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domingo, 28 de novembro de 2010

Palavras sobre o encontro inventado.

Eu dancei porque não consegui falar "dor". Porque não nos reconheci ali, não reconheci as frases, os sons. Não acreditei em nenhuma verdade inventada para camuflar os buracos. O buraco que fica no peito, na mesa, no bolo. O buraco do que não se pode apalpar. E, também, porque me senti egoísta quando vocês falaram ser a escolha dela a melhor, e achei absurdo vocês não conseguirem ser egoístas para que ela ficasse mais uns dias conosco, ou resistisse e se reinventasse. Não se pode ser leviano. Não consigo desculpá-la, desculpem-me. Dói. Vai doer e eu nem consigo chorar. Por isso chorei com o corpo. Para inventar um preenchimento. Para criar algum espaço que não só palavra, para dizer "dói". E a gente nem conseguiu reinventer uma forma de existir depois disso tudo. Porque eu posso me ficcionar ( e a gente faz isso o tempo todo não é) e passar sorrindo e dançando. Eu só podia dançar ali, era  a única forma de existir ali, entre vocês. Porque estar com vocês me faz lembrar que não estou com ela. E dói mais. Mas não nos deixemos, por favor. Mesmo que eu fique dançando sem dizer nada. Estou encontrando formas. De repente, no próximo encontro, que nem marquei em minha agenda ainda,eu pinte um quadro. Depois eu cante, no outro eu medite, ou eu entenda e fale tudo. Estou aprendendo a lidar com a ausência.
Obrigada pelo café, pelo bolo, pelo sorriso, pelo encontro.
Abraços.
Até.