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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

achei que merecia um novo post.




acho que é por aí mesmo..

gosto quando um personagem pega a garrafa e vai em direção ao outro: acho que tem briga e quase agressão física no nosso dragão.

gosto quando eles cantam juntos uma mesma música: aquela música da viagem ou a que ela cantou na festa de formatura ou a do show do araketu

gosto de alguém estar de cueca: acho que eles são íntimos.

gosto do cenário que é apartamento

fico pensando qual dos amigos bebe a cerveja no gargalo e qual usa copo. Fico pensando qual cerveja os amigos bebem. e qual deles vai querer coca light.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Possíveis títulos...

Comentem, por favor, com sugestões de nomes para o espetáculo que estamos construindo:

ATRAVESSAMENTOS

COMO CAVALGAR UM DRAGÃO

...

E agora, José?

Carlos Drummond de Andrade
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?

    

nosso mundo e seus discursos,

eu, vitor, fred e marília assistimos a outros pedaços de filmagens. ninguém mais duvida de que filmar os encontros é algo importante. é engraçado, porque é simbólica a presença da câmera, é um incômodo com o qual estamos aprendendo a lidar. e eu posso te convencer das coisas que digo mesmo com a câmera ligada.

está quente. a campainha acabou de tocar. desci e subi. estou de volta ao quarto e o ventilador está ligado. aquele mesmo ventilador que ontem se esforçou para dar conta de todos nós. foi um encontro intenso, incrível, que me dá forças. não devemos impedir que eles aconteçam. não devemos problematizar o fato de muito falarmos. isso faz parte do encontro. falar é importante. observar também. capturar o outro no momento de sua fala e ir construindo, estimulando a intimidade.

assistimos o dia no parque da chacrinha que era o primeiro dia da nina. o dia em que o vitor não esteve. o dia em que a flávia chorou, em que a marília chorou, o dia em que eu não chorei, mas que a dodô dançou e o fred e a nina opuseram suas opiniões de forma muito contundente. o dia, enfim, que a marília converteu coroas de rosas em vasos com flor.

o fred disse: é claro que a gente vai se encontrar e vai falar nisso, e vai chorar porque isso é algo que temos em comum. eu hoje digo que é claro que a gente vai se encontrar, vai falar porque a fala é ainda o que temos em comum. quando começarmos a partilhar os corpos, outra coisa falaremos, outra língua estará em jogo.

portanto, não vamos sofrer o verbo. vamos saltar. vamos gastar. precisamos ter intimidade com as palavras. precisamos nos esforçar para falar sem ter vontade também. é um jogo, sempre está sendo, sempre será. por favor, eu peço a vocês - de verdade - em seus íntimos, queiram abusar das medidas e dos clichês da representação, digam, refaçam, falem, opinem - nem sempre tudo aquilo que seja de fato a sua opinião. vamos amar o diferente. saibam acreditar no que não acreditam, saibam defender aquilo que não diz nenhum respeito a você. é nesse movimento que alargamos a nossa possibilidade do ser ator que por fim comporta em si o mundo e seus discursos.

desci para pegar o correio. era o correio na hora que a campainha tocou. vitor, encontrei seu anel. ele está aqui. depois te entrego. vou tomar café, são 10h37, acordei com a glicemia muita alta porque esqueci de tomar insulina antes de dormir. já tomei uma dose alta e aos poucos começo a me sentir fraco. preciso parar de escrever para comer.

comerei os restinhos. de biscoitos amanteigados, de mates, pães, queijos e enfim. como criar intimidade e depois partir? é agora que a peça do meu dia começa. pós diversão, pós fim, pós refeição. a louça está suja, o chão está sujo, as coisas fora do lugar. alguém que por agora me visse assim com a casa tão abalado, com o vazio tão inerte sobre o chão da sala, não poderia supor talvez como minha solidão neste momento é recheada.

acho que a nossa viagem vai ser incrível (independente de quando), porque como o vitor disse, lá não teremos como escapar. (ele disse justamente a fala do texto que prevê: então ninguém sai. eu tranco esse apartamento e ninguém sai. e agora, josé? você vai para onde?).

bjos,
diogo
   

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

PALESTRA DE VIVIANE MOSÉ - PARTE 02

PALESTRA DE VIVIANE MOSÉ - PARTE 01

CARTA DELA - Leila Lopes

"Não chorem, não sofram, eu estou ABSOLUTAMENTE FELIZ!!! Era tudo o que eu queria: ter paz eterna com meu Deus e, se possível, com minha mãe. Eu não me suicidei, eu parti para junto de Deus. Fiquem cientes que não bebo e não uso drogas, eu decidi que já fiz tudo que podia fazer nessa vida. Tive uma vida linda, conheci o mundo, vivi em cidades maravilhosas, tive uma família digna e conceituada em Esteio, brilhei na minha carreira, ganhei muito dinheiro e ajudei muita gente com ele. Realmente não soube administrá-lo e fui ludibriada por pessoas de má fé várias vezes, mas sempre renasci como uma fênix que sou e sempre fiquei bem de novo. Aliás, eu nunca me importei com o ter. Bom, tem muito mais sobre a minha vida, isso é só para verem como não sou covarde não, fui uma guerreira, mas cansei. É preciso coragem para deixar esta vida. Saibam todos que tiverem conhecimento desse documento que não estou desistindo da vida, estou em busca de Deus. Não é por falta de dinheiro, pois com o que tenho posso morar aqui, em Floripa ou no Sul. Mas acontece que eu não quero mais morar em lugar nenhum. Eu não quero envelhecer e sofrer. Eu vi minha mãe sofrer até a morte e não quero isso para mim. Eu quero paz! Estou cansada, cansada de cabeça! Não agüento mais pensar, pagar contas, resolver problemas... Vocês dirão: Todos vivem!!! Mas eu decidi que posso parar com isso, ser feliz, porque sei que Deus me perdoará e me aceitará como uma filha bondosa e generosa que sempre fui.

Aos meus fãs verdadeiros; aos jornalistas imparciais; ao Walter Negrão e sua esposa Orphilia; a LBV; ao Eduardo Gomes; ao prefeito de Itu, Herculano Neto e toda a sua equipe e ao meu amigo Zé meu muito obrigado. Às emissoras que trabalhei, obrigada. E aos colegas maravilhosos, muita luz! A todos os sites dignos que acompanharam a minha vida, SUCESSO!!! Ego, Esther Rocha, Thiago, Odair Del Pozzo, Felipe Campos, não se sintam esquecidos. Não posso citar nomes de amigas, pois aí seria um livro, mas Sueli você é a irmã que eu não tive. Márcia, seja sempre feliz amiga. Magrid, obrigada por tudo! Andréia, do TV Fama, beijo amiga. Tadeu (di Pietro) cadê você??? Desculpe a quem eu esqueci, a vida foi muito mais maravilhosa do que sofrida para mim. Obrigado Jesus, Nossa Senhora e meu Deus, perdoem-me e recebem-me como a filha honesta e bondosa que sempre procurei ser! Fiquem com Deus, todos! Leila Lopes.


Se existe sentimento maior que o amor, eu desconheço!"


fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s/08122009/48/entretenimento-familia-divulga-carta-deixada-leila.html

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Enumera teus dias - Nilton Bonder


Enumera teus dias/Vida/Tempo
(...)
                Sem um eu para amalgamar a vida, então ela não passa de uma infinidade de fragmentos estéreis, sem sentido.
                Enumera teus dias, que eles te darão a moldura necessária para construir teu eu. Faz da morte e da finitude a única estrutura fundamentada sobre a qual é possível construir a vida. Nesta condição o agora é eterno, tão eterno quanto tu fores. E se esta eternidade não te satisfaz, saiba que jamais te será dado conhecer na dimensão do Amor qualquer outra eternidade que não seja o conjunto total e enumerado (sem acréscimo ou decréscimo de uma infinitesimal fração de instante que seja) daqueles que são os teus dias.

Aceitar a falta


A Arte de se Salvar – Ensinamentos judaicos sobre o limite do fim e da tristeza; Nilton Bonder
Aceitar a falta
(...)
E ste ensinamento de deixar bordas refere-se à capacidade de aceitação de nosso 1/7 que não faz parte de nós. Fala da possibilidade de não preservar a pureza da vida honrando nossa individualidade ao mesmo tempo em que nos protege da impureza de buscarmos a cada momento nos preencher inteiramente de nós mesmos. Eu e não-eu, o Tu, são a combinação mágica que salva.
                Em cada integração de vida que nos é possível não ocupar tudo, não pensar em tudo ou não querer tudo, há um convite implícito ao outro. A morte se faz presente neste outro, não como um anjo inoportuno, mas como uma dosagem repleta de Amor que a cada inoculação nos torna mais imunes ao terror e à falta de fé.

CARTA DELA

27 de janeiro

Meus amigos,

Parece-me que a criação e a própria vida só se definem por uma espécie de rigor, portanto de crueldade básica que leva as coisas ao seu fim inelutável, seja a que preço for. A existência pelo esforço é uma crueldade, saindo de seu repouso e se distendendo até o ser. No fogo de vida, no apetite de vida, no impulso irracional para a vida há uma espécie de maldade inicial: o desejo de eros é uma crueldade, pois passa por cima das contingências; a morte é crueldade, a ressurreição é crueldade, a transfiguração é crueldade, pois em todos os sentidos e num mundo circular e fechado não há lugar para a verdadeira morte, pois uma ascensão é um dilaceramento, pois o espaço fechado é alimentado de vidas e cada vida mais forte passa através das outras, portanto as devora num massacre que é uma transfiguração e um bem. No mundo manifesto o mal é a lei permanente e o que é bem é um esforço e já uma crueldade acrescida a outra. É com crueldade que se coagulam as coisas, que se formam os planos do criado. O bem está sempre na face externa, mas a face interna é um mal. Mal que será reduzido com o tempo, mas no instante supremo em que tudo o que existiu estiver prestes a retornar ao caos.

fiquem em paz.

saudade


Saudade
A Arte de se salvar – Ensinamentos judaicos sobre o limite do fim e da tristeza; Nilton Bonder

Saudades como falta de si mesmo
(...)
                ViKtor Frankel em seus estudos psicanalíticos sobre sobreviventes de campos de concentração faz uma importante relação entre os homens que se resignavam e aqueles que ainda “rapavam a barba”. Na situação-limite do extermínio, alguns prisioneiros acordavam de manhã cedo e, mesmo dispondo apenas de um caco de vidro, tratavam de barbear-se. Em vez de se entregarem a uma aparência que seria justificável socialmente devido às condições extremas a que estavam submetidos, esses indivíduos através deste simples ato ampliavam em muito sua chance de sobrevivência. Prestemos atenção na imensa complexidade deste comportamento: não é um ato de fuga da realidade, pois, se o fosse, certamente teria diminuído suas chances de sobrevivência. Estamos falando, portanto, de pessoas conscientes de sua situação, que encarando a degradação e a ameaça de forma realista se colocavam diante de um espelho para não permitir que o caos vigente no mundo externo conspurcasse a sua relação com a dimensão do Amor, da ordem e da estética. Se, para aqueles que vivem vidas mais confortáveis, o grande desafio é equilibrar o Amor com a Verdade, na crueza da realidade dos campos de concentração a grande prova era justamente o contrário, ou seja, temperar a Verdade com doses de Amor.
                Estamos tratando aqui de pessoas que não abriram mão de si mesmas quando estavam de forma tão real diante da possibilidade da perda de si mesmas. Estas pessoas não estavam resistindo à entrega, como pareceria a muitos, mas, ao contrário, estavam verdadeiramente se entregando. A entrega é em si um ato de resistência e não uma forma de resignação, como vimos anteriormente. A entrega é ativa, nunca passiva. E só quem se entrega tem maiores chances de salvação. A entrega é um ato de generosidade para com a vida (um detalhe carinhoso, como o rapar da barba). A entrega se caracteriza por um ato de amor, a vida que está acima de qualquer coisa, com exceção da fé na própria vida.
                Quando sentimos falta de algo ou quando temos saudades, experimentamos uma verdadeira e legítima falta de nós mesmos e saudades de nós mesmos. Acreditamos que a falta é do outro e a saudade é do outro, mas não é assim. A verdadeira saudade e a verdadeira falta do outro é um sentimento freqüente e constante que um indivíduo vive em relação a si mesmo. Trata-se da parte de si que não está incluída em si, este quinhão externo, este oitavo de morte-viva em nós.
                Assim sendo, a saudade do outro que camufla a saudade de si mesmo é uma tentativa de o ego conter-se, de ser um universo infinito encerrado em si mesmo. A mãe, o amigo, o cachorro, a perna, o brinquedo, o sol ... tudo isto podemos perder com grande dor, mas tal dor serve apenas ao propósito de reforçar nosso próprio ego. A única forma de evitar-se esse beco sem saída, esse encontro marcado com o desespero, encontra-se na descoberta de que essa saudade não é de si, mas de uma parte de si que não está em nós. Não temer a morte e não fazê-la algo externo a nós é a maneira que temos de abraçar a dimensão da ordem e do Amor.Quem se barbearia no campo de concentração ama a vida e não excluí a morte da vida. Sua saudade de si mesmo não se encerra no seu ego, mas inclui também o quinhão de morte que é parte de si mesmo.
                Uma das noções mais revolucionárias do chassidismo foi o reconhecimento de que não amamos o “outro” por ser um outro, mas porque nele há um pedaço de nós. Tal conceito põe por terra a tradicional expectativa de sermos altruístas e atingirmos níveis de solidariedade utópicos. A falta de si mesmo, a parte de nós que não está em nós, é um dado. A convivência com esta falta faz da ausência uma parte fundamental de nossa existência. Neste sentido, o que é vivido como perda pode chegar a ser vivido como resgate. A amada que parte ou o amigo que desaparece pode nos devolver a consciência da parte perdida de nós mesmos. Esta ausência resgata à vida a percepção de que é uma constante busca, em vez da tentativa de agregar-se posses e apegos na triste tarefa de administrar e preservar que nos imputamos.
                Exacerbar a falta do outro pelo que o outro nos faz falta é não perceber a falta de nós mesmos; é representá-la externamente, tornando-a passível de controle ( e de descontrole). A dimensão sagrada do outro, seja representada por um pai, filha ou amigo, é uma manifestação da falta de nós mesmos, da parcela de nossa existência que nos é externa.
                Esta visão pode parecer estranha, mas está presente na constante experiência de solidão que experimentamos na dimensão da Verdade. Nela não há mediação de mães, de amantes ou de amigos, e todos estes personagens e suas funções sagradas se desfazem ao cruzar-se o limiar de nossa profunda solidão. Na falta do outro se esconde o difícil sentimento de reconhecer a falta de si mesmo. E é nos momentos de passagem, tanto de crises durante a vida como na fronteira da morte, que experimentamos o máximo de nossa individualidade. Ficamos, assim, asfixiados neste absoluto estar só, e só nos resgatamos neste fragmento de nós no outro.
                Uma parábola da tradição judaica conta sobre um aldeão que recebeu um chamado do rei. Ele e toda sua família ficaram muito assustados com a convocação. Em solidariedade, os moradores o acompanharam até a saída da pequena aldeia; seus familiares e amigos mais próximos seguiram com ele até a porta do palácio e, dali em diante, ele seguiu só, acompanhado apenas por seu mérito próprio. O rei e seu chamamento são simbólicos da morte. Os conhecidos acompanharam uma pessoa até o fim de sua vida (limites da aldeia); seus amigos mais próximos e familiares, até o cemitério (porta do palácio); mas, dali em diante, ele está só... acompanhado apenas pelo pedaço de si próprio que nunca tinha sido parte de si. Este “mérito”, este pedaço nosso nos outros, este “nós” mesmos no limiar de não mais existir é fundamental para preservarmos a esperança até nosso último instante. Esta é a única bagagem que nos é permitido levar para além da dimensão da vida.


Nilton Bonder II e Hilda Hilst


A Arte de se salvar – Ensinamentos judaicos sobre o limite do fim e da tristeza; Nilton Bonder
O luto
                “O luto nada mais é do que a quarentena necessária para que estes “resíduos de cinismo” possam baixar, para que não venham a aderir e causar destruição na realidade do Amor. Todo aquele que penetra na realidade da Verdade deve ficar muito atento, a fim de perceber os níveis pelos quais contamina seu mundo do Amor. Isto porque a Verdade não depõe contra o Amor, em realidade, ela é o pano de fundo onde este se faz possível. A verdade depõe, outrossim, contra o mundo do controle – a compreensível, mas perigosa dimensão de esperar que a realidade possa ser reduzida apenas ao Amor.

Salvação
                A salvação, para a decepção de muitos, não será o mundo da ordem Malé (“aqui está a glória”), nem da ordem do controle e da consciência, nem um mundo composto unicamente pela realidade do Amor. Será, sim, o mundo onde existem as condições necessárias para que haja entrega. Uma realidade onde a entrega ativa será universalmente parte do comportamento humano – onde tudo que é oculto passará a ser velado.

Essa próxima estava anotada em uma pasta com o nome Recomeço.É da Hilda Hist.Achei apropriado colocar na sequência...
Hilda Hilst, “Do Desejo”

IX
Amor chagado, de púrpura, de desejo
Pontilhado.Volto à seiva de cordas
Da guitarra e recheio de sons o teu jazigo.
Volto empoeirada de vestígios, arvoredo de ouro
Do que fomos, gotas de sal na planície do olvido
Para reacender a tua fome.

Amor de sombras de ocasos e de ovelhas.
Volto como quem soma a vida inteira
A todos os outonos.Volto novíssima, incoerente
Cógnita
Como quem vê e escuta o cerne da semente
E da altura de dentro já lhe sabe o nome.

E reverdeço
No rosa de umas tangerinas
E nos azuis de todos os começos.