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domingo, 31 de julho de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
Mudança de Parâmetro
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Notas sobre a dramaturgia – Sete
Dar existência ao invisível.
terça-feira, 26 de julho de 2011
PELÚCIA
Artista americano conhecido por costurar bonecos a partir de objetos comprados. Seu trabalho é frequentemente reconhecido como abjeto.
"Kelley vê os animais de pelúcia como o primeiro abuso dos adultos às crianças pois são modelos idealizados e assexuados destinados a fazer entrar a criança no molde das normas familiares e sociais. Por isso apresenta esses animais mutados, cortados e transformados, dando-nos uma imagem violenta e expressiva desse abuso"
fonte: http://geometricasnet.wordpress.com/2008/02/15/mike-kelley/
fonte: http://www.initialaccess.co.uk/exh/42/8/unholy-truths/mike-kelley
fonte: http://daddytypes.com/2007/04/27/say_hello_to_mike_kelleys_little_friend.php
domingo, 24 de julho de 2011
favor parar de achar que o inácio é mesquinho porque, de fato, ele não é.
de quando eu pedi uma boneca para a minha mãe, ela não me deu. minha mãe ficou chateada mas tentou disfarçar. lembro que eu queria tanto mas tanto que cheguei a desenhar como era a boneca dos meus sonhos. eu sabia que meninos não brincavam de boneca mas na casa da Lilla eu brincava;
daquela febre que era ter um tamagoshi. toda a turma tinha e a professora dava um intervalo dentro da própria aula para a gente poder dar pizza, hambúrguer, botar para estudar, matar a sede... eu usava o intervalo para me trancar no banheiro. Quando a Lilla deixou o tamagoshi dela cair no chão, a Tia Anita logo comprou outro e, a partir daí, eu passei a ser pai do tamagoshi quebrado que era dela e não precisava mais ir ao banheiro. enquanto o meu ia ficando cada vez maior e já já ia virar morcego, ela já tinha se enjoado do amarelo e já estava usando o verde-claro;
do nosso primeiro natal juntos. ela ganhou o cavalete, uma tela branca, um pincel, umas tintas e um bilhete escrito: ‘que a imensidão de todo este branco ganhe contornos coloridos. Ass.: papai-noel’;
do altarzinho que ficava no quarto dela, em frente a cama. a gente sempre conversava com os duendes, os anjinhos e os gnomos (principalmente naquelas semanas de prova);
de quando eu quase fui federado. a Lilla não jogava mas me assistia sempre. ou sentada no quiosque tomando água-de-côco ou torcendo por mim entre um mergulho e outro. esta foi a bola da minha primeira medalha de ouro. o jogo acabou num ace. a lilla dizia que não tinha nada mais bonito do que me ver saltando. que eu combinava mais com o ar do que com a terra. ela sempre dizia que queria experimentar o salto;
de: ‘a Lilla é minha amiga ? ela gosta mais de mim do que do Rogerinho da oitava ? a gente vai ficar sempre junto ? a gente vai ser enterrado no mesmo dia ? tem alguém aqui agora além de nós ? eu sou bonito ? os meninos da sala riem de mim porque eles têm inveja ?’;
da gente brincando de ser grande e de ter um computador portátil para poder levar para onde bem quisesse;
que ele embalava as nossas tardes quando a gente ‘tinha porque tinha’ que aprender ‘a coreografia do momento’ para dançar na matinê;
que a gente ouvia o LP da época que o Vô Mario era vocalista de uma banda de rock chamada os improváveis;
que os controles foram perdidos quando a Lilla botou pela nona vez o filme do Gael;
que o Tio Raul conseguiu da gente ir a uma gravação do Xuxa Park. eu e lilla participamos de uma gincana de meninos contra meninas. eu queria ser do grupo das meninas mas a Xuxa não deixou. acho que ela percebeu que eu fiquei magoado e, no intervalo, ela pegou o LP que estava nas mãos da Lilla e deu um autógrafo;
das vezes que a gente saía da escola, almoçava e passava uma tarde inteira tentando aprender as coreografias. todas as coreografias. a bruaca da vizinha do lado sempre reclamava do som. ela era a Carla Peres e eu era a Débora Brasil. tentei algumas vezes ser a Sheila Carvalho mas a Lilla dizia que eu tinha um quê de Débora;
que eu nunca entendi aonde estava a graça daquela história mas não sei porque só agora eu quero descobrir;
de ser o primeiro presente que dei a ela, com o dinheirinho que ganhei pela vitória no campeonato de vôlei. na letra I já tinha escrito Inácio;
do ano em que o mundo não acabou e a gente continuou junto. a gente morrendo de medo esperando alienígenas e disco-voador e do alto só vinham os fogos de artifício;
que ela era completamente apaixonada pelo Gael e me fez ver Diários de Motocicleta 8 vezes seguidas;
da época que ela era a Emma e eu só podia ser a Melanie Brown e porque só a gente sabia toda a coreografia de who do you think you are ?;
dos únicos quadros que ela assinou com pseudônimo;
que ela sempre quis me ensinar a pintar mas não sei porque só agora eu quero aprender;
que para mim era lençol ou colcha. descobri edredom só na casa da Lilla. a gente dormia junto e eu sempre dizia que edredom era microondas de quarto de rico.
que tinha um furinho de queimado bem no meio, da vez que eu e a Cecília estávamos fumando escondido no quarto da Lilla enquanto ela tomava banho. ela saiu do banheiro e veio fumar com a gente antes que a Tia Anita chegasse. e, na pressa, a ponta caiu e queimou a toalha;
dela dizendo: ‘maiô é para piscina e biquíni é para praia’. como eu tinha medo de piscina, eu nunca vi a Lilla usando ele. mas sempre imaginei como ficaria;
que a gente tava no Centro comprando fantasia para o carnaval e, de repente, ela disse que precisava ir ao banheiro. ela voltou de lá mais branca do que o de costume dizendo que estava sangrando. eu me apavorei e pela primeira vez fiquei tão branco quanto ela. ela disse que não sabia o que fazer mas que tinha se resolvido com bastante papel higiênico mas que precisava de outra calcinha. entrei na primeira loja que encontrei e comprei logo um pacote com sete calcinhas. voltei correndo, entreguei o pacote para ela e depois de passado o susto, ela me disse gargalhando: ‘inácio, para que sete calcinhas se eu só tenho uma perereca ?’;
que foi o primeiro presente que ela ganhou do Conrado, quando fizeram 72 horas;
que quando eu comecei a dormir mais do que de vez em quando na casa da Lilla, a Tia Anita falou que já era hora de eu parar de usar roupas improvisadas e disse que ia ‘dar um jeito nisso’. no dia seguinte, ocupando parte do armário da Lilla, estava ele pendurado num cabide roxo;
da camisa que a Rita trouxe para ela da lua-de-mel com o Caco. eu sempre achei que a Rita tinha um gosto duvidoso para roupas e a Lilla se acabava de rir quando eu dizia que era preciso fazer muita oração para a Rita não fazer outras viagens porque camisa escrota, já bastava aquela;
da época que todo mundo na escola ficava lindo nos seus casacos da GAP. cada qual tinha um de uma cor diferente. eram casacos idênticos mas cujas cores personalizavam cada aluno. o dela era branco neve. eu brincava dizendo que o meu era o casaco da GAP mais moderno e caro de todos. era exclusivo. ninguém tinha um igual porque uma tia minha tinha mandado trazer da Itália. era realmente moderno para a época: era branco transparente;
que eu sempre quis este óculo e ela trouxe de presente para mim de uma viagem pro exterior. só que chegando aqui ela percebeu o quanto a minha cabeça é grande e o óculos não entrou. Aí ela ficou com o óculos e deixou o relógio para mim;
do perfume que a Tia Anita mais gostava mas que a Lilla usava pouco porque ‘não queria ser uma cópia da mãe’;
que a Lilla achava que perfume de homem é para homem e perfume de mulher é para mulher e nunca entendeu porque o Tio Renè deu um perfume masculino quando ela fez justamente 15 anos;
da maleta que a gente usava para maquiar as Barbies. e, numa confraternização de final de ano do colégio, a gente brincou dela ir de Inácio e de Inácio ir de Lilla: ela me tacou pó-de-arroz pelo corpo todo e eu passei um negócio bem preto nela. a escola toda parou para ver a gente;
do dia que ela ficou pela primeira vez com o Conrado. a gente tava se arrumando no quarto dela antes de ir prá matinê e ela disse que zebra era o nosso animal da sorte. Então ela escolheu este tênis dizendo que seria o primeiro passo para futuros muitos beijos;
de quando ela descobriu que sagitário era o signo complementar dela;
que eu fui o escolhido para ser o padrinho de todos os 7 filhos que eles iam ter;
das tardes ensolaradas depois do almoço e antes do Kumon. ela estendia a canga e eu abria a cadeira;
de nós todos posando para a foto e o pau mulato atrás da gente. Eu fazendo trocadilho, Cecília dizendo que sempre quis ter um pau mulato atrás e a Rita emburrada dizendo que a gente era muito pornográfico.
daquele final de semana na casa de praia da tia da vizinha de prédio da Cecília. os seis na cama e a Rita emburrada não querendo dividir o mesmo quarto com os meninos porque ‘eles são meninos e eu só divido a cama com uma pessoa do sexo oposto: Caco.’
que, enquanto tocava ‘losing my religion’ e o sol nascia, ‘prometemos ficar juntos, prometemos que os futuros novos amigos não seriam melhores que os velhos, prometemos que nos veríamos pelo menos 1 vez por semana. prometemos também não ficar só na promessa.’
lyla
tinha esquecido dessa música e lembrei outro dia.
o nome é Lyla, a história é outra, mas também é triste.
o vídeo é de um usuário, não faz juz à música.
então o melhor é ler a letra:
You wanted to buy me
For a hundred euro
You said you'd take me
To your little car
Your friend lived near by
He had a house and all
Where was i from you said
You guessed yugoslavia
Well it's not yogoslavia
It's not yugoslavia at all
It reminded me
Of a movie i just saw
About a little girl
From yugoslavia
She got sent away
They made her prostitute
She ate mcdonald's all day
And never had a chance to play
Lyla
You wanted to buy me
For a hundred euro
You said you'd take me
To your little car
Your friend lived near by
He had a house and all
Where was i from you said
You guessed yugoslavia
But it's not yugoslavia
It's hardly yugoslavia at all
Lyla
eu coloquei em negrito a parte da yugoslavia,
acho que tem a ver com vocês:
ele adivinha daonde ela veio, dizendo yugoslavia.
ela diz que não, porque não é mais, não existe mais.
é um território que não existe mais,
um lugar que mudou de nome,
um pedaço de terra.
as coisas voltam ao que elas são, como nós, invariavelmente.
as coisas são corpo (sentidos), seguidos de nomes, seguidos de ideias.
ou em alguma outra ordem...
Wall
sexta-feira, 22 de julho de 2011
ensaio 57
quinta-feira, 21 de julho de 2011
sobre o ensaio 56
Alongamentos
Aquecimento de uso
Jogo do lenço
Punhal(com o comando das palmas da Flavia e depois sem - curioso estar com os outros nessa qualidade de escuta. Fico imaginando agora esse estado de concentração estendido no tempo de todo ensaio)
Corrida no escuro: vejo a cada dia um ganho da confiança na total insegurança.
Aquecimento de voz.
Passamos o Prólogo, Cena 1 e boa parte da Cena 2.
Foi um bom ensaio, testamos alguns novos lugares.
Como se abrir ao caos mas também aprisioná-lo?Fico por aqui com essa questão.
Até amanhã bem cedo.
ensaio 55
ensaio 54
ensaio 53
quarta-feira, 20 de julho de 2011
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Hoje vai ser outro dia
nossas apostas:
DA AUSÊNCIA E DA PRESENÇA
um corpo que se ausenta e afeta a presença de um outro;
a presença de um corpo (ou corpos) que presentificam a ausência de um outro;
a presença de uma voz ausente de seu corpo;
a presença de um corpo que se quer fazer ausente;
a ausência de uma voz em um corpo tão presente (que se quer fazer presente pela ausência dessa voz...);
COLISÕES
corpos que se chocam, que se cruzam, que se afetam, corpos que ferem, olhares que coincidem, gestos que se atritam, falas sobrepostas,
PARAGENS
interrupção. falha no funcionamento. TILTI. breque.
FLUXOS
continuidade, extravazamento, andança, baratas tontas, run Forest run! Corra Lola corra, não para não para não para não! A FESTA NÃO PODE PARAR, seguir em frente, tentativa de fuga, de libertação, tentativa de dizer, de mostrar, de juntar e desfazer, de aglomerar e dispersar. puro movimento.
domingo, 17 de julho de 2011
15:07:2011
e só daqui a 2 meses, mudadoS, ele encontra Rita, Andreia, Odilon e Cecília. mudadoS.
MUDANÇA DE PERSPECTIVA
mas gosto da inclinação. vou voltar pra vocês com mais coisinhas. envio o desenho do cenário retangular e vou começar a trabalhar com a ideia do canto como o centro. na verdade, quando conversamos sobre canto e ainda quando existiu a ideia das paredes "se fecharem" ou "se abrirem", o foco de visão era o eixo, onde as paredes se encontram. nada mais natural que mantermos isso...
palavras do rafa. segue abaixo:
ensaio 52
sábado, 16 de julho de 2011
É estranho
Escrever aqui parece ser fatal, uma verdade pesada tipo pedra. E estranho.
Vou começar a mandar e-mails.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Especulando sobre transformações,dragões e cavalgadas
Nos reunimos um dia para experimentar algo chamado view points.Viemos através do Di,através da Flavinha,através dos dois ou por um terceiro?Sei como eu cheguei ali,mas não sei como e porque cada um chegou.Pouco nos falamos,mas era bom.Tão bom que todo sábado de manhã estávamos lá.
Desse encontro nasceu o encontro no teatro Glaucio Gil e as pessoas que se encontravam para o view points passaram a encontrar-se para fazer teatro.Me lembro que a alegria da proposta foi para mim como se me dissessem: você está grávida.Passei dias cantarolando pela rua aquela música da Marina:
eu tô,tô grávida,grávida de um furacão,grávida de um automóvel,grávida de um avião e vou parir sobre a cidade,quando a noite contrair e quando o sol dilatar eu vou dar a luz...
Mas quem eram essas pessoas que gestariam e paririam comigo?Colegas de trabalho?Alguém que divide um sonho contigo pode mesmo ser chamado assim?Como se pode dividir um sonho íntimo com quem não conhecemos?Claro,é um trabalho.Um trabalho especial com muitos desconhecidos simpáticos.Só?Talvez fosse na verdade um processo de inceminação artificial,nada de trepada gostosa,tesão,paixão,loucura.Mas,ótimo,seja como for,uma vida viria por aí.
Bem,era preciso viver para descobrir se rolaria tesão ou só inceminação e nós vivemos.Juntos.
Naquele momento,o filho chamava-se "Atravessamentos",mas desde então,o número de grávidos aumentou,o nome do muleque mudou,eu tento entender a beira do parto o que significa o nome que escolhemos e confesso que já me peguei pensando: "Que loucura,pela primeira vez alguém, que não eu, escolheu amigos íntimos para mim e não é que eu realmente me apaixonei!".Hoje conheço dores e delícias de cada um.Temos juntos memória.Fico feliz de termos escolhido esse caminho.E acho que isto posto,entreguemo nos de fato a essa paixão.
Será que Harry poderia cavalgar solo?Talvez.Mas sinceramente não me interessa.Eu só quero se for com vocês.Vou colocar meu figurino branco,meus acessórios dourados e vou dizer, baby: eu sou de vocês.Se quizerem algo em especial,peçam.Acho que a essa altura do amor e da loucura,não cabem mais constrangimentos bobos entre nós.Não tenhamos vergonha de dizer.Acho que aí começa nossa questão.
A Questão - Parte I:
A questão nasceu da palavra Atravessamentos.Pegamos essa semente,plantamos,demos água e calor.Então vimos brotar Como cavalgar um dragão.Foi então necessário pesquisa e trabalho de sol a sol para saber como cuidar de planta tão exótica e delicada.Mas nossos esforços não foram em vão e vejo lindas flores surgirem com os escritos existencialismo, lidar com aquilo que não se resolve e não se resolver o que não tem resolução.Ainda outro dia caiu de uma delas uma pétala com os dizeres:
Os amigos vão ao apartamento de Lilla para dividir as coisas da amiga,mas inconscientemente percebem que foram para saber como carregarão aquela dor porta a fora.Quando entraram ainda eram adolescentes e, como tal,não tinham ainda encontrado a desilusão e seu peso.Como cada um deve lidar com isso determinará se cada um ali se despede do grupo e aos poucos da vida ou se junto aos outros fortalecerá o desejo de celebrar o mistério da vida.É nesse perder e talvez ganhar consigo que cada um transforma-se de tal maneira que poderá sair daquele apartamento sem ler a carta de despedida da amiga.Quando eles sairem ela realmente não existirá mais naquele grupo,no mundo e os adolescentes que entraram sairão adultos.
Ainda tem um tempo até os frutos chegarem e amadurecerem.Nem todos veem,mas beija flores se aproximam vez ou outra dessas flores imensas.É uma imagem singular,mas não menos desprovida de beleza.Nossa preocupação nunca foi criar algo bonito,mas como sabemos,é natural das plantas a beleza.
Há agora algo que imagino dos frutos que gostaria de dividir com todos os grávidos.É muito difícil falar dessa planta exótica,desculpem minha falta de jeito,mas buscarei a ajuda da poeta.Adélia Prado dai me forças.
A Questão - Parte II:
Ensinamento
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite,o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado,até essa hora no serviço pesado."
Arrumou pão e café,deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
Como a mãe nesse poema,muitas peças trabalham um tema pela via indireta.Lembrando que na vida há muito artigos de luxo,inomináveis.
Vejo nas flores que brotaram que Como cavalgar um dragão não é uma peça dessa natureza indireta.Sinto que os personagens chegam usando a linguagem indireta corriqueira,mas a força da situação em que se encontram cria uma brecha para que a possibilidade de ver e dizer o inominável aconteça.
Amor violeta
O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge o meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco.Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.
Acho que o fruto maduro de nossa planta Dragão trará dita em alto em bom tom a palavra de luxo: AMOR.Com toda coragem que é pronunciá-la. Esse amor que éfeito juntos e serve de cataplasma para cada um.O cataplasma que se põe sobre a ferida de estar vivo.
Mas isso ainda é muito vago,por isso prossigo.
Explicação de poesia sem ninguém pedir
Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite,a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.
Acho que para que a flor do nosso Dragão se transforme em fruto é preciso saber que imagem a dor de existir de cada um cria.Como se tentássemos criar a nossa explicação do existencialismo sem ninguém pedir.A poeta usou a imagem do trem para expressar o que é poesia.Pegou essa imagem concreta,abraçou-se a ela e fez o poema.O caminho é claro e nesse percurso vemos magicamente impressa a explicação de poesia.
Que imagem uso para a dor de existir de Rita?Preciso saber onde dói.Como dói.Dar uma imagem para sua dor e sua delícia.Arriscar uma concretude e abraçá-la,rezando para que tenha a alegria de ver que o percurso deixou registrado como é para mim seguir.
É então que encontro-me perdida mais uma vez.Quem me dera ser poeta.
Referência importante:
Lembrei-me do personagem Kostia de Anna Karenina,de Tolstoi.Anna se mata jogando-se nos trilhos do trem.É uma cena incrível no filme.A trama de Kostia começa com a perda de um parente próximo e no fim,se não me engano,ele fala do porque ele ,em contraste com Anna,acha que a vida vale a pena ao ver o nascimento de seu filho.
Acho que gostaria de chegar naquilo que Kostia diz no final.Terão que ver o filme para saber; )
Hasta mañana,amores.
o cara do celular está sem o celular. o Dragão pegou sem pedir licença e sem dizer obrigado.
Só hoje, dia 15 de julho (minha mãe faz aniversário daqui a uma semana, meu deus !), com o cancelamento do ensaio e pensando sobre a gente, descobri como eu Fred respondo a questão maior do espetáculo e a questão que o Inácio ainda não sabe como responder: eu só consigo ultrapassar uma coisa que não admite resolução fazendo teatro. Viver não admite resolução, já me conformei, mas faço teatro. É a minha resposta para continuar em frente, caminhando apesar dos pesares. É fazendo teatro, ficcionalizando a vida e o sujeito Fred que as minhas pernas ganham forças e eu não tombo. Talvez se eu tivesse feito design de interiores ou já formado na engenharia, eu agora estivesse conhecendo e sendo amigo da Lilla da vida real, que viu num salto a possibilidade de, durante poucos segundo, não ter que se esforçar para segurar as próprias pernas. Segundos estes valiosos mas que só são pagos com a própria vida.
Estou aqui, em casa. Acabei de tirar a roupa pois tava pronto para me encontrar com vocês. São nove horas e talvez só agora a Nina estivesse chegando na 604 ou talvez agora a gente começaria a andar pelo espaço. Será que a gente teria conseguido hoje passar o texto como a Marília sempre propõe ? A sacola aqui do lado está cheia de objetos que eu queria levar. A coleira da Dodô está aqui. Falando nisso, Dodô, se você acha que no prólogo a Andréia entra com um cachorro porque ela tem um bichinho de estimação chamado Odila, me avise porque eu tenho 3 cachorros aqui em casa. É só escolher... Vamos propor sem esperar um comando que venha de fora e do alto. Não. A nossa proposta pode ser uma resposta a um estímulo próprio. Aí depois a gente vê se fica ou não e conversa. A peça também é nossa. Nina, pensa na cadeira e no microfone. Se quiser eu levo uns pratos e vou jogando na parede enquanto a Marília canta o sambinha que ela trouxe ontem...
Tô escrevendo isto não para vocês apenas, mas para mim também. Acho importante a gente estar atento ao que está acontecendo e não esmorecer. Mais, fazer uso das fraquezas e dos problemas a nosso prazer. Vamos ser cínicos (já ouvimos isto !!) vamos caminhar fingindo tranqüilidade e serenidade absolutas mas no momento oportuno a gente crava a espada e depois volta como se nada tivesse acontecido. Ninguém precisa ficar sabendo dos nossos crimes... a gente tem um Dragão entre nós, porque a gente não usa o espaço do retângulo para deixar ele aparecer ? Porque ele já está na vida (‘é pessoal e intransferível. Cada qual tem o seu. Desde os inícios’)... e ele precisa entrar em cena também. Vamos ser safos e transformar entraves em soluções ou propostas. Falar de Dragão não é fazer bonito. Não vamos nos preocupar com o certo e com a beleza. Vai estar certo e vai ser lindo se o erro for assumido até o fim e for uma proposta. O erro pode ser o lindo. E, me desculpe dragãozinho, mas você não tem a cara da Luiza brunnet ! Estamos falando de Dragões não de anjos.
Ontem eu acordei para perder meu celular. Estava dormindo e acordei no sobressalto para ver ‘terreno baldio’. Meu celular apitou e eu crente que ele estava dizendo: “acorda, Fred, para ver a peça dos seus amigos” mas não, ele estava dizendo: “levanta daí, camarada, porque hoje eu vou sair da sua vida ! Você precisa me perder para me achar !”. Como eu ia adivinhar que aquele ali seria meu último contato, gente ? A última vez que usei ele foi numa ligação cheia de afeto que recebi da Marília. Ela, naquele tom de voz costumeiro, querendo saber se a peça do gunnar era algo como o show do PaulMa (beatles entre nós.) Pois bem, levantei e fui para a ufrj. Não entrei na peça e no caminho perdi o celular. O cara do celular perdeu a identidade, tô pensando agora. E acho que é ótimo na altura do campeonato o cara do celular estar em crise de identidade. Ser ou não ser ? Eis a questão (olha o Hamlet aí !). Aí, pensando mais e melhor sobre ontem eu penso agora que se eu saí de casa não foi para perder o celular mas foi para encontrar a Nina, a Dodô e a Marília na ufrj. Sim, todos estávamos lá e resolvemos fazer uma reunião extraordinária enquanto as portas da Vianinha não se abriam. Faltou você, Vítor. Pensei em transcrever aqui a conversa de ontem mas acho que isto é entre nós 5. Acho que a gente tem que cavar este espaço só nosso. Flavinha e Diogo conversam a sós. E estão a frente da gente. Não é justo a gente se agarrar só na gente uma vez que alguns passos distanciam os 2 dos 5 ?
Acho que isto aqui é um puxão de orelha também. Vamos estudar, trabalhar, decorar, estudar e trabalhar e pesquisar e perguntar e propor. E ficar atento (‘é pessoal e intransferível. Cada qual tem o seu. Desde os inícios’). Não se ensaia Dragão só das 8:30 às 13:30. Tem muito dever de casa. Tem estudo individual. Tem estudos dos 5 juntos. Vamos nos reservar... cuidar do corpo voz mente e íntimo. Corpo e voz. Vamos ! Plural. Todos. Eu também. Às vezes a gente fica achando que ainda falta pro primeiro tempo acontecer. E que ainda tem o segundo. Mas, na verdade, a gente tá é na prorrogação. Ou morte súbita. Ou gol de ouro. Ou penalidade máxima. Sei lá, não entendo nada de futebol.
ensaio 51
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Ensaio 51
Renato veio pela primeira vez e foi sem dúvida especial.Pelo feedback do que já está impresso nesse esboço.Por saber que é mesmo um esboço.Por dividir conosco as suas histórias.Pela entrega e pelo envolvimento.
Flavinha nos mostrou a maquete do cenário.Que lindo!Que importante vê-la!Que prazer vê-la!Importante por ver ali impressas coisas ditas há muitos ensaios atrás,como:do mistério fantasmagórico e persecutório que envolve todo cenário de morte e que está impresso na cortina de plástico preto.Como ver ali pegada ao mistério,na estampa do papel de parede, a vida pulsante daquela personagem tão querida de todos.Que riqueza a idéia do chão como uma camada de memória que será sobreposta ao chão onde acontecerá o espetáculo.A parede nova em contraste com a que está entrelaçada por papel de parede e plástico preto de lixo.Como diria o Di : um cenário com camadas.Camadas finamente entrelaçadas.Um presente.Um universo.Um cenário.
Não sei quem ouviu todos os detalhes,mas foi uma linda surpresa.
Tamires trouxe a notícia dos patrocínios já conseguidos.Que vitória!
Algo borbulha entre os atores...
Enfim...só tô falando o que aconteceu comigo.
O Dragão abriu uma vez mais as asas e a baforada de vento que veio dali rearranjou mais uma vez as coisas pelo espaço.
Amanhã,na sala 604: Ensaio 52.
O que Rita falaria sobre a sala na qual todos se encontram no momento da peça
No cenário da minha vida, a sala de tv da casa da Lilla é o aposento onde mais me demorei.Aquele onde anciava chegar quando estava na rua,cansada do mundo,quando carregava comigo uma dúvida,um medo,uma alegria,uma saudade.Era para lá que eu queria ir soltar o verbo, purgar a angústia,rir, reenergizar.Me lembro de dançar "Os alquimistas estão chegando" lá,depois de muitos vinhos com a Lilla,de imitar um lagarto lembro de voltar ali assustada depois de,no meio de uma daquelas festas, ver minha foto com calcinha de oncinha pregada no lavabo(não aparecia a cabeça,era uma foto bonita,mas não esperava vê-la ali em meio a outras imagens que remetiam a banho,água...),ali assistimos as últimas copas do mundo,comemoramos aniversário de todos,soubemos da gravidez da Marcinha nesta sala tem uma marca de vinho no chão e na parede,resultado do esbarrão que Odila deu em Andréia na festa que descobri aquela foto no lavabo,na sequência eles riram e se beijaram pela primeira vez.
Ela encerrava nosso universo.A energia de milhões de memórias de vida,das nossas vidas.Ela era o nosso cenário.Eu me lembro de cada coisa
Tinha o sofá aqui,ali tinha o televisor,em cima do rack grande e lustrado.Ali tinha um vaso grande com alguma planta grande, de mentira.Aqui tinha o tapete,as almofadas.Pra lá a cozinha.Pra lá o corredor e os quartos.Tinha o lavabo.Tinha a escada pro segundo andar.Hoje tudo branco,tudo pintado,tudo pintado.Essa sala nunca teve janela.sala de tv,nem de estar nem de jantar.Lá pra trás tem o bar.Tinha o bar.A mesa onde a gente jogava jogo.Os armários da cozinha já devem ter sido levados.A mesa de vidro,o espelho sobre o balcão das louças.A Tia Anita tinha abajur pra todos os lados.
Onde será que você dança a esta hora da noite camaleoa? Rapte-me camaleoa.Adapte-me pra uma vida boa.Interestelar...
Lá nós tinhamos energia para parir Galáxias!
quarta-feira, 13 de julho de 2011
ressonância do acontecimento
Significado de Ressonância
s.f. Ato ou efeito de ressonar, de repercutir.
Propriedade de aumentar a duração ou a intensidade do som: a ressonância de uma sala.
Modo de transmissão das ondas sonoras por um corpo.
Ruído confuso resultante do prolongamento ou reflexão de um som.
Fig. Repercussão, reação: sua proposta não teve a menor ressonância.
Física. Ressonon.
Grande aumento da amplitude de uma oscilação sob a influência de impulsões regulares de igual frequência.
Ressonância elétrica, fenômeno da mesma natureza, produzido por indução a distância.
Caixa de ressonância, o mesmo que ressonador.
Química Particularidade de certas moléculas orgânicas que não podem ser representadas a não ser por um conjunto de estruturas que diferem pela localização dos elétrons.
Ressonância magnética, método de análise espectroscópica baseada nas transições induzidas entre certos níveis de energia de um átomo, de um íon, de uma molécula, submetidos a um campo magnético.
Aumento da duração e da intensidade
próximo ensaios
quarta - cancelado
quinta - 08h30/13h30
sexta - 08h30/13h30
sábado - falta confirmar horário!
PRÓXIMA SEMANA
segunda, terça, quinta e sexta - 08h30/13h30
quarta - 12h/17h
SEMANA FINAL DE JULHO
segunda - 12h/17h
ensaio 50
segunda-feira, 11 de julho de 2011
dramaturgia.
- ‘O Caco não fala, só olha.’
- ‘Rita vai arrumar tudo do meu casamento.’
- ‘O que eu tomo ? O que eu compro ? Aonde se compra ? Quanto tempo leva para eu ficar curado ? Me passa uma receita ?’
- ‘a Cecília parece que tem pirú !’
- ‘Inácio sempre mais bem-vestido que o necessário.. lembra daquela festa ?’
- ‘Ela se jogou mesmo ? Não foi um tropeço ?’
- ‘ - Você não consegue parar de falar não, Inácio ?
- Você não consegue parar de sofrer não, Cecília ?’
- ‘Cala a boca, Inácio !’
- ‘Não, gente, vinho não. Olha o Odilon aí. A gente abre uma Minalba.’
- ‘eu só queria que hoje fosse ontem de novo.’
- ‘a gente não precisa compreender tudo, eu disse a ela, mas vamos viver tudo isso porque se não vivermos, então vale a pena estar vivo ?’
- ‘- Não, não tá nada bem. Tô puto com essa minha aparente serenidade. E controle. Eles acham que é riacho mas é tsunami, dessas bem violentas. Tô cansado de manipular as minhas próprias emoções.. não quero ter descaso com o que sinto aqui dentro. Não quero fazer rir toda hora nem ser forte o tempo todo. Parece que se eu desmontar todo mundo desmonta. Eu tenho o controle. Aprendi que preciso manipular emoções corpo voz mente e íntimo. Corpo e voz. Articulação clara e precisão nos movimentos. Acreditei quando me disseram para ser científico com meu próprio peito. Não posso derramar uma única lágrima porque meu personagem só chora quando tá sozinho.’
- ‘ah, foi um dia muito triste. Na verdade, eu acho que sofri muito mais pelo sofrimento de vocês. Eu me sensibilizei mais pela tristeza de quem tava vivo. A tristeza daquela mãe foi surreal ver. Para mim ver aquela mãe sofrendo me deixou muito mais triste.’
- ‘o que era aquela maquiagem ?’
- ‘aqueles insetos todos na cara, no rosto... o diálogo entre o beija-flor e os mosquitos.’
- ‘como a gente ia saber que a gente ia passar o meio da semana com ela ?’
- ‘o difícil do dia do enterro é que ele acaba. E tem o dia seguinte.’
- ‘eu não queria consolar, eu queria ser o consolado.’
- ‘ela era minha amiga e acabou se matando e isso é uma ferida que não se fecha, mas vive com um curativo em cima ?’
- ‘os dragões param sempre do lado esquerdo das pessoas, para conversar direto com o coração’
- ‘no silêncio não é que você não tem nada para dizer, é porque você tem tudo.’
- ‘a minha relação com ela foi tutti-frutti. E eu queria um pouco de chocolate amargo.’
- ‘Pode deixar. A gente faz a partilha. Eu vou ligando de cinco em cinco minutos para te falar quem ficou com o quê.’
- ‘uma coisa que eu aprendi com minha amiga historiadora é que quando não podemos vencer um inimigo, a gente se alia a ele.’
- ‘quando o dragão estiver de castigo, a gente deixa ele na casa do Odilon, que é apertada’
- ‘o dragão é dragoa e gosta dos beatles.’
- ‘o Caco é gay e já deu em cima do Odilon !’
- ‘quando você tiver a minha idade, Inácio...’
- ‘tá querendo enganar quem ? o dragão; só se for...’
- ‘Rita, o Caco já comeu a sua bruschetta ?’
- ‘eu quero esta bacia em que a Tia Anita deu o primeiro banho da Lilla’
- ‘- Ela era feliz !
- Se fosse feliz não teria se matado.’
ensaio 49
sexta-feira, 8 de julho de 2011
ensaio 48
08/07/11, unirio, sala 602
fred, nina, marília, dominique, vítor, flávia, diogo, marina vianna, rodrigo marçal, júlia marini, rafael medeiros, philippe baptiste, fernanda abreu e tamires nascimento.
TEXTO. flávia propôs um trabalho com o texto, apontando momentos específicos, falas específicas. ao mesmo tempo, confesso, eu estou aqui escrevendo esse relatório, vendo o ensaio e também com as mãos e olhos cravadas na dramaturgia, que brotou hoje com uma ideia reveladora e (…)
PANO. com todos nós. ao som de beyoncé, the strokes, rihanna, damien rice e hot chip.
ESPADA. empunhar e neutralizar.
FRAGMENTOS PARA POSSÍVEIS LINGUAGENS
hoje o figurino está mais colorido. mais diverso.
eu. ótimo. falar pra si mesma.
rita enche a sala de objetos. genial. como criar calor?
nina afirma as coisas ao invés de perguntar perplexa. isso é curioso e estranho.
rita e odilon conversam enquanto os três quebram o pau.
rita ping-pong entre odilon e andréia,
patada nos meus amigos
ótimo jogo > usar mais nomes quebrando as falas
ouviu, inácio? diz odilon no meio de sua fala
cecília joga a pelúcia com descuido ao chão
odilon – então eles apareceram.
Os meninos realizaram apostas muito interessantes durante o improviso a partir do prólogo, cena um e cena dois. Foram dados os seguintes direcionamentos:
PRÓLOGO
cecília em cena
rita precisa realizar seis entradas e cinco saídas
odilon e andréia entram quantas vezes quiserem, mas é preciso deixar claro que suas entradas e saídas tem alguma relação
inácio não entra no prólogo
cecília pode investir num arroubo da dramaturgia já escrita
cecília deve se afetar com as entradas e saídas
CENA UM
inácio entra com a sua primeira fala, na cena um
investimento num naturalismo da cena, num lugar de ação e comportamento verossímel a nossa lida diária
investimento no discurso do corpo (ações paralelas, intimidades, gestos, toques, encontros > maneiras distintas de se escrever algo que não seja pelo uso do texto, mas sim do corpo)
investimento no andamento da cena, num jogo propositivo e intencional dos gráficos (ora mais rápido, ora num tempo mediano, ora mais devagar > variações)
CENA DOIS
investir na sequência dos acontecimentos, já que a cena não está decorada de maneira muito firme
cada personagem deve estar olhando para um dos outros quatro, sem o olhar, o olhar de todos se visitando o tempo inteiro
“RESULTADO”:
uma improvisação viva
tanto pela imprevisibilidade e jogo na solução dos “problemas”
tanto pelo domínio – cada vez maior – da cena um (a mais trabalhada até agora)
descobertas
muitas descobertas
e um corpo que de fato se permite ser afetado
um corpo capaz de afetar
de surpreender
(em todos vocês).
decorar segunda cena para segunda.
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quinta-feira, 7 de julho de 2011
ensaio 47
07/07/11, unirio, sala 301
diogo, marília, dominique, fred, vítor, flávia, nina, verônica machado e tamires nascimento.
LONGA CONVERSA DE UMA HORA E CATORZE MINUTOS.
PANO. com diogo e flávia.
PRIMEIRA CENA.
posições no espaço;
nas quatro cadeiras;
composição:
UMA PROPOSTA DE ESPAÇO
UMA PROPOSTA DE FIGURINO
DUAS PROPOSTAS DE ANDAMENTOS DIFERENTES PARA O TEXTO
UMA IMAGEM ESTÁTICA
UMA REVELAÇÃO
UMA LÁGRIMA
UMA RISADA
UMA REPETIÇÃO DO TEXTO
UM ESTRANHAMENTO COLETIVO
descrição da composição:
os meninos chegam bem vestidos. parece fazer frio onde estão. todos usam sapatos. e isso faz toda a diferença. as roupas são de cores fechadas, mas compostas. há sobreposições, cintos, cachecóis, camisas sobrepostas, meias expostas. no entanto, alguns pontos muito miúdos de cor super aparecem. por exemplo: um copo plástico vermelho que passa, sutilmente, de mão em mão (sem a obrigação de passar por todos). a mochila azul que a cecília usa. o detalhe da marca opção – vermelho – na calça de odilon. as cores todas aparecem muito quando não há cor no geral. eles se espremem dentro de um recorte retangular e pequeno feio com uma marca de uma fita crepe hoje já extinta. eles se movem sem sentido. eles se perfuram e atravessam, eles não conseguem ficar parados. mas ficam. mas voltam a se mover. apostas interessantes que dão ao texto outros significados. exemplo: na hora em que traz a pelúcia, cecília tira sua camisa e fica de sutiã. colocando a camisa estendida no chão. os meninos então saem de dentro da fita crepe e agora a área por ela demarcada vira justamente o espaço no qual eles não entram. é interessante o uso do andamento e da repetição. pequenas repetições de trechos grandes ou apenas um frase provocam de imediato uma intensificação da coisa dita. é também muito interessante o texto sendo derramado, literalmente, sem preocupação de que o sentido acompanhe o sair de toda a fala. não importa. num dado momento, é nítida a aposta num andamento mais lento, como se as palavras custassem a sair, eu poderia dizer como se fosse duro e penoso falar do que está sendo falado. mas eu não me lembro o que foi falado, apesar de conservar a sensação de estarem os cinco andando sobre cacos de vidro. lembro da bota da cecília pisando lenta no chão. os limites de crepe sendo confrontados. sobretudo, me lembro de quanta coisa além-texto foi expressada quando se percebe que há outros meios de expressão que não somente a fala. é o corpo, o olhar, o gesto, a expressão facial. eles têm intimidade e a intimidade escorre por todo o lugar. ser íntimo é ser invisível. em virtude do jogo, do se colocar em experiência, o texto por vezes se atualiza e isso é fundamental. falas mais ágeis por vezes funcionam melhor. frases mais lentas, só quando intencionalmente desenhadas dentro de uma proposta (pouco individual) mais coletiva também funcionam. experiência. excelente aproveitamento da composição para libertação dentro do texto. quando mais ele estiver firme e entendido, mas poderosa será a sua transformação, as alterações de tempo e intenção.
PREPARAÇÃO VOCAL. com verônica machado.
ganho de peso. densidade. dor. em todas as vozes.
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