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sábado, 26 de março de 2011

Para o ENSAIO 06 - SEG.28/03

FRED - Não tá nada bem. Eu tô puto com esse meu controle. Eu não quero mais ter descaso com o que eu sinto, nem ser forte o tempo inteiro. Minha vontade agora é entrar lá e gritar bem alto que os Mutantes voltaram com a Rita Lee e tudo. Só para ver o que acontece. Mas não. Eu tenho controle. Só me parece que se eu desmoronar vai todo mundo junto comigo. Sorte a nossa que o meu personagem só chora quando tá sozinho. Porque eles tão achando que é riacho isso aqui, mas é tsunami, dessas bem violentas.

NINA - Meu celular tocou quando eu fazia compras na C&A. Olhei no visor e era ela. Desliguei, mas ele tocou de novo e eu atendi irritada, só que não era ela. Era a tia Anita, chorando. Naquele instante eu soube de tudo antes dela falar. Eu saí da loja enquanto ela falava os detalhes do enterro. Eu quase não disse nada, exceto que os meninos chegariam antes de mim. Eu entrei no carro e fui pra praia. Meu celular ficou ligado, se vocês ligassem eu estaria de pronto. Mas é que eu precisava tratar direto com o mar.

DOMINIQUE - E se eu tivesse falado sobre os sorrisos que ainda viriam? Ou que tudo aquilo não passava de uma simples crise adolescente? A gente não precisa compreender tudo, eu disse a ela, mas vamos viver tudo isso porque se não vivermos, então vale à pena estar vivo? Eu só estou pedindo que algumas horas voltem. E se eu tivesse dito menos? Ou mais? Se eu tivesse dito sim, que ela poderia tudo? Se eu tivesse trancado as janelas e passado o cadeado? Eu só queria que hoje fosse ontem de novo. Mas como é que se faz?

MARÍLIA - Eram 14h quando o Caco me ligou. Eu tava saindo de casa rumo ao cinema e de repente o tempo parou. Lembro que eu ainda pensei: a Lila não existe mais? E fui correndo em direção à capela. Fui cambaleando em direção ao seu corpo, eu precisava ver sua imagem mais uma vez. Sentir o que está e o que não está mais aqui. Onde será que você dança a esta hora da noite, camaleoa? Rapte-me. Eu te peço. Adapte-me a uma vida boa.

VÍTOR - Eu sinto você aqui. Com energias positivas. Não acabou. Quando eu sair daqui eu vou direto fazer o que a gente combinou, o que a gente se prometeu. Gosto de você. Todo dia, todo dia, todo dia eu penso em ti. Lá da minha janela eu tenho delírios, escutando a sua voz cantando em serenata, em sonho: Babaloo é Califórnia, Califórnia é Babaloo.

Tarefa: trabalharemos com a apropriação da fala do outro. O objetivo é tomar a fala como se fosse sua, como se as questões dela fossem suas. Não podemos ver o esforço em fazê-las caber em suas bocas. Elas - as falas - nasceram de vocês.
DOMINIQUE - apropriação da fala do VÍTOR - apropriação da fala da NINA - apropriação da fala da MARÍLIA - apropriação da fala do FRED - apropriação da fala da Dominique.
Atenção! Façam os devidos ajustes do feminino para o masculino ou vice-e-versa. Tipo: Marília ao falar a fala do Fred não precisa dizer "Eu tô puto", mas sim "Eu tô puta"...
Decorem para segunda e analisem um pouco a edição que eu fiz nas suas falas.