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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Panetone

É chegado o fim do ano. E com ele também chegamos ao fim de um processo que se iniciou em outubro do ano passado. Seria mesmo o fim do processo? Tenha a sensação clara e límpida de que as coisas estão começando ainda, de que o nosso ofício – do qual ainda sabemos tão pouco – supera a mesmice e sempre nos atualiza com novos tremores e arrepios. Foi lindo, meninos. Do impossível chegamos enfim ao impossível. Impossível desta vez morno e aconchegante. Hoje temos a condição de administrar um pouco mais de nossos arrepios. Isso é amadurecer.

E ao mesmo tempo estamos tão longes. Neste ano fizemos vinte apresentações de nosso DRAGÃO. E foram nove semanas ininterruptas de trabalho intenso logo na primeira temporada. Foram nove semanas que pareceram nove meses. Muito esforço, muita dedicação, muita dúvida e muitos erros e muitas descobertas. Estamos vivos. Sobrevivemos. E hoje emocionamos e trazemos a cena um pouco daquilo que também nos engole e mastiga.

Que o fim do ano traga ainda mais força e desejo em nossos corações. Que a gente consiga de novo – e mais uma vez – dobrar as diferenças para dançarmos juntos isto que nunca daremos conta de controlar:

dragão 08 - foto de seblen mantovani
Foto de Seblen Mantovani

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

“Diálogo, mais ou menos ágil, com o desequilíbrio geracional”

Eis que a nossa primeira crítica é feita pelo crítico Macksen Luiz, que esteve presente em nossa estreia, no dia 11 de outubro. A opinião do crítico foi postada em seu blog [http://macksenluiz.blogspot.com/] e pode ser conferida abaixo (clique sobre a imagem para vê-la em tamanho maior):

critica macksen 18out copy

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Release

logo-documentos

Cinco jovens se reencontram no apartamento de uma amiga em comum, dois meses após o seu suicídio. Novo espetáculo do Teatro Inominável, a peça Como Cavalgar um Dragão, dramaturgia de Diogo Liberano criada em processo colaborativo, fala de uma geração em busca do acerto de contas com uma realidade contraditória. A estreia será no TEMPO_FESTIVAL das Artes, nos dias 17 e 18 de setembro, no Espaço SESC. Em outubro, a montagem estará em cartaz no Teatro Municipal Maria Clara Machado.

Graduado em Direção Teatral pela UFRJ, Diogo Liberano assina a direção ao lado de Flávia Naves, graduada em Artes Cênicas pela UNIRIO e formada como atriz pela Casa de Artes Laranjeiras – CAL. No elenco, estão os atores Dominique Arantes (Andréia), Fred Araújo (Inácio), Marília Misailidis (Rita), Nina Balbi (Cecília) e Vítor Peres (Odilon).

A aposta cenográfica, assinada por Rafael Medeiros e Fernanda Abreu, parte do mote inaugural do projeto, "atravessamentos", para compor o espaço de um apartamento onde as paredes são telas de pintura cruas que evidenciam o universo representacional do espetáculo e, que passam a ser atravessadas pelos atores na evolução da dramaturgia.

O Inominável investiga a produção de uma cena capaz de dar voz à inquietação característica dos tempos atuais. “A intenção é abordar esta geração que, frente a situações extremas como a morte, não se permite ser indiferente. Não se trata de obter respostas, mas de cruzar os extremos”, explicam os diretores.

Criado em 2008, o Teatro Inominável (Adassa Martins + Dan Marins + Diogo Liberano + Flávia Naves + Helena Cantidio + Natássia Vello) vem se destacando no cenário teatral do Rio de Janeiro. Seus dois primeiros espetáculos, realizados de forma independente, continuam em cena: “Não Dois” (2009) do texto argentino Paso de Dos de Eduardo Pavlovsky e “Vazio é o que não falta, Miranda” (2010) da obra Esperando Godot de Samuel Beckett.

Contemplado pelo Fundo de Apoio ao Teatro – FATE, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, o espetáculo conta com a supervisão de Marina Vianna, atriz e co-autora do espetáculo/filme de Christiane Jatahy, “A Falta que nos move”, importante referência no processo.

SOBRE DIOGO LIBERANO

Graduado em Direção Teatral pela UFRJ, Diogo Liberano vem se destacado como dramaturgo e diretor teatral. Este ano foi selecionado para o Seminario Intensivo de Dramaturgos, promovido pelo Panorama Sur, em Buenos Aires. Como diretor, foi convidado pela Cia do Atores a co-dirigir, ao lado de Cesar Augusto e Susana Ribeiro, o espetáculo “Peças de Encaixar”. Diretor Artístico do Teatro Inominável, dirigiu “Não Dois” (2009) e “Vazio é o que não falta, Miranda” (2010).

SOBRE FLÁVIA NAVES

Graduada em Artes Cênicas pela UNIRIO e formada como atriz pela Casa de Artes Laranjeiras – CAL, nos últimos anos, Flávia Naves vem realizando assistência de direção de diretores como Ana Kfouri (“Senhora dos Afogados”) e Ivan Sugahara (nos espetáculos “A Estupidez”, “Tempo de Solidão” e “Sem Ana”). Também integrante do Teatro Inominável, como atriz, está em “Vazio é o que não falta, Miranda” e agora assume a direção do novo espetáculo da companhia ao lado de Diogo Liberano.

 

SERVIÇO “COMO CAVALGAR UM DRAGÃO”
Classificação etária: 14 anos
Duração: 75 minutos

Temporada no Teatro Municipal Maria Clara Machado
Estreia dia 11 de outubro
Até 7 de dezembro

Terças e quartas, às 21h
Teatro Maria Clara Machado (Planetário da Gávea)
Rua Padre Leonel Franca 240 – Gávea
Informações: (21) 2274-7722
Capacidade: 80 lugares
Bilheteria: terça-feira à quinta-feira a partir das 18h; sextas, sábados e domingos a partir das 15h. Sempre até 21h. Aos domingos até 20h.
Ingressos: R$20 (inteira) R$10 (meia)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Notas sobre a dramaturgia – Oito

faz tempo que não escrevo sobre a nossa dramaturgia. nessa semana, ouvi de marina vianna que nosso processo é o mais textocêntrico de todos. entrei numa crise (rápida, passageira, porém sincera e contundente). a pergunta não é que dramaturgia criamos, mas sim de que maneira chegamos até ela. tenho a clareza absoluta agora de que o nosso drama foi erguido a partir do papel escrito e não necessariamente a partir de ires e vires do corpo ao papel e vice-e-versa. nenhuma problema. o processo é movimento, é erro e tentativa.

não sei porque estou escrevendo isso. temos a nossa estreia dentro do TEMPO_FESTIVAL das Artes no próximo sábado e foi apenas no sábado passado que eu terminei de escrever o texto. de sábado passado (início de setembro, mais precisamente no dia três) até hoje, quinta, muito texto já foi mexido e reescrito. eu, aliás, estou na cozinha da minha casa, tomando um café, enquanto me preparo para reescrever um trecho que espero ser o último até nossa estreia.

mentira. a dramaturgia é e sempre foi movediça. a cena quer entrar e quer se fazer escrita. se foi um processo textocêntrico? talvez por in_experiência, talvez por amadorismo = aquela febra dos que amam com cuidado e excesso de zelo. nenhum problema. respiro. o que ponho aqui escrito é relato sincero e preciso. estamos em tempo. os corpos se movem mais do que nunca ansiosos pelo encontro com o abismo.

chega de poesia. o final da peça escrito. PRÓLOGO (escrita automática) + CENA UM (despedida do ideal) + CENA DOIS (medida da trajetória) + CENA TRÊS (esse mau estar) + CENA QUATRO (rir das marcas) + CENA CINCO (desconhecer-se) + CENA SEIS (não nomear) + EPÍLOGO (profanare). os nomes sempre sintetizando aquilo que depois eu tento expressar por falas, discursos, personagens conflitos e cruzamentos.

enfim, eu queria dizer que eu não sei. que o texto chegou ao fim mas é desde já, desde sempre, coisa morta. que é bom, bonito e seguro. mas que precisa dos corpos, das investidas, das desmedidas, sim, sobretudo das desmedidas. o texto precisa trepidar, ser alvo dos soluços e dos respirares. eu tô tão óbvio. não importa. quis apenas vir até aqui e constatar: o quanto produzimos. o quanto ainda falta para concretizar.

vamos?

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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

passadão + cena quatro

espaço sesc, 29 de agosto, 09h30/13h
diogo, nina, flávia, vítor, fred, dominique e marília

PRÓLOGO

aposta de utilizar a faixa DRAGZ 2 feita pelo cabelo;
cecília usa um mp3 player;
boa dicção, porém a voz parece baixa (tentar impostar mais);
boa a chegada da andréia (o tempo, a parada ao lado de cecília);
é bom tocar a sujeira no chão, mas talvez não com as mãos e sim com um dos pés;
bom o toque no inácio;
bom o sorriso no “conrado”;
cecília – fechar partitura e ser rigorosa na repetição da mesma;
a trilha também se retira da cena e deixa cecília rendida?
tônus na lista de odilon que não cessa até o fim da lista da rita;

CENA UM

reação de rita ao “né, rita?” de cecília;
bom o “chantagem emocional”;
bom o tirar do casaco, cecília;
ótimo, nina! o esporro no inácio (deu pra ver que não é por conta de um tênis);
andréia entra com o “pára, rita” com um sorriso que parece sobrar;
a coisa da saudade precisa ser mais sincera (inácio e rita);
rita, entrar mais na fala “se quiser eu posso ir ao banheiro”;
cuidado com a agressividade e a finalização do jogo físico entre os dois meninos;
”lembrança pra lilla”, indicar o lenço como se fosse lilla;
”não, aquilo que a gente tinha pra fazer aqui”, falta intenção (ele tá sendo irônico, escroto);
resolver a coisa da pelúcia;

CENA DOIS

meninos, na andança durante o monólogo de odila, serem mais ágeis e práticos, saindo de cena sem ter que conferir nada;
ótimo o solilóquio, apenas atenção ao forçar da emoção e tomar cuidado com as caras e bocas;
boa a risada (podem debochar mais da coisa da beterraba);
meninas, cuidado com o “pseduo-falatório” enquanto odilon e inácio “brigam” sobre o dvd;
”eu não perguntei isso” tá muito gritado, vítor;
bom o choro da rita e boa a reação da cecília;
corte no texto da rita: do calmante falar direto da ligação do caco" (eu entrego o corte);
cecília e andréia precisam ganhar mais a discussão;
”não chora” ainda não funciona;

CENA TRÊS

afetação maior no “é isso” inicial de andréia, talvez a gente deva aumentar o texto dela;
cecília e rita estão ótimas e fortes dentro de suas convicções;
rita entrar mais direta com ”ela me ligou também”;
será que o texto do odilon é todo pra andréia?;
brinde > não estrangular o texto;
SENTA PRA ASSISTIR não é para o público;

CENA QUATRO

bom o engasgar, fred;
rita, bom “de somar todas essas lembranças e montar uma lilla que nunca existiu”;

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sábado, 20 de agosto de 2011

passadão

PRÓLOGO – 12h24

um doce início, nina. foi preciso.

é também preciso o tempo de relação (em silêncio) com andréia e seu corpo.

dois quadros andréia sai lenta e cecília gagueja dois quadros o do cavalo e o da menina: ótimo receio de perder, da falta.

dominique talvez possa se afetar bem pouquinho aos toques, com um ligeiro sorriso, ligeiro tremer, arrepio.

o que falta é só o corpo dela, a presença continua, volátil.

a lista de inácio inaugura um tempo outro.

inácio chega de costas. lento, cecília o toca.

é bom isso fred de enquanto estiver sendo tocado estar olhando o vazio do espaço.

a lista do odilon começa com inácio saindo, talvez por isso certa irritação, também precisa, nina.

alguém lembra o nome do perfume, aquele sem rótulo que a letícia usava pouco?

rita entra meio sorridente, brincando com os gestos de cecíla – elas se encontram.

rita – cecília tem o rosto da amiga nas mãos.

CENA UM – 12h33

ótimo, fred, gastando o jogo nas falas que podem explodir ainda mais a situação.

ótimo, nina, usar o jogo na fala da lista.

gosto da rita quase estática reagindo com as mãos.

ótimo, ótimo, ótimo, maravilhoso! diz cecília sobre andréia sair da divisão.

rita sai, odilon entra.

a colisão entre odila e andréia não funciona. vocês ou colidem ou abandonam a ideia.

odilon gasta um bom tempo observando a chatice

interessante a entrada de rita e andréia, com sorriso no rosto, andréia só tá cansada desse papo

isso faz a implicância com o odilon ficar mais clara

o gaguejar é ótimo, dô, isso é o que você tá querendo…

bom o lilla, lilla, piada de mau gosto

boa a discussão de relação

pombinho odilon pombinho andréia

boa a briga!

cecília cheira o lenço

a recepção ao lenço que chega ainda não rola

bom demais o A GENTE TERMINOU de andréia e odilon

mto boa discussão entre andréia e odilon sobre a tela

rita no chão

CENA DOIS

ótimo, odila

bom os comentários de odilon, RESTAURANTE

ótimo diálogo odilon andréia

BEIJO NA BOCA, ela também beijou na boca se é isso que tá faltando

discussão dvd tem que dosar, mas rola

bom o jogo, rita, de interferência no papo odilon-inácio

boa, nina, as repetições como a grossa, como a grossa, isso não te diz nada, que grande resolução a sua, perfeito, brilhante

CENA TRÊS – 12h57

fred, boa evolução no ganhar

boa, dô – desde o início soltar o horror e a raiva por ser colocada nesse lugar

bom o porquinho, a progressão da epifania > acho q é preciso transbordar

papo truncado a mini-discussão tira a mão da minha frente é ótimo

ótimo > aceleração eu não tenho obrigação nenhuma

não é exclusividade/é sim/não é…

boa, vítor, a repetição que que vc fez com a lilla

ótimo, dô, a aproximação com andréia e a fala de andréia silenciosa para, tentando afastá-lo

simultaneidade das reação inácio cecília e rita <<

boa, rita, precisa sim!!! boa argumentação!!! te ligou, pediu um beijo, despedida!

TODO MUNDO AQUI SABE QUE A LETÍCIA TINHA MANIA DE DAR BEIJO

andréia, se afetar com a confissão da despedida de andréia

UM BRINDE >>> BOA! DÁ O START PRA TUDO

FALA ANDRÉIA

cadê a afetação dos amigos?

boa, cecília, segurar rita

rita sai, odilon sai, rita volta odilon fica lá dentro

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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

CARTA DA SINCERIDADE

"É sempre difícil começar uma carta assim como esta. Sabe o que é difícil? Dizer a verdade. Eu me acostumei a substituir a verdade pelo correto. Pouco importa que 1 + 1 = 2. Importa o que isso significa. 1 + 1 = 2, eis uma frase correta, mas ela é tão sem verdade quanto a nossa existência conformada. 1 + 1 =2 é uma frase vazia. A verdade nunca é vazia. Ela está sempre se intrometendo em nossas vidas. E nós estamos sempre fugindo dela. Isso é covardia. Nossa corretude é covardia, é prorrogação.

Estamos adiando a nossa vida. Adiaremos ela eternamente até que ela não possa mais acontecer. Para que então, impossibilitados pelo nosso imobilismo, declaremos satisfeitos que agora não dá mais. Nada mais a ser feito. Não deu.

Como não deu?

Estou farto. Farto dessa falsidade entranhada. Farto do seu olhar de cúmplice. Farto da nossa covardia. Farto de tanta decadência.

Por que não deu?

Escrever agora é como tomar um banho de sinceridade. Sabe, a gente precisa encarar de frente as coisas. Deixar o óbvio falar por si próprio. A gente tomou o caminho errado. O caminho do medo. O caminho do vício. O caminho da covardia. E nem eu nem você queremos consertar isso. Nos tornamos a nossa própria repetição. Como loucos, esperamos mudanças fazendo sempre a mesma coisa. As coisas não vão mudar.

As coisas tem que mudar.

E isso não é de graça. Não é receita pronta. Não é conforto. às vezes parece que você só quer conforto.

Cansei de esperar por você e seus amigos. Essa gente é tudo hipóteses. Procrastinadores.

Então decidi mudar por mim mesmo. Ter a coragem de ver que o mundo não se curvará aos anseios inertes que ensaiamos. Basta admitir isso. E não vou explicar as coisas aqui, isso ninguém precisa dizer.
Mas o que é importante é que entre ontem e hoje alguma coisa se perdeu. Lembra que a gente podia ficar horas imersos um no outro. Fechados em nossos mundos tinhamos acesso a todo e qualquer mundo. Lembra, como a gente se mergulhava? Como o mundo passava lento lento e distante?

Mas o mundo sempre esteve lá.

Essa é a grande diferença. Você queria esquecer. Eu queria lembrar. É o meu caminho. Eu sempre quis que você visse. Enxergasse. Mas os olhos não bastam. E eu te mostrei. Você sempre foi mais além e isso me fascinava. Bastava um leve princípio, você tinha em si tudo que precisava para criar. E você viu tudo. Mas ver não é suficiente.

Eu queria levar você junto.

Nós montamos o melhor dos mundos. Um mundo verdadeiramente nosso. Mas sempre faltou uma coisa. Amar esse mundo. Nós paramos um estágio antes. Antes do mundo virar mundo. Antes da existência.

Não existe amor ao impossível.

Sabe, antes de voltar para casa eu lí uma frase num muro:

“ Se não você, então quem?
se não agora, então quando?”

Ver é insuficiente,


Conrado"


Carta escrita para Letícia, a nossa Lilla, pelo meu amigo Conrado Costa. Linda e intensa contribuição para o nosso processo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Van Gogh

“Um dia eu dormi sentindo a dor da perda, a perda de um amor. Sonhei com as árvores e o céu de Van Gogh, sonhei com aquela paisagem embaçada, borrada, como se dedos sujos de tinta tivessem arranhado toda a beleza da paisagem que eu via.
Acordei assustada e com um medo pavoroso de olhar pela janela, medo de olhar as folhas, as árvores, as nuvens e só encontrar a tinta borrada no meu sonho, mas não foi isso que aconteceu, pela janela as folhas, as árvores e as nuvens ainda eram folhas, árvores e nuvens.
Suspirei, um longo suspiro de alívio e me lembro de agradecer com todas as minhas forças por não ter morrido em vida.

Acho que a Lilla acordou, olhou pro céu e só viu borrão de tinta.”

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

LISTA de ACONTECIMENTOS FINAIS

Seguem abaixo possíveis acontecimentos para desenvolvimento nas cenas quatro, cinco e seis do espetáculo:

ESGOTAMENTO PÓS-CENA 3;

DIÁLOGO ANDRÉIA E ODILON: sobre o beijo, sobre "a gente terminou";

DIÁLOGO CECÍLIA E RITA: sobre altura, sobre a sala, os móveis, sobre a coragem e/ou desespero de lilla, diálogo sobre se você quer ser minha melhor amiga;

LEMBRANÇA DA LILLA: sobre a pinta na coxa, sobre o repositor de leite do supermercado, sobre a festa e a bolsinha cheia de cacarecos;

DIÁLOGO INÁCIO E ALL-STAR CANO ALTO DE ZEBRINHA: sobre se sentir incapaz de dar conta do convite feito pelos amigos, sobre não conseguir ser outra coisa, sobre se reconhecer vencido e incapaz de aceitar toda essa instabilidade;

RITA E CACO: sobre não querer ir embora, sobre estar na casa da amiga suicida, sobre estar com os amigos, sobre foda-se!;

A CARTA: sobre quando encontram a carta deixada pela amiga;

O GURU DO GUGU: sobre o recurso encontrado para brincar com o sentido, sobre perguntas lançadas ao guru sobre tudo isso, sobre perder a importância de alguma resposta;

CUPCAKE: sobre a possibilidade de comemorar alguma coisa, um desaniversário, a morte, a vida, qualquer coisa, sobre a possibilidade de usar as velas do último aniversário de lilla, encontradas, sobre a possibilidade de adoçar a boca e aliviar o segundo;

CECÍLIA E A NOTÍCIA DE JORNAL: que a fez lembrar dos amigos, fala de um ato de resistência de um grupo de seis jovens contra a demolição de um teatro no rio de janeiro que termina com a morte dos seis, fala de como o jornal anunciou tudo isso, fala que a fez se lembrar dos seis amigos;

O JOGO DO LENÇO: que todo mundo sabe qual é.

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domingo, 7 de agosto de 2011

67

O que importa um número? Importa muito. Hoje no parque Lage através do Tempo Festival completaremos sessenta e sete ensaios. Sessenta e sete vezes em que estivemos juntos trocando cheiros, palavras, olhares, idéias, pensamentos, saberes, incompreensões, frustrações, conquistas. Cinco atores, cinco amigos, dois diretores, sete amigos, juntos numa sala de ensaio na tentativa de devolver ao mundo o que dele receberam.

Nesses sessenta e sete ensaios talvez o que mais tenhamos feito é encontrar a melhor forma de dizer: estamos aqui, continuaremos aqui e juntos, e mesmo que tudo indique o contrário ainda sorrimos. Sim, talvez seja esse o nosso dizer, ainda sorrimos mesmo quando a vida nos abre janelas que são ao mesmo tempo um salto e uma queda. Um convite ao adentrar no mundo ao mesmo tempo que uma possibilidade de se retirar do mesmo. Janelas que são ponte: um salto na vida ou uma queda pra morte.

Compreender que a vida é feita de contradição, que somos fruto das nossas escolhas e que nosso corpo em sua batida irrevogável clama desesperadamente por poesia e canção, são apenas algumas das questões que nos envolveram durante esses sessenta e sete ensaios e que hoje as 18:00 horas gostaríamos de compartilhar com aqueles que nos visitarão.

Sejam muito bem vindos.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá.

Profanar, rasgar o verbo, o corpo,
não ligar pro que os outros vão dizer,
não é maldizer é dizer bem, é fazer acontecer, não é fazer o que bem entender e cagar pra todo resto, é fazer sem ofender mas sem também se retirar,
dizer a que veio honestamente, sinceramente, profundamente.
Esquecer o que se é, incorporar o que não sabe.
Vestir a camisa, comprar a briga e correr de olhos fechados.
Existe algo querendo nascer que não revela um rosto apenas um cheiro.
Por isso o fechar de olhos, assim farejamos melhor, assim amamos mais vezes uma mesma e tantas outras mesma coisa.

Profanar é amar o estranho, o não sabido, o proibido porque estranho, o mal falado porque não sabido.
Profanar é amar sem jeito, sem lugar pra acontecer, amar caindo abraçado na lagoa Rodrigo de Freitas, feito poste que despenca, feito pingüim de geladeira. Profanar é ser otário, bobo, ridículo, e tudo isso porque se ama, porque se morre de amor.

Profanar porque eu preciso da baba caindo no meu corpo, pra sentir que ainda existo em algum lugar inexplicável.
Profanar porque eu preciso da risada contagiante junto ao choro de pavor,
Profanar porque corre sangue, fezes e urina pelo meu corpo, corpo esse profanado desde o que dia em que nasceu.
Profanar porque meu corpo é testemunha de um horror sem precedentes, horror que me faz cúmplice de um crime que não cometi.


Transformo em palavras o que me pede pra ser digerido. Não sei qual o valor desse bolo estomacal, divido-o com vocês pra pensarmos juntos e propormos juntos. Não sei o que nos espera e isso me agrada muito.

sábado, 30 de julho de 2011

Mudança de Parâmetro


parâmetro 
(para- + -metro) 
s. m.

1. [Geometria]  Linha constante que entra na equação ou construção de uma curva, e serve de medida fixa para comparar as ordenadas e asabcissas.

2. Característica ou variável que permite definir ou comparar algo.

Parto do posto acima para desenhar algum percurso possível do que possa ser essa parada do processo colaborativo. Havíamos sentado, lá nos inícios, para discutir o que poderia ser, para discutir papéis, funções, maneiras de se fazer. Pois bem, entendendo ou não alguma coisa, seguimos tramando ideias, propondo coisas e escrevendo com a caneta que nos era possível ter em mãos.

Mas, no último ensaio, percebi que estar em processo - e nele estamos - pressupõe uma constante reavaliação de parâmetros. De acordo com o verbete acima, "parâmetro", trata-se de uma varíavel que permite definir ou comparar algo, ora, estamos falando de um dado, uma linha, um limite que nos dá a medida de todo o resto. Ou seja: qual é o parâmetro que nos diz se a cena tal deve ou não continuar no espetáculo? O que nos permite saber que é mais acertado o texto chegar mais acelerado ao invés de mais lento?

Poderiam ser muitos parâmetros. Eles foram. No entanto, não coexistem muitos parâmetros porque a curva, a evolução de acontecimentos que estamos construindo, já não diz respeito mais a nós mesmos, ao nosso processo de criação, as nossas ideias e vontades. Hoje, a curva tem nome, se chama Dramática, e diz respeito ao nosso esforço por tornar possível e sensível que nossas personagens vivenciem essa história, essa dramaturgia (por nós, claro, tramada).

Vejamos: qual parâmetro então pode dar limite, corpo, a tudo o que vem sendo testado e abandonado? Qual parâmetro é capaz de organizar esse caos presente em cada ator, que vaga acumulado, atores vagando quase que saturados com tudo o que já foi feito e, no entanto, com apenas um pedaço de cena para nela dar sentido a tudo isso?

Se o parâmetro agora fosse aquele mesmo dos inícios, toda a angústia se justificaria e encontraria abrigo. Mas não é. Não pode ser. Não é. O nosso parâmetro agora é mais livre e diz respeito à cena, diz respeito à direção. Somos dois diretores, movidos pelo desejo e empenho de tornar essa história sensível, de tornar ela possível a quem nos vê. Nós somos os espectadores que vocês sempre terão. Isso não é pouco, isso não é pouco. De fato, não é.

Portanto, vamos deixar as medidas tombarem e outras novas assumirem nosso destino. Vamos acreditar que nem tudo deve voltar, nem tudo é hoje necessário para criar isto que estamos construindo. O sentido de cada personagem é também movediço. Isso é processo, ora, estamos em processo. Não funciona que sejam vocês inflexíveis, atores. Isso não é acusação. Não estamos aqui pra isso. Estou dizendo que a inflexibilidade às vezes está no pensamento que não se permite ser outra coisa que não aquilo, descoberto lá atrás, aquilo que faz todo sentido. Não estamos buscando sentido. Estamos buscando atravessá-lo.

Tudo isso pressupõe movimento, pressupõe inconstância, pressupõe dança e respiro. Ora, então não vamos falar do corpo dando a ele o parâmetro dicionário. Não vamos endurecer o parâmetro se a coisa toda quer degringolar e correr livre e solta.

Essas palavras são um sutil aposta na noção de processo. Não vamos perder a nossa imensa capacidade em lidar com o que não sabemos. Até agora, tudo o que temos partiu desse embate com o desconhecido. Sigamos nisso. Eu e Flávia estamos atentos para já já, deixar claro a vocês, o porquê de tudo isso.

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Notas sobre a dramaturgia – Sete

Faz tempo que não me sento para escrever sobre a nossa dramaturgia. O tempo que tenho tido é usado para de fato escrevê-la. Pensar sobre o que escrevo, pensar sobre o que estamos escrevendo, é tarefa póstuma. Mas cabe hoje um pouco esse desgaste, esse revirar das ideias, essa tentativa vã, porém sempre saudável, de tentar se ver lá na frente.

Terminamos juntos de escrever essa cena três. CENA TRÊS - ESSE MAU ESTAR. De qual mau estar estamos falando? Da morte? Da culpa? Estamos falando da incompreensão? Não importa responder. Importa, acreditam as personagens, especular o que possa ter acontecido. Algo que possa suprir a categoria "explicação", que comporta todo um mundo de possibilidades. Eles querem explicar - cada um a seu modo - como pôde essa coisa ter invadido seus corpos e ter criado morada. Eles não sabem. Caso soubessem, não haveria dramaturgia.

Eles tentam, eles persistem e se precipitam. Eles se machucam, mas também ferem, não são santos, são tentativas. Eles tentam a todo custo lidar com a burrice do outro. Eles tentam a todo custo lidar com a sua inteligência, hoje, porém, incapaz de ditar resolução que sirva. Somos burros, talvez um deles deva pensar. Ou então, talvez um pense, isso que estamos tentando entender agora voa dançante entre a gente no meio dessa sala.

Eles não percebem. A dor é capaz de cegar. A dor engole os princípios e transforma a vida em ciranda-desespero. Os beijos viram cortes, o piscar do olho instaura um tiroteio. Mas se acalmem. Eles já já vão se deparar com o desconhecido. Eles em breve perceberão que se chama Lilla tudo isso.

E então cena quatro chega para confortar. Não quer dizer alegria, felicidade, essas coisas capa de revista. Quer dizer que o tempo agora age de outra forma. O toque se testa de novo e a pergunta primeira não é acusação, mas sim tá tudo bem contigo? CENA QUATRO - RIR DAS MARCAS. Que marca é essa, Jesus? Só pode ser Lilla. É ela que se tira deles e ao mesmo se crava em cada respiro, em cada investida que cada um deles dá no mundo. Ela se crava e vira cicatriz que não cessa de rachar a cada dia. Só pelo divertimento que é se descobrir capaz de morrer e viver de novo, sempre novamente a cada manhã nascida.

Acreditem. Só nos falta falar dela. Não há mais nada. É só isso. Eles estão ali para viver um pouco mais tudo isso. Não é pra resolver. É pra dividir os espectros e formar um corpo menos propício ao esquecimento. Eles estão ali para juntarem os restos de cheiro, os restos das roupas e das coisas da Letícia, dos brinquedos, dos pincéis e para assegurarem, uns aos outros, que ela estará protegida. Ela que os costurava agora continua agindo. Que tarefa difícil, não?

Dar existência ao invisível.

Estou me perdendo? Talvez. Não faz mal. Vamos seguindo que o que estamos construindo tem força suficiente para se perder e se achar. Vocês estão me emocionando, vocês estão, aos poucos - perversos - atravessando,
    

quinta-feira, 21 de julho de 2011

ensaio 55


20/07/11, unirio, sala lucília peres
diogo, flávia, dominique, nina, marília, fred e vítor.

começamos atrasados, bastante atrasados. o ensaio hoje foi de tarde e isso altera tudo. em breve voltaremos ao horário habitual. alongar, aquecer a voz (sempre). acreditar na periodicidade (não somente do trabalho com as cenas), mas também na periodicidade e rigor com o próprio corpo.

ouvimos caetano enquanto jogavam o pano. depois, voltamos a brincar de empunhar a espada, porém, dessa vez, foi pedido que os meninos encontrassem um momento juntos - sem combinação - para atacar. foi muito interessante. depois, flávia sugeriu que eles substituíssem o estocar das espadas imaginárias por abraços. outra composição que rendeu imagens muito interessantes.

figurinos colocados. aquecimento de voz feito. conversas soltas sobre as primeiras cenas. solicitações aos atores para não perdermos aquilo que é preciso ficar. fizemos um trabalho mais focado no prólogo, dizendo quem entra e em qual momento. por mais que não tenhamos marcado, nos próximo dias será a partir dessa estrutura que fixaremos o restante.

fizemos duas passadas da cena um, independente do prólogo. os meninos encontraram coisas ótimas, lugares até então não desbravados. o "abrir e fechar" das portas cria uma movimentação para a cena que não estamos conseguindo abandonar. está interessante. esses fluxos que não cessam, mas tão somente se coloquem, se impõem.

descobertas da nina quanto ao prólogo, no sentido de como lançar para o corpo uma ação, gesto ou forma de dar o texto que faz o corpo dizer ainda mais, de forma mais sincera e sensível. ela grita com o inácio e nisso a lágrima vem vindo.

tiramos algumas fotos do ensaio para usarmos na divulgação do 1º tempo_festival das artes.

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quarta-feira, 13 de julho de 2011

ensaio 50


12/07/11, unirio, sala 604
diogo, flávia, júlia, dominique, nina, marília, fred e vítor.

cheguei um pouco depois. coisas de quem é diabético. quando cheguei os meninos estavam jogando um jogo em que davam a fala (passando o lenço ao interlocutor direto). aproveitando as passagens para estudar o texto com os novos cortes (cenas 1 e 2).

o espaço estava bem reduzido, com limites feitos de tênis.

a júlia chegou e o trabalho sobre os figurinos foi até o fim do ensaio. cada um havia levado um punhado de roupas (sobretudo brancas, mas também algumas nas cores primárias). a júlia foi trocando peça de um com outro e deu nisso ai embaixo).


fotografei essa foto numa sala com paredes pretas. havia pinceladas de cor em cada um, ou em alguns. gosto do jogo com o branco porque descobrimos que no branco há mais brancos do que somente o branco. isso é sugestivo. essa profundeza que acorda apenas com um olhar persistente sobre o mesmo.

gosto, sobretudo, da cor da pele que salta dessa brancura toda. gosto da cor da pele. e de pensar que ela possa se alterar por conta da cena, da energia, dos estados e transbordamentos.

enquanto os meninos montavam essas composições (que serão usadas nos próximos ensaios), eu e flávia conversamos sobre tudo. sobre a nossa falta de história. sobre o porquê de repetirmos certas coisas que não deveriam mais ser repetidas. conversamos, sem saber, sobre como fazer diferença.

como?

eu pergunto a vocês, atores: neste espetáculo, por meio dele, que diferença vocês podem fazer? que diferença vocês querem fazer nascer?

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

ensaio 47

07/07/11, unirio, sala 301
diogo, marília, dominique, fred, vítor, flávia, nina, verônica machado e tamires nascimento.

LONGA CONVERSA DE UMA HORA E CATORZE MINUTOS.

PANO. com diogo e flávia.

PRIMEIRA CENA.

posições no espaço;

nas quatro cadeiras;

composição:

UMA PROPOSTA DE ESPAÇO
UMA PROPOSTA DE FIGURINO
DUAS PROPOSTAS DE ANDAMENTOS DIFERENTES PARA O TEXTO
UMA IMAGEM ESTÁTICA
UMA REVELAÇÃO
UMA LÁGRIMA
UMA RISADA
UMA REPETIÇÃO DO TEXTO
UM ESTRANHAMENTO COLETIVO

descrição da composição:

os meninos chegam bem vestidos. parece fazer frio onde estão. todos usam sapatos. e isso faz toda a diferença. as roupas são de cores fechadas, mas compostas. há sobreposições, cintos, cachecóis, camisas sobrepostas, meias expostas. no entanto, alguns pontos muito miúdos de cor super aparecem. por exemplo: um copo plástico vermelho que passa, sutilmente, de mão em mão (sem a obrigação de passar por todos). a mochila azul que a cecília usa. o detalhe da marca opção – vermelho – na calça de odilon. as cores todas aparecem muito quando não há cor no geral. eles se espremem dentro de um recorte retangular e pequeno feio com uma marca de uma fita crepe hoje já extinta. eles se movem sem sentido. eles se perfuram e atravessam, eles não conseguem ficar parados. mas ficam. mas voltam a se mover. apostas interessantes que dão ao texto outros significados. exemplo: na hora em que traz a pelúcia, cecília tira sua camisa e fica de sutiã. colocando a camisa estendida no chão. os meninos então saem de dentro da fita crepe e agora a área por ela demarcada vira justamente o espaço no qual eles não entram. é interessante o uso do andamento e da repetição. pequenas repetições de trechos grandes ou apenas um frase provocam de imediato uma intensificação da coisa dita. é também muito interessante o texto sendo derramado, literalmente, sem preocupação de que o sentido acompanhe o sair de toda a fala. não importa. num dado momento, é nítida a aposta num andamento mais lento, como se as palavras custassem a sair, eu poderia dizer como se fosse duro e penoso falar do que está sendo falado. mas eu não me lembro o que foi falado, apesar de conservar a sensação de estarem os cinco andando sobre cacos de vidro. lembro da bota da cecília pisando lenta no chão. os limites de crepe sendo confrontados. sobretudo, me lembro de quanta coisa além-texto foi expressada quando se percebe que há outros meios de expressão que não somente a fala. é o corpo, o olhar, o gesto, a expressão facial. eles têm intimidade e a intimidade escorre por todo o lugar. ser íntimo é ser invisível. em virtude do jogo, do se colocar em experiência, o texto por vezes se atualiza e isso é fundamental. falas mais ágeis por vezes funcionam melhor. frases mais lentas, só quando intencionalmente desenhadas dentro de uma proposta (pouco individual) mais coletiva também funcionam. experiência. excelente aproveitamento da composição para libertação dentro do texto. quando mais ele estiver firme e entendido, mas poderosa será a sua transformação, as alterações de tempo e intenção.

PREPARAÇÃO VOCAL. com verônica machado.

ganho de peso. densidade. dor. em todas as vozes.

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

ensaio 46

06/07, unirio, sala 602
diogo, flávia, vítor, marília, dominique, nina e fred

CAFÉ.

com muitas frutas (banana, maça, carambola, biscoitos e talz).

TEXTO.

os meninos passaram o texto uma vez, tentando não colar. é chegada a hora!

PANO. ao som de THE KILLERS e MUMFORD AND SONS e ARCTIC MONKEYS.

com as indicações realizadas no ensaio 44. o jogo mudou completamente. nunca ouvi tanto barulho de respiração, nunca os pés falaram tão alto. ao mesmo tempo – PARADOXO – o pano caiu bastante e a queda dos corpos foi na maioria das vezes relutante. o erguer-se de novo é impactante. cabe jogar a coisa como ela é. se sabemos a regra: pronto. não há motivos para driblar nada.

outra alquimia. a flávia indica que vocês podem ficar mais tempo com o pano nas mãos antes de passar para o outro. e então vemos um ballet acontecer. o pano envolve os rostos e as partes dos corpos. muitas quedas de pano nos momentos mais inacreditavelmente idiotas. rs.

profanação horrorosa. sorriso da marília. o sutiã da nina. os meninos jogando futebol. e a dominique arrumando a calça; enquanto eu e flávia, aqui de dentro-fora, estudamos a relação espacial.

louco. porque o jogo do pano sem o pano me faz pensar onde haveria o pano nas situações mais simples da vida?

o dia até deixou o sol sair.

Jessie J – WHO YOU ARE

CENA.

artificialidade. maneiras distintas de se expressar o conteúdo da cena. o que é importante deixar explícito a partir do texto da cena um – despedida do ideal?

fizemos algumas passadas no espaço, com indicações precisas sobre espaço e com indicações que não se detinham ao espaço, mas sim à velocidade do texto, ao andamento.

confesso: saio deste ensaio convicto de que o tempo da experiência posta em cena é UM para as personagens, para a ficção, e OUTRO para eu, espectador, que assiste a tudo isso. precisamos editar essa obra.

bom ensaio!