Como estamos? Em processo, naturalmente. Muito já solidificado, muito já conquistado, criado e testado. Porém, enquanto a dramaturgia não chegar, enquanto eu ou Flávia não dissermos amados, essa é nossa primeira cena, nada parecerá fazer sentido. Mas é preciso persistir.
O corpo de vocês a cada ensaio constrói tudo aquilo que a dramaturgia enrola para dar a vocês. O corpo querendo fazer o sentido que o discurso de cada personagem parece ser. Eu aqui hoje escrevendo isso eu sei lá para quê. É só que me veio a vontade de reconhecer o quanto estamos intensos e trabalhadores.
Sim, já se foram 30 ensaios. É muita coisa. Já fiz peça com 30 ensaios. Mas COMO CAVALGAR UM DRAGÃO é um projeto obstinado, projeto inédito e incapaz de seguir o que já foi feito. Precisamos sempre mais e mais e nisso, na repetição, aprendemos todo o lance.
Eu aqui escrevendo essas palavras e não nossa cena. É que eu sinto, eu sei, ela virá plena, basta estarmos como estamos que a coisa toda acontecerá. São muitos jogos ao mesmo tempo. O do texto, o da cena, o jogo do ensaio, o jogo da produção, das pautas e de tantas pessoalidades (em jogo).
Investimos na dificuldade, na aridez, mas é preciso dizer: a coisa vai começar a ficar divertida. Não que não estivesse, mas vai, quando os limites estiverem ainda mais claros, ou seja, quando tivermos um texto para levantar, a coisa toda tende a ser mais interessante.
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Fita-Crepe.