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quinta-feira, 12 de maio de 2011

O encontro na Perinatal de Laranjeiras

Já faziam três anos que havíamos nos formado.Eu e Caco tinhamos acabado de chegar da temporada em Santos.Estava de volta ao Rio,louca para retomar a rotina com os antigos amigos.A gente sempre com essa mania de fixar uma lembrança.Tinha a sensação de que poderia voltar a ter exatamente a mesma rotina de antes.Quando cheguei liguei para todos,tinhamos combinado de nos encontrarmos no mesmo local de sempre: no bar Urca,tomar uma cervejinha,um refresco e comer uma empada enquanto viamos o por do sol.O combinado era estar lá umas 17hrs, mas às 15hrs o Inácio ligou dizendo que a Marcinha tinha tido bebê e acabamos nos reencontrando na Perinatal de Laranjeiras mesmo.

A Marcinha era uma amiga do curso de artes plásticas da Lilla.Era meio hippie e estava sempre nas festinhas na casa do Inácio.Cheguei com um buquê de copos de leite e encontrei Lilla e Inácio ao lado da cama.Inácio estava mais bem arrumado que nunca com um lindo terno Armani cor de chumbo e Lilla,sempre descolada,tinha pintado o cabelo de abóbora.Nos abraçamos os três por uns 10min.Faziam 8 meses que não nos víamos,só conversando por e-mail.Foi até chato, porque fizemos mais alarde por nos vermos do que por conhecer o bebê da Marcinha.Aliás,uma menina linda,gorducha,cabeluda,chamada Luar.Coitada.Enfim,coisas da Marcinha.

Logo chegou Andréia,Odilon e por último Cecília.Eram os mesmos,mas com algo diferente.
Ficamos ali umas 2 horas e Andréia sugeriu que fossemos ao café de uma amiga dela ali nas redondezas,o café Maya.Passamos o resto da noite lá.Andréia já tinha saído da casa dos pais e morava em nova residência no Leme,mais próxima de seu novo emprego como chef do La Fiorentina.Inácio ia de vento em popa como gerente da filial da Fast Shop no Rio.Odilon trabalhava no caderno Morar Bem do jornal O Globo,mas sempre sonhando com uma vaga de repórter em um daqueles programas de viagens pelo mundo.Lilla tinha conseguido expor um de seus trabalhos na galeria Fortes Vilaça em São Paulo, um vidro de perfume antigo com pregos enferrujados e água dentro.E Cecília estava prestes a defender seu mestrado em ciências sociais.Eu?Eu estava de volta,com Caco,no Rio,continuava vendendo natura,agora teria que tentar retomar a minha clientela no Rio...Estava ali tomando chá.Estava ali, a procura de algo que ainda não tinha nem nome.Vontade de ir a outra festa na casa do Inácio,tomar alguma coisa que não fosse chá...Não, martini,nunca mais tomei.Depois daquele porre na casa do Oscar nunca mais pude nem sentir o cheiro.Que vergonha,vomitar na porta do banheiro e aparecer no hospital mostrando minha calcinha de oncinha pra todo mundo,gritando:quem é amigo da onça?Arghhgh(barulho de onça...)kkkk...Caco me fez sentir a pior mulher do mundo quando foi me buscar.Nem quero lembrar.Nunca mais tomei glicose na veia.

Eu ali com vocês achando que ia ser tudo igual...Tava tudo assim tão diferente...eu achando que iriamos dar festas no Inácio pra sempre,mas o pra sempre, sempre acaba.Como me lembraria Odilon.

Todo mundo cresceu e eu não sabia mais onde eu estava.Meu conforto era pensar que o que quer que acontecesse eu estava bem,pois estávamos todos juntos.Eu tinha chão.Eu tinha todos vocês.

Mas o pra sempre,sempre acaba...