Flávia, como foi pedido vou colocar aqui os trechos de texto do Diogo que selecionei para a Composição. Trechos dos textos "Não Despaixonar" e "Farpa" inseridos na trajetória do Dia do Enterro.
"NÃO DESAPAIXONAR"
Impreciso
não se pode de imediato acreditar. Depois os olhos ficando assim confusos, foi natural que eu soubesse me controlar. E dentro, a imagem não parava de bailar./
Veio uma fraqueza por reconhecer-se falível, capaz de deixar escapar. Uma quase resignação por saber - e talvez mesmo aceitar - que sim, muitos amores eu iria perder. Muitos amores para serem amores precisariam se afastar. Restou um lenço me dizendo isso não acaba o seu amor, amor pode ser mesmo eterno./
Eu assim sou alguma coisa que parte. Nos olhos as lágrimas ficaram e dali se perderam em meio a outras ações.
como fosse entretenimento ajuda
um protesto
cara é melhor você ir se acostumando, não quer dizer não chorar, quer dizer apenas que não terás vida suficiente para freiar a morte, será preciso se acostumar, ir se treinando, mas não depaixonar. NÃO DESAPAIXONAR.
"Farpa"
(O cara do café)
Mas, o que é dor agora? A vida se resume em dor. Dor sem faca. Dor sem rasgo nem bala. Em dor tudo termina./
Em seguida, uma a uma, as meias foram deixando os pés que agora estavam despertos, respirando como seres anexos./
O sangue sai. Seja pela porta da farpa recém tirada. Ou pela memória de uma criança abandonada./
Na manhã de um domingo qualquer, o sangue sai como um café expresso. E o que resta é um corpo sujo e frio. E nada há mais.