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quinta-feira, 24 de março de 2011

o cara do celular

“- Não, não tá nada bem. Tô puto com essa minha aparente serenidade. E controle. Eles acham que é riacho mas é tsunami, dessas bem violentas. Tô cansado de manipular as minhas próprias emoções.. não quero ter descaso com o que sinto aqui dentro. Não quero fazer rir toda hora nem ser forte o tempo todo. Parece que se eu desmontar todo mundo desmonta. Minha vontade é entrar lá agora e gritar bem alto que os Mutantes voltaram com Rita Lee e tudo só para ver o que acontece. Mas não posso. Eu tenho o controle. Aprendi que preciso manipular emoções corpo voz mente e íntimo. Corpo e voz. Articulação clara e precisão nos movimentos. Acreditei quando me disseram para ser científico com meu próprio peito. Não posso derramar uma única lágrima porque meu personagem só chora quando tá sozinho. Não quero ser suporte. Nem cínico. A insustentável leveza do ser. Ou não ser ? Eis a questão.”



"Até que viesse a mãe dela. Desamparada. Chorando não como quem chora, mas como quem pede – lágrima por lágrima – para morrer junto com a filha, como quem implora para ser levada, como quem clama a alguém que permita a ela doar sua própria vida para a filha. O choro da mãe feito desespero explícito da alma, feito sinfonia aguda e capaz de estourar ouvidos dos mais sensíveis. A mãe chegou trazendo consigo a certeza de que a dor seria desde já uma eternidade possível."