira de Rita de demonstrar indignação.

trabalho gestual > vítor

Sobre o trabalho de repetição com gestos(não chorar, óculos, ser estranho, abrir e fechar a mão, e lavadeira):

Provoca APROPRIAÇÃO. Me parece que o Odilon tá frio. E os gestos são a negação da emoção ao mesmo tempo que o lugar por onde escorre o desconforto. Claro, tem a exceção que é o gesto da "lavadeira" em que "eu" esfrego as mãos sobre a coxa e mostro descaradamente a aflição, os outros não, são sutis.

O trabalho dos gestos junto com o trabalho da atmosfera me deixou menos embaçado que o Odilon, depois de tudo com a Lila, vem se equilibrando: "certas coisas poderiam ser só esquecimento". E essa dramaturgia do esquecimento pode estar no corpo dele também se manifestando através dos gestos.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

ensaio 34

10/06, unirio, sala 602
flávia, gustavo, marília, vítor, fred e nina

08:50 chego na sala 602. Marília e Gustavo pregam jornais na janela, Vítor ajeita um livro em cima de um puf preto e Nina envolve um palitó no encosto da cadeira. Fred chegou depois, retirou da mochila uma toalha branca e a posicionou no chão da sala. Dominique não veio.

A sala agora perdeu um pouco da luz, preenchem o espaço tons avermelhados e um branco opaco. a porta da sala está escancarada, a luz do sol grita do lado de fora, ali dentro o silêncio e a espera.

Nina está sentada ao lado de uma cadeira sem tampo. No encosto da cadeira, vemos um palitó vinho com duas flores de plástico penduradas em seus bolsos, uma de cada lado, no chão a identidade da Nina pode ser vista através do espaço vazado da cadeira sem tampo, logo na frente da cadeira um relógio antigo e o livro do desassossego do Fernando Pessoa aberto com um trecho do livro grifado.

Nina fala que as flores de plástico estão ali porque não morrem, o palitó indica que uma pessoa esteve ali, na cadeira sem tampo, na cadeira que tem um buraco, na cadeira que vaza. A identidade da Nina indica o quanto a NINA esteve ali o tempo todo, o relógio que faz barulho quando os segundos passam, ali está pra dizer do tempo, o tempo que pra Nina é tão precioso, o tempo que naquela sala vazia de paredes brancas só acontece porque os amigos ali se encontram. O tempo que só é possivel porque os amigos decidem se encontrar, o tempo da peça, o tempo do encontro..

Fred agora está sentado debaixo da porta, no limite entre a entrada e a saída da sala. Na sua frente uma toalha branca e em cima da toalha duas cartas, dois envelopes e um pequeno bilhete escrito: o seu personagem vai se chamar Inácio, ok?. Fred começa a ler a primeira carta entre engasgos e lágrimas que escorrem, lê a segunda carta, olha pra gente e sorri tímido.

Fred comenta que a vida não para pra gente chorar nossa dor, enquanto ele lia as cartas o garoto na sala ao lado não parava de falar. É assim mesmo, somos atravessados por tantas coisas ao mesmo tempo, a vida é muito mais difícil que um filme ou uma peça de teatro. O tio do Fred que se chamava Inácio (com G!) morreu, a tia também, e pensar que um dia eles escreveram essas cartas. Fred fala sobre o tempo, a justaposição do tempo.

Marília nos coloca do lado de fora da sala. Em cima de um tecido vinho estão dispostos alguns "kits", ela pede para cada um escolher o seu, alguns "kits" tem lenços e velas e outros fósfóros e vendas. Escolho o "kit" que tem um óculos escuro, uma vela e um bilhete escrito: encontre um lugar para quedar. Coloco os óculos escuros, acendo a minha vela com ajuda do fósforo do Vítor e entro na sala. As luzes estão apagadas, o centro da sala está vazio, caminho devagar até o fundo da sala onde estão duas janelas cobertas por jornal e uma cortina vinho. Na frente da janela uma cadeira permanece inabitada. Olho ao redor, procuro encontrar um lugar para quedar, escuto barulhos e vejo Nina arrancando com força os pedaços de jornal que cobrem a janela, ela arranca também com força a cortina vinho, Inácio na outra extremidade faz o mesmo com as janelas escondidas por conta de um recuo na sala. Agora jornais amassados e rasgados estão espalhados pelo chão, a sala se iluminou, Gustavo sentou na cadeira antes inabitada e agora árvores e folhas desenham a paisagem da janela da sala.

Vítor acende três velas e as dispõe no desenho de um triângulo, o livro de Jó repousa aberto no puf preto, ele pede para lermos em silêncio, enquanto isso, Vítor contorce o corpo como se quisesse jogar alguma coisa muito grande e pesada pra fora, a sua boca está aberta, dela vemos cair baba. O seu rosto se expande em desespero, a imagem é forte e dolorosa, assim como a passagem do livro de Jó.

Vítor fala em levar ao extremo aquilo identificamos habitar o nosso corpo, se é cansaço intensificar o cansaço, se é alegria intensificar a alegria e foi isso o que ele fez com algo que o envolveu com força durante todo nosso processo: a dor e a perda.

ELEMENTOS UTILIZADOS NAS CENAS APRESENTADAS

jornal
cortina vinho
velas
fósforo
livro de Jó
livro do Desassossego
cadeiras
lenços
óculos
relógio
cartas
toalha branca
flores de plástico
palitó
identidade

ALGUMAS PALAVRAS E IMAGENS QUE FICARAM DE TUDO QUE FOI FEITO

o reconhecimento do outro pelo cheiro
finito
alvo
chorar pela boca
flagelo
rasgar
abrir
voar
felicidade
necessidade de se perder
necessidade de ser qualquer um
chegadas e saídas
sol contra folha de papel
dentro denso, fora suave
a beleza de cada um
ritual
tempo
perda

COMPOSIÇÃO FINAL

combinar uma composição com o tema: Festa de despedida da Dominique
ATENÇÃO: Não são as PERSONAGENS em cena, são VOCÊS MESMOS

lista:
- uma proposta de espaço
- uma coreografia
- uma canção
- utilização FREQUENTE dos gestos destacados de cada personagem
- uma gargalhada longa
- um choro falso
- uma recordação
- utilização de algum objeto usado nas composições anteriores
- um tapa
- um brinde
- uma queda

notas:
1- eles ligaram pra Dominique enquanto faziam a improvisação.
2- se confundiram algumas vezes e chamaram o outro pelo nome da personagem
3- o Fred espirrou (fazendo o gesto do Inácio) e os amigos pela primeira vez disseram: SAÚDE!

Bom bom bom!!!!!!!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Notas sobre a dramaturgia - Três

Gente, hoje quase me aconteceram duas tragédias por conta da escritura de nossa peça: 1) desidratação e 2) paranóia. Primeiro porque eu chorei tanto pra conseguir escrever algumas falas, para conseguir dizer o que eu já sabia ser preciso dizer mas que quase nunca vai de primeira. E segundo, porque a luz acabou de repente aqui em casa, o meu netbook entrou na bateria e a bateria dele não dura o tamanho da minha vontade. Ou seja, eu fiquei louco, baixei a luz da tela, tirei a música, desliguei o coller, tudo para tentar não gastar o resto de energia que em mim ainda havia de sobra.

Mas como disse a Marina Vianna, eu tô fazendo drama. Tudo certo. Hoje escrevi as cenas três e quatro. Eu havia dito: ESSE MAU ESTAR e RIR DAS MARCAS. A terceira cena tem seis páginas e a quarta tem quatro páginas. Devo dizer que cedi à tentação e criei um prólogo, que nada mais é do que as duas primeiras páginas de texto que já estavam na primeira cena e que já tem dono (Nina). Agora o mais ousado que fiz é o seguinte: havia escrito assim na capa do texto, Junho e Julho de 2011 e eu APAGUEI o mês de julho, ou seja, COMO CAVALGAR UM DRAGÃO será escrito apenas no mês de junho, ou seja – parte II –, o texto tá ficando pronto.

Foi quase impossível escrever a quarta cena. Muito difícil. Ela começa com uma longa fala do Inácio, que tinha 870 palavras, depois 600 e poucas, depois 470 e por último, cerca de 379. A dramaturgia, no ato de ser feita, vai dando o seu parecer ao mundo, a sua forma. Nosso texto tem muitos diálogos, cruzados, diretos, que se repetem. É leve e intenso, ao mesmo tempo. Feito de falas curtas e que duram, quase todas, apenas o tamanho de uma linha (é esse o meu dogma principal). Mas, e fico feliz em ter sido capturado por uma aposta tão nova para mim – é também feito de longas falas solitárias de cada um dos personagens.

A Rita faz isso bastante, sempre tem uma história pra contar. A Andréia também teve. O Odilon começa a terceira cena e o Inácio começa a quarta. O Odilon fala do que fez logo que saiu do cemitério no dia do enterro. E o Inácio tenta a todo custo convencer os amigos de que eles precisam rir um pouquinho da desgraça. É engraçado porque logo que terminam suas falas, elas meio que são ignoradas pelos personagens, como se eles soubessem daquilo que foi falado mas que não tivessem certeza se ouviram aquilo da boca do cara ou num sonho qualquer. Ou seja, o teor do que foi falado precisa ser revisitado no correr da cena e da fricção com os outros personagens.

Tem muita coisa pra falar, mas por agora, quero me liberar para passar pente fino nas cenas três e quatro e um pente extra-fino na quarta (que é a mais delicada até agora). O Inácio propôs um jogo meio absurdo que eu não sei se eu concordo. Ele cismou que quer sentir falta de ar. Colocou todo mundo louco. Tá uma gritaria esse arquivo CCumD.docx.

Ok, seguem falas da terceira cena:

Inácio Triste é quando a camisinha estoura. Isso é dez vezes pior.

Rita Que a gente tá planejando uma nova decoração pra essa sala.

Cecília Gente, tô chocada. Eu teria morrido.

Odilon Não faz isso. Pára, por favor. Pára, assim não, gente, não dessa forma.

Andréia Você tá falando que eu deveria ter passado cada momento que eu tive com a Lilla, um dia antes dela morrer, prevendo a morte dela que ninguém sabia que ia acontecer?

 

Vocês tão bailando, dentro do quarto, junto comigo. Um beijo e até já. Amanhã chego de noitinha ao Rio.

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luz.

Galera, tenho pensado muito nestas 2 paredes brancas esburacadas e na luz que entra sem pedir licença. Fico pensando como pode ser bom pensar em sombras. será que quando a porta da rua se abre permitindo a chegada de um amigo da Lilla não entra também luz e sombra ?






Notas sobre a dramaturgia - Dois

Caramba. Que loucura. Eu nem sei como foi o ensaio de hoje. Falei com a Flávia trocentas vezes ao telefone e nem tocamos nesse assunto. Tanta coisa sendo decidida, sobre pauta, edital, ficha técnica e sobre o texto. O texto. Preciso admitir, eu disse isso à Flávia: eu sinto que posso escrever a peça inteira. E ela deu aquele gemido agudo, que todo mundo sabe como é.

Eu queria compartilhar mais um pouco com vocês. Estou com a barriga roncando alto. É que a última refeição que fiz foi às 19h. Amanhã, sete da manhã eu estarei num laboratório colhendo sangue para trocentos exames. Jejum de doze horas. Então eu pensei: vou comer bastante, escrever um pouquinho mais e dormir. Tá bom que eu consegui. Já é quase meia-noite e eu parei de escrever somente agora.

Por um bom motivo: terminei de escrever nossa segunda cena. Eu havia dito, não serão muitas, então, fica faltando dois terços da dramaturgia. Vou contar um pouco mais (e hoje no telefone eu falei quase tudo pra Flávia): a primeira cena se chama DESPEDIDA DO IDEAL e tem realmente dez páginas, das quais, pelo menos duas são da Nina (risos maquiavélicos!) A segunda cena se chama MEDIDA DA TRAJETÓRIA e tem sete páginas.

Amanhã eu passo vários pentes finos na segunda cena e releio em voz altérrima a primeira. É assim que tenho feito. Tudo isso antes de começar a escrever a terceira cena, chamada ESSE MAU ESTAR. Aos poucos, eu distribuo no arquivo CCumD.docx o que precisa acontecer em cada uma das cenas. Tenho medo da nossa peça ficar com uma hora e meia de duração!

Bom, então, pra seguir o hábito criado na postagem anterior, vou escolher aleatoriamente uma fala de cada personagem e lançar abaixo. Antes disso, porém, queria informar que todas aquelas falas postadas ontem já foram alteradas. A do Inácio permaneceu como estava. Seguem as da segunda cena:

Odilon Quero pôr isso no meu blog!

Cecília Rita, cê tá tomando remédio pra quê?

Andréia Papai-mamãe é bom, gente. Desde que bem feito, é bom.

Rita Carro novo...

Inácio Eu cobro caro, você não vai ter como pagar.

É isso, gatões. Não vejo a hora de estar com vocês. Mas, confesso, tá sendo bem essencial essa solidão toda. Já diria Blanchot…

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quarta-feira, 8 de junho de 2011

ensaio 33

08/06, unirio, sala 301
flávia, nina, vítor, fred, dominique e marília

APOSTA DO DIA: ESCOLHAS

AQUECIMENTO DE USO + DEMONSTRAÇÃO DOS GESTOS
Do universo gestual que você construiu, qual(is) gesto(s) você acessa com facilidade e qual(is) gesto(s) você acessa com mais dificuldade?

Inácio
facilidade: saúde, vai cair menino
dificuldade:J.C. com a base fixa no chão

Rita
facilidade: mãos 1,2,3; recolhendo a fala que não saiu
dificuldade: soco no estômago

Andréia
facilidade: tirar algo da boca, repetição dos braços
dificuldade: 5 em 1, tchau com o dedo

Odilon
facilidade: óculos, choro escondido, ser estranho
dificuldade: Lavadeira

Cecília
facilidade: brinco, pesinho, faltando
dificuldade: sai

TRABALHO COM DURAÇÃO E ANDAMENTO
caminhar pelo espaço podendo alternar apenas duas velocidades: muito lenta e muito rápida. A palma indica o momento da troca.
Obedecendo ao som da palma conseguimos trabalhar DURAÇÃO: quanto tempo permaneço em uma mesma velocidade? como posso MANIPULAR o tempo e fazer com que as coisas durem mais ou menos do que elas habitualmente duram?
Qual é o tempo de uma criação? Em que tempo eu insiro uma criação?

RAIA
atenção às escolhas, não sair atirando pra todos os lados, apurar a escuta, atenção às diferentes velocidades e a duração.

RAIA + GESTOS + REPETIÇÃO
músicas: information society, beatles, chitãozinho e xororó, the ting tings

IMPROVISO COM TEXTO + UNIVERSO GESTUAL + JOGOS INVISÍVEIS + ELIMINAÇÃO DE FRONTALIDADE

muito boa a aposta pela não frontalidade, a relação entre vocês fica mais ensimesmada, as personagens estão em questão, só há duas possibilidades: enfrentar o dragão ou enfrentar o dragão, não existe recuo, elas estão ali encurraladas entre a porta que traga e a porta que cospe. eles terão que abrir uma outra porta ou quem sabe uma janela...

a relação entre as personagens estava muito mais viva e generosa
ótima aposta do Fred para o Inácio
bom ver o Odilon na última passada sem muitos sorrisos e gentilezas
Rita: histeria mais delicada do que agressiva
ótimo o jogo ter entrado sem que vocês fizessem esforço pra isso
reagir sempre ao estranhamento, isso significa que você pode ignorá-lo ou querer interferir, o que não dá é pra fingir que nada está acontecendo

ESCOLHA DE GESTOS PARA SEREM TRABALHADOS

TAREFAS PARA SEXTA-FEIRA

1- OS GESTOS DESTACADOS REVELAM O QUE DO MEU PERSONAGEM?
até sexta-feira gastar meia hora do seu dia para repetir exaustivamente os gestos destacados, feita a tarefa registrar a resposta da pergunta acima e levar escrita na sexta-feira.

2- COMPOSIÇÃO-INSTALAÇÃO COMO CAVALGAR UM DRAGÃO

ATENÇÃO TRABALHAREMOS NA SALA 602

levar na sexta-feira um registro, uma composição, uma instalação, sensorial, imagética, falada, escrita, desenhada, esculpida, enfim, algo que do nosso Dragão esteja forte em vocês.
Pensem na ATMOSFERA
é uma doação de vocês para o nosso dragão

COISAS PARA PENSAR:
quanto tempo dura a minha proposta?
onde colocar/fazer espacialmente a minha proposta? A platéia (se existir) fica onde?
cuidar dos mínimos detalhes da proposta: iluminação, material utilizado, necessidades técnicas etc.

LEMBREM-SE QUE VOCÊS TERÃO DAS 08:30 ÀS 09:00 HORAS PARA ORGANIZAR O MATERIAL DE VOCÊS.

ATÉ JÁ!!!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Notas sobre a dramaturgia

Eu tenho um problema tremendo. Preciso contar a uma pessoa, que seja, sobre isso que estou criando. Não importa o que seja o isso, importa contar. Ver nos olhos da pessoa a coisa se discernindo ou não. A minha irmã hoje chegou e num segundo eu já havia lido pedaços da primeira cena, falado a sinopse, contado das dificuldades, respondido a mil perguntas para, enfim, voltar-me saciado ao trabalho sobre o texto.

Gente, eu esqueci de tomar o antibiótico na hora exata porque estava engrenado, escrevendo.

Mas com essa distância, eu devo dizer, eu fiquei meio sozinho. Queria conversar com vocês, abrir milhões de coisas no ensaio de amanhã. Mas não será possível. Ainda estou preso aqui na casa da minha mãe, com alguns exames agendados. Bom, o que posso dizer é que a nossa primeira cena nasceu. E que ela tem dez folhas. E que ainda faltam cinco cenas. Sim, serão seis cenas. Não é uma divisão qualquer. Mas também não posso revelar o porquê.

O que posso dizer é que foi a cena que mais me surpreendeu até agora. Sabe aquela fala que você escreve e depois pára e se diz, meu deus, o fulano jamais teria falado isso, o que é bom, porque prova que nesta cena alguns lugares novos darão conta de revelar as personagens de maneira mais tridimensional do que eu pensava ser possível. Claro que isso é opinião de autor sobre o próprio filho, mas, é sincera mesmo assim.

Para não dizer que eu passei aqui só pra dar gosto, eu faço questão de selecionar uma fala de cada um, assim, bem fora do contexto. E por último, preciso dizer, Nina Balbi, sua primeira fala tem exatamente duas páginas. Do início ao fim. Seguem pedaços de momentos diferentes da cena. As falas não fazem sentido uma depois da outra:

 

Cecília Gente, trouxe ele pra ficar com a gente.

 

Odilon Tudo bem. A gente fala sobre isso mais tarde. É realmente algo que merece toda a nossa atenção.

 

Inácio Quem trouxe esse papo de escrotice foi você.

 

Andréia Eu quero fazer isso. Se vocês não quiserem, eu faço sozinha.

 

Rita Ai, que pena! Tudo o que eu precisava era de um vinho.

Ai, que agonia!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

ensaio 32

06/06, unirio, sala 301
flávia, dominique, fred, marília, nina e vítor.

PANO
RAIA
RAIA + UM GESTO + REPETIÇÃO
RAIA + UNIVERSO GESTUAL + REPETIÇÃO
antes dos gestos o que se vê são corpos em afetação recíproca e movimentação uniforme. Com a entrada dos gestos o jogo ganha pessoalidade, esboços de PESSOAS são desenhados, um espirro, uma mão que cobre o rosto, um braço que se estica, esses elementos convidam o espectador a um novo olhar sobre esse mesmo jogo. Jogar gestos dentro da raia pode ser muito bom, mas isso só acontece se os gestos entrarem como mais um dos raios, mais um dos vetores desse jogo e não como o ponto central de onde as coisas partem.

IMPROVISAÇÃO COM TEXTO
REPETIÇÃO DA CENA INTEIRA SEM INTERRUPÇÃO UTILIZANDO O UNIVERSO GESTUAL
- metralhadora. Gastar as fichas. Dar de tudo nesse jogo para que possamos ultrapassar uma etapa. É preciso repetir a cena com os gestos inúmeras vezes para que possamos deixar de fazer ESFORÇO sempre que precisarmos acessar um gesto.

REPETIÇÃO DA ÚLTIMA CENA + UM JOGO
1° JOGO: DESEQUILÍBRIO
2° JOGO: QUEDAR
3° JOGO: LILLA QUE CALA
4° JOGO: 3:1:1
4° JOGO: BEIJO

interessante ver como cada jogo leva os meninos para um diferente estado, cada jogo carrega uma atmosfera.
EXPLORAR diferentes maneiras de jogar o jogo, ganhar MALÍCIA, deixar as regras do jogo cada vez mais invisíveis.

domingo, 5 de junho de 2011

GESTOS Andréia.

COMPORTAMENTAIS.

- Tchau com um dedo. Levantar o antebraço e a mão direita, deixando o cotovelo do início da costela. Abrir a mão deixando a palma para a frente. /movimentar uma vez o dedo indicador para frente. Depois deixar quedar mão e antebraço.
- Coçar o pescoço.  Levar as duas mãos ao pescoço, deixando os cotovelos sob os seios. Coçar com a mão direito três vezes o pescoço, sendo as duas primeiras no mesmo ritmo e a terceira com a duração maior, chegando a pressionar os quatro dedos ( os outros além do dedão) sobre a palma da mão. Se desfazer da forma, passando as mãos pelo pescoço, chegando a frente dele, fazendo com que as duas se encontrem, para depois estender os braços juntos a extensão do corpo
- Amassar o cabelo. Levar a mão esquerda ao cabelo ( parte esquerda frente ), deslizando a mão do inicio do inicio do maxilar até a parte mais em cima do cabelo, ainda considerada  esquerda. Amassar três vezes. aumentando o tempo da duração da pressão à cada amassada. Conforme o movimento, o cotovelo vai se abrindo e a mão se afastando da cabeça. Sendo que no terceiro movimento, o cotovelo deve estar alinhado com o corpo. Após o terceiro apertar. o movimento acaba.
- 5 em 1.  Colocar o peso do corpo sobre a perna esquerda. As mãos se seguram na altura do estômago. O pé direito bate cinco vezes ao chão, enquanto o dedo mindinho da mão direita move-se cinco vezes para fora e para dentro.
- Tirar algo da boca. levar a mão direita até o lábio inferior, fechar a mão como se tivesse pego algo. Levar a mão, ainda na mesma forma , até a altura da cintura, seguindo-a com os olhos.Passar o dedão sobre os demais. Virar a mão para baixo e abri-la.
- Olhos expressos. Abrir os olhos como quem está surpresa com algo, e piscá-los duas vezes seguidas, tentando não mexer nada além dos olhos, e tornar a abri-los de forma expressiva.

EXPRESSIVOS

- Mão que fala. Colocar as mão á frente do troco.Esfrega os dedões sob os demais dedos, e abri-las expressivamente, tensionando os dedos.
- Repetição dos braços. Subir e descer os braços quatro vezes. Da mesma forma e duração. O braços inicialmente estão acompanhando a extensão do corpo. O movimento começa com os cotovelos levantando  braço, antebraço e mãos, à frente do corpo. Quando chega em cima ( os braços não estão estendidos, é como se fizesse um L entre o antebraço e braço) , os braços retornam a posição inicial e se reinicia o movimento.
- Quando se cai. Em pé. Pesar a cabeça para frente, dobrar o tronco como quem vai alongar até o chão. Para o movimento quando o queixo encostar no pescoço. Passar às mãos sobre o cabelo, no sentido, nuca- testa, três vezes, começando com a esquerda, sendo a terceira vez junto ao levantar da cabeça e tronco, terminando o movimento passando a mão esquerda sobre a face.
- Conter das mãos.  Braços ao longo do corpo. Mãos fechadas. Abre-se  e fecha-se as mãos duas vezes, tensionando-as ao abrir.

sábado, 4 de junho de 2011

GESTOS Cecília

COTIDIANOS:

1- Brinco: mão direita atrás e mao esquerda na frente da orelha, como se ajeitasse um brinco.
2 - Pesinho: abaixar e passar a mão direita sobre o pé direito, com a perna esquerda um pouco flexionada.
3 - isso e aquilo: dedos  polegar e indicador em bola, mão sacudindo quatro vezes na frente do corpo.
4 - suor nas mãos: passar os dedos da mão direita sobre/entre os dedos da mão esquerda, três vezes.
5 - impaciencia: mão esquerda na testa e escorre a té o queixo
6 - sexyyy: dedo anelar da mão direita na boca, e od outros como se segurassem um cigarro

EXPRESSIVOS:

1 - lenço: puxar um lenço do pescoço com a mão direita e jogá-lo ao lado
2 - faltando: a mão direita leva a um giro de quase 360 para trás.
3- não grito: as duas maos escorrem pelo rosto
4 - sai: gesto com a mão direita, pulso rondando tres vezes para fora, na altura do peito.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

GESTOS Odilon

Comportamentais

Pra onde obrigado: maos na altura da cintura. dedos mexem. maos batem na cintura. mao direita levanta com o indicador ora apontando pra direita ora pra esquerda e finalizando no meio. tronco abaixa ligeiramente, quase imperceptivelmente pra frente.

Óculos: com o indicador ajeitar o óculos pra tras(sai o da orelhinha).

Ser estranho: coçar as costas com a mão direita por cima do ombro esquerdo.

Jornal: mao direita em cima da esquerda fechadas. soltam. dois giros. braço esquerdo pára na vertical e braço direito na horizontal.

Choro escondido: coçar o olho direito.

Lavadeira: abrir e fechar as maos duas vezes. esfrega-las na coxa tres vezes.

Expressivos:

Rosa: Coçar o rosto tres vezes. a nuca duas. o rosto mais duas. a mao desce pelo pescoço passa na altura do coração. pescoço pra esquerda e braço esticado pra direita com a mão segurando uma rosa.

Menino: tronco pra baixo com as maos próximas ao umbigo.

Atravessador: mão percorre o tronco ate o ombro direito e continua até a coluna vertebral fazer uma quase ponte com o chao apoiada pelo braço direito.

Joelho: perda de equilibrio. Joelho esquerdo falha. perna direita segura.

GESTOS Rita

Comportamentais:

-Mão 1,2,3 : mão direita paralela ao chão,faz três movimentos como se subisse três degraus imaginários e volta ao repouso;

-Recolhendo a fala que não saiu : mão direita sobe lentamente aberta,recolhe algo fechando os dedos na altura da boca,deposita no coração e joga fora o que sobrou;

-Desequilíbrio: parto da posição em que as vezes me pego ao lavar louça/roupa,com pé direito apoiado no joelho e mãos na cintura,contudo crio artificialmente o desequilíbrio que é preado por meu pé direito que "pousa" 2 vezes no chão;

-Enrolando Cabelo: dedo indicador e polegar da mão direita pegam mecha frontal de cabelo,dedo direito enrola três vezes a mecha e para pegando com polegar direito a ponta por um instante e solta;

- esqueci o quarto movimento...ele não ficou...preciso talvez encontrar um novo...

Gesto que ganhei do Fred:

-Sutiã: com mão esquerda e direita arrumo (puxando para baixo) parte do sutiã que fica sob o seio,depois com as duas mãos finalizo movimento puxando e soltando as alças dos ombros;

Expressivos:

-360o: solto e dou um giro de 360 graus com a cabeça balançando bem os cabelos;

-soco no estômago: abaixar cabeça ao mesmo tempo que retraio leve e subitamente o estomago;

-sai aranha: sacudo a perna direita como quem quer retirar,espantar algo que grudou nela;

-puxar os cabelos: com as duas mão pego o maior numero de fios que puder e puxo.

obs: Sinto que tive mais dificuldade em propor os movimentos comportamentais.Listando-os agora tenho a  vontade de colocar o desequilibrio e o calar-se com a mão em expressivos.Mas os propus como comportamentais.Teremos tempo para alterações?Acham que nesse caso é necessário?

Me senti mais a vontade nos expressivos,mas sinto que preciso treinar o desapego ao querer fazer sentido.

Fiz a leitura de que comportamentais ou expressivos,os gestos criados devem ser artificiais e "neutros" como a caminhada na raia.Quem olha de fora atribui ou não sentido,mas de dentro é apenas uma sequência de movimentos desencadeada por reação a estímulos externos.É por aí? 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A OBEDIÊNCIA DO CORPO

No nosso último trabalho com as Raias falamos sobre a possibilidade do corpo de vocês responder aos estímulos externos com mais agilidade e destreza, como se fosse possível FREAR um impulso imediato IMEDIATAMENTE após ele ter acontecido, abrindo assim a possibilidade de responder, também imediatamente, a outros estímulos. Penso que esse corpo atingiria um nível de esperteza que não saberíamos mensurar. Auto-controle, consciência pura, ator-atleta, rigor e selvageria.

Lendo o livro "O teatro laboratório de Jerzy Grotowski" encontrei o trecho de um texto onde ele discursa sobre o trabalho com o corpo do ator, respondendo à questão sobre como resolver o problema da OBEDIÊNCIA DO CORPO DO ATOR ele diz que existem duas abordagens diversas:

"Uma primeira abordagem é colocar o corpo em estado de obediência, domando-o. É possível fazer uma comparação com a abordagem no balé ou em certos tipos de atletismo. O perigo dessa abordagem é que o corpo se desenvolva como uma entidade muscular, portanto não bastante flexível e vazio para ser o canal para as energias.

A outra abordagem é desafiar o corpo. Desafiá-lo dando-lhe tarefas, objetivos que parecem ultrapassar as capacidades do corpo. Trata-se de convidar o corpo ao impossível e de fazê-lo descobrir que se pode decompor o impossível em pequenos pedaços e tornar possível. Nessa segunda abordagem o corpo se torna obediente sem saber que deve ser obediente. Tornar-se um canal aberto às energias e encontra a conjunção entre o rigor dos elementos e o fluxo da vida (a espontaneidade). O corpo então se sente como um animal domado ou doméstico, mas antes como o animal selvagem e digno. A gazela perseguida por um tigre corre com uma leveza, uma harmonia de movimentos incrível. Se a olhamos em câmera lenta em um documentário essa corrida da gazela e do tigre dá uma imagem da vida plena e paradoxalmente alegre. As duas abordagens são totalmente legítimas. No entanto, na minha vida critaiva, sempre estive mais interessado na segunda abordagem."

Trecho retirado do texto "Da companhia teatral à arte como veículo"

memória

GESTOS Inácio

comportamentais:

- Cadê meu celular ? oito tentativas de se achar algo nos dois bolsos da frente e nos dois bolsos de trás. mão direita frente, mão esquerda frente, mão direita trás, mão esquerda trás. (2x). o último 'tapa' no bolso esquerdo trás é dado em um tempo diferente (mais lento).

- saúde ! espirro. cabeça tomba para o lado direito e mão direita acompanha.

- vai cair, menino ! cadarço do pé direito sempre desamarrado. Em algum momento, olha para o cardarço solto, ajoelha-se deixando a perna direita num ângulo de 90 graus e deixando a perna esquerda dobrada em contato com o chão. Faz todo o movimento para amarrar o sapato e, em dado momento, olha para frente e desfaz o nó.

- reco-reco mãos que formam um círculo e dedos que se encontram na altura abaixo do umbigo. Unham que se tocam e fazem um reco-reco.


expressivos:

- solavanco solavanco dado sempre pela perna direta durante uma trajetória e que gera consequência no peito e na cabeça (trás).

- quadro-negro usando o dedo\braço direito, escrevo no ar uma palavra. Termina sempre com o movimento que aponta para a diagonal direita cima.

- psiu cabeça que gira para trás com urgência, perna direita e tronco que acompanham o movimento. Cabeça, tronco e perna direita voltam lentamente para o ponto inicial (frente).

- J.C. com a base fixa no chão, joelho direito encontra joelho esquerdo; cintura quebra para a direita, entortanto o tronco; cabeça tomba para cima; mantendo o olhar para cima, coluna desenrola lentamente até que o corpo volte a ficar ereto; cabeça acompanha o olhar que mira o horizonte.