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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

simultaneidade

tenho pensado muito nisso em relação às cenas. eu fiquei pensando, por exemplo, no meu aniversário do ano passado tinham várias pessoas reunidas no chão da minha sala. e várias conversas paralelas e eu fico pensando: a gente organiza tudo no teatro, né? nada pode passar despercebido. é uma necessidade tão grande a nossa de fazer sentido. de ser legível e amado e enfim... eu pensando aqui, como podem existir mil papos paralelos. quase como se a peça fosse editada por quem vê. mas não editada como christiane jatahy em corte seco, mas editada como a marília fez ontem no mc'donalds, ao nos dizer com os olhos semi-cerrados do esforço tamanho que precisava fazer para nos ouvir. então, eu estou pensando nisso. sei lá para quê, para onde. não importa. é bom pensar em vocês assim reunidos. daí, seguindo os pedidos da diretora, eu comecei a vasculhar meu blog pessoal para trazer a vocês alguns poemas, algumas coisas escritas, nas quais vocês pudessem ver um pouco do que eu escrevo e nisso, começarem a me ajudar a formatar essa escrita. a pensar sobre o que nela pode persistir, pode aumentar, pode piorar, melhorar, enfim... achei um poema então chamado SIMULTÂNEO. foi escrito para aquela amiga minha que eu perdi faz anos...

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simultâneo

você me escuta
através do céu aberto
eu tento

nos meus sonhos
escuto o atravessar
junto comigo
as coisas suas podem facilitar

ainda bem
estar onde estou
pode ser mais sorte
que amor

ninguém sabe o valor
da espera que esperei
importa eu saber
que a conquista fui em quem fiz

e nada mais faz sentido
porque o presente vive só
de incertezas

nada vale além do gesto tremido
do laço desbotado
do passo consumido

você me escuta
enquanto escuto eu você

recíproca entre nós é eternidade
eu te escuto porque você me invade
e juntos nos ruídos nos roemos destemidos
assim nos aceitamos

justo assim
sem entender
em que passo se opera
essa dança que não cansamos
de mover

que não cansamos
sem mesmo um porquê.
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