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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Nilton Bonder II e Hilda Hilst


A Arte de se salvar – Ensinamentos judaicos sobre o limite do fim e da tristeza; Nilton Bonder
O luto
                “O luto nada mais é do que a quarentena necessária para que estes “resíduos de cinismo” possam baixar, para que não venham a aderir e causar destruição na realidade do Amor. Todo aquele que penetra na realidade da Verdade deve ficar muito atento, a fim de perceber os níveis pelos quais contamina seu mundo do Amor. Isto porque a Verdade não depõe contra o Amor, em realidade, ela é o pano de fundo onde este se faz possível. A verdade depõe, outrossim, contra o mundo do controle – a compreensível, mas perigosa dimensão de esperar que a realidade possa ser reduzida apenas ao Amor.

Salvação
                A salvação, para a decepção de muitos, não será o mundo da ordem Malé (“aqui está a glória”), nem da ordem do controle e da consciência, nem um mundo composto unicamente pela realidade do Amor. Será, sim, o mundo onde existem as condições necessárias para que haja entrega. Uma realidade onde a entrega ativa será universalmente parte do comportamento humano – onde tudo que é oculto passará a ser velado.

Essa próxima estava anotada em uma pasta com o nome Recomeço.É da Hilda Hist.Achei apropriado colocar na sequência...
Hilda Hilst, “Do Desejo”

IX
Amor chagado, de púrpura, de desejo
Pontilhado.Volto à seiva de cordas
Da guitarra e recheio de sons o teu jazigo.
Volto empoeirada de vestígios, arvoredo de ouro
Do que fomos, gotas de sal na planície do olvido
Para reacender a tua fome.

Amor de sombras de ocasos e de ovelhas.
Volto como quem soma a vida inteira
A todos os outonos.Volto novíssima, incoerente
Cógnita
Como quem vê e escuta o cerne da semente
E da altura de dentro já lhe sabe o nome.

E reverdeço
No rosa de umas tangerinas
E nos azuis de todos os começos.